Autora
Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br
Em função da importância econômica e da necessidade do aumento na produtividade e qualidade do produto final, novas tecnologias vêm sendo pesquisadas e adotadas pelos produtores. Entre as opções está o uso das algas marinhas.
No mercado de insumos agrícolas existem opções de produtos contendo algas marinhas, principalmente os extratos de Ascophylum nodosum e de Ecklonia máxima, que são extremamente bioativos.
Ambas contam com sais minerais, como macro e micronutrientes, e teores apreciáveis de vitaminas A, do complexo B, C, D e E, de glicoproteínas, aminoácidos, citocininas (reguladores vegetais, atuando na divisão celular e na síntese de proteínas).
São, também, fontes de antioxidantes, o que mantém a integridade das membranas celulares (que protegem as células das toxinas que ela própria produz naturalmente ou em resposta ao estresse); e estimulam os mecanismos de defesa natural das plantas, tornando-as mais resistentes aos ataques de pragas e doenças.
Além disso, são fontes de betaínas, giberelinas, ácido abscísico, ácido jasmônico, poliaminas e alginatos, o que confere estímulo ao desenvolvimento e produção vegetal e maior resistência aos fatores bióticos e abióticos.
Versatilidade
Outra opção no mercado agrícola são as algas calcárias (Lithothamnium calcareum), que são ricas em cálcio e contribuem para o melhoramento físico, químico e biológico do solo, possuem ação corretiva de acidez do solo, melhorando a assimilação dos elementos fertilizantes, assim como aumentam a atividade biológica dos microrganismos neste ambiente, disponibilizando fósforo e ativando o desenvolvimento de bactérias autotróficas, responsáveis pelo processo de nitrificação.
Tais organismos são seres fossilizados e podem apresentar até 46% de CaO, 4,2% de MgO, reatividade de 99% e PRNT de 92,6%, além de rápida ação na liberação do cálcio e magnésio e na correção da acidez e no condicionamento do solo.
Ainda, tais organismos são ricos em outros nutrientes de plantas e de bioestimulantes naturais. Levam consigo uma rica fauna marinha que muito vai contribuir para a vida microbiológica do solo agindo, inclusive, na decomposição da matéria orgânica.
Algas x calcário
Apesar das algas calcárias serem um corretivo de acidez superior ao calcário convencional, o uso mais indicado é como fertilizante, pois compõem-se de macro e micronutrientes, como o cálcio, magnésio, enxofre, ferro, molibdênio, boro, cloro, manganês, cobre, cobalto e zinco.
São, ainda, fontes de silício, um elemento benéfico que reforça a estrutura da planta, tornando-a mais resistente às pragas e doenças, ao acamamento e à falta de água, por exemplo. Contêm fitormônios, vitaminas e aminoácidos em sua composição.
Além disso, e como já se apontou, as algas marinhas melhoram a atividade microbiológica do solo. Todos estes fatores propiciam que as plantas tratadas com tal insumo sejam mais resistentes e produtivas.
Para o mamão
Porém, como empregar as algas marinhas no cultivo de mamoeiro? As possibilidades são diversas. Por exemplo, na formação de mudas, pode-se adicionar ao substrato os extratos de algas marinhas.
Como tais extratos são ricos em citocininas e auxinas, o desenvolvimento radicular será estimulado, o que proporcionará melhor aproveitamento da água e dos nutrientes.
Outra opção é aplicar o produto via foliar, irrigação ou via “drench”, principalmente quando as mudas estiverem para serem transferidas ao campo. As mudas serão mais resistentes e haverá menor necessidade de replante.
Na instalação do pomar, também é ocasião de aplicar formulados com algas. Tal uso fará com que as mudas se adaptem melhor ao campo, e o enraizamento será estimulado.
O uso no ciclo todo da planta tornará o desenvolvimento mais rápido e as plantas serão mais resistentes à seca e ao ataque de pragas e doenças.
Uma opção de uso é no pré-florescimento, o que contribuirá para formar mais flores, facilitará o pegamento dos frutos e o seu enchimento.
Em detalhes
As doses a aplicar e a forma de aplicação dependem do produto a escolher. Há indicações de se empregar 400 g por planta no plantio e 300 g por planta em cobertura (pré-florescimento). Outra sugestão é pulverizar as plantas, quinzenalmente, empregando-se 10 mL.
Resultados reais
Agora, qual o motivo dos possíveis resultados com o emprego dos formulados contendo algas? Imaginemos na formação de mudas: para formação das raízes e da parte aérea, há a formação de novas células e os hormônios que as algas contêm estimulam a divisão celular, promovendo a formação de raízes e parte aérea mais vigorosas.
Há, também, a contribuição dos nutrientes minerais, dos aminoácidos e do alginato, que proporcionarão melhores condições para o desenvolvimento das mudas.
No plantio no campo, os hormônios naturais presentes no produto estimularão o desenvolvimento das novas raízes, contribuindo para o enraizamento e fixação das plantas ao meio. Ainda, outros constituintes contribuirão para o melhor desenvolvimento das plantas: o alginato melhora a disponibilidade de água e os aminoácidos estimulam o desenvolvimento, sem contar com os macros e micronutrientes presentes.
O uso pré-florescimento é interessante, pois na formação de flores, na formação e pegamento do fruto a divisão celular é muito intensa. Os nutrientes e as auxinas e citocininas presentes nas algas favorecem e estimulam tal processo.