José Geraldo MAGESTE
Engenheiro florestal, Ph.D, professor de Solos e Nutrição de Plantas e Sistemas Agroflorestais(SAF´s) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
 Fernando Simoni Bacilieri
Ernane Miranda Lemes
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitopatologia Florestal – ICIAG-UFU
Na região centro-sul do Brasil ocorre uma árvore de crescimento muito rápido (maior que o eucalipto) e tronco retilÃneo, que facilmente alcança até 25 metros de altura, com até 40 cm de DAP (Diâmetro à Altura do Peito). Na primavera apresenta flores amarelas de singular beleza.
Sua madeira é facilmente trabalhável, seja para fabricação de paletes ou para caixotaria de maneira geral, além de colmeias. Nesta região ocorre o Schizolobiumparayba, também conhecido moeda ou tento (porque suas sementes são usadas para marcar jogos de truco).
Seu primo que ocorre e é intensamente cultivado na região Amazônica é conhecido como paricá, com nome cientÃfico semelhante, Schizolobiumamazonicum, Herb. da família Caesalpinaceae.
Ambos possuem morfologia semelhante emadeira com elevada cotação no mercado interno e externo. O segundo vem sendo bastante cultivado por empresas madeireiras da região norte e nordeste do País, principalmente nos Estados do Pará e Maranhão.
Levantamento econômico
O último levantamento realizado pelo IBGE, em 2012, estimou que o Brasil está cultivando em torno de 160.213 ha de paricá, mas neste momento a estimativa de área plantada é de cerca de 80.000 hectares somente no Pará, em sua maioria nos municípios de Dom Eliseu e Paragominas.
A evolução do paricá para reflorestamento no Estado do Pará se situa em Ãndices de 18%, segundo Lentini (2005). A busca pela flexibilização da legislação e ampliação de linhas de crédito possibilitarão o aumento das áreas reflorestadas com o paricá naquele Estado.
Ultimamente vêm sendo implantados povoamentos também em Minas Gerais (Triângulo Mineiro), São Paulo e Goiás.
Características e vantagens de produzir paricá
O paricá, árvore de 20 a 30 m de altura e com tronco de até 80 cm diâmetro, ocorre em todo o Brasil, com exceção da região sul. Na floresta Amazônica está presente na mata primária e secundária de terra firme e várzea alta dos Estados de Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso, apresentando crescimento excessivamente rápido.
Sua madeira possui coloração branco-amarelo-claro, às vezes com tonalidade róseo-pálida. A sua superfície é sedosa e lisa, mais ou menos lustrosa, sendo muito utilizada na fabricação de forros, palitos e papel (Trindade et al., 1999).
O paricá apresenta rápido desenvolvimento em altura e em diâmetro e, por isso, está incluÃdo na seleção de espécies de leguminosas para consórcios agroflorestais na Amazônia. O fato de ser uma leguminosa o torna bastante atrativo para cultivo em solos pobres, já que fixa nitrogênio do ar.
Muitos engenheiros florestais que trabalham com melhoramento florestal afirmam que se tivesse acontecido o mesmo esforço cientÃfico para o cultivo desta espécie (pesquisas em melhoramento genético, nutrição, silvicultura, proteção), nós serÃamos os maiores cultivadores mundiais dela, e não do eucalipto. Ela facilmente pode substituir o eucalipto para produção de celulose e papel, além de muitos outros empregos.
Investimento
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O custo médio para implantação e condução de um povoamento deparicá pode variar conforme a região do País, bem como as técnicas de preparo de solo e os tratos silviculturais adotados. De maneira geral, durante os quatro primeiros anos, no espaçamento de 04 x 04 m, no município de Dom Eliseu, o custo é cerca de R$ 4,30 por planta, correspondente a R$ 2.862,505 por hectare.
Existem relatos de que o custo médio de implantação e condução, durante quatro anos de um hectare de paricá no espaçamento 3,5 x 3,5 m, na microrregião Guamá (PA), foi de R$ 3.191,15. Nesta região existe escassez de mão de obra e o controle de plantas competidoras deve ser intenso, principalmente no primeiro ano. A urocloa, normalmente chamada de brachiária, tem capacidade imensa de promover o “abafamento“ das mudas.
Manejo florestal
A espécie se adapta bem ao clima equatorial semi-úmido, caracterizado por uma estação seca e outra chuvosa bem definidas, com pluviosidade predominantemente entre 1.500 e 2.000 mm/ano.
O desenvolvimento das plantas é fortemente influenciado pela estação do ano, em que a ocorrência das chuvas impulsiona uma explosão de crescimento acentuada, no entanto, a espécie não tolera solos alagados.