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Aminoácidos no manejo de pragas e doenças das lavouras

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

ferbacilieri@zipmail.com.br

Paulo Victor de Oliveira Realino

Engenheiro agrônomo e mestrando em Produção Vegetal pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)

paulorealino.agro@gmail.com

Crédito Fernando Hercos Valicente
Crédito Fernando Hercos Valicente

Existem claras evidências sobre a influência do estado nutricional da planta nos mecanismos de defesa contra doenças causadas por fungos ou bactérias e contra o ataque de pragas. As deficiências e desequilíbrios nutricionais provocam mudanças morfológicas e bioquímicas na planta, podendo tornar certos materiais genéticos mais suscetíveis.

A nutrição mineral das plantas pode afetar a suscetibilidade e causar variações nos mecanismos bioquímicos e nas estruturas de defesa, além de influenciar nas reservas de alimento disponíveis aos patógenos.

Os aminoácidos estão envolvidos direta ou indiretamente nos mecanismos de defesa com funções estruturais, como componentes integrais das células e das membranas, ou em funções bioquímicas, como atividade de enzimas antioxidantes, precursores de ativadores, inibidores e reguladores do metabolismo.

Uma função já conhecida dos aminoácidos é o efeito quelatizante ou complexante de elementos catiônicos, favorecendo assim a absorção foliar destes nutrientes. A adubação foliar está entre as várias maneiras de fornecer aminoácidos às plantas, sendo, muitas vezes, uma alternativa eficiente para a solução de problemas específicos.

Nutrição essencial

Dentre os nutrientes citados na literatura científica, o potássio (K) apresenta consistentes resultados positivos na redução da incidência de pragas e doenças. Além do K, o fósforo (P) está envolvido na formação de uma série de compostos celulares e em processos metabólicos de vital importância para a planta. Tem ação variável na resistência às doenças, ainda que não seja muito evidente, mas sabe-se que o maior vigor das plantas com níveis adequados de P permite que elas superem as doenças, pois membranas celulares de plantas deficientes em P deixam vazar metabólitos para fungos invasores.

Os micronutrientes também podem ter sua absorção potencializada por aminoácidos e contribuir com a proteção das plantas como, por exemplo, o manganês, que apresenta efeito positivo na produção de lignina, formando uma barreira física que dificulta a infecção de alguns patógenos.

O zinco e o boro atuam na manutenção da integridade de membranas, evitando a exudação de compostos que estimulam a proliferação de patógenos. Cobre, zinco e manganês podem agir induzindo a produção de substâncias fungicidas e bactericidas, funcionando como barreira bioquímica.

Quando associados aos agroquímicos, os aminoácidos podem aumentar a permeabilidade da cutícula das folhas, que é a primeira barreira química para substâncias sistêmicas. Dessa forma, uma maior quantidade dos produtos pode ser absorvida pelas plantas e a eficiência de inseticidas e fungicidas pode ser melhorada.

Cuidado!

Para a otimização do controle de pragas e doenças se fazem necessárias medidas que aumentem as defesas das plantasem conjunto com um manejo cultural que dificulte a formação de ambientes propícios ao desenvolvimento de pragas e doenças e quepotencialize o efeito do controle químico.

A utilização de variedades resistentes ou tolerantes também é uma importante medida de manejo. Quando as plantas estão sendo atacadas, o controle químico ainda é o principal método de controle para garantir o sucesso das lavouras, e por isso a redução da aplicação de fungicidas e inseticidas ou substituição destes por outros produtos, como fertilizantes foliares e aminoácidos, não é recomendada.

Recomendações

As possibilidades de uso de produtos que apresentem aminoácidos em suas formulações são variadas. Os agricultores devem considerar a composição, a origem dos produtos, o objetivo da adoção desta tecnologia e a necessidade das lavoura sem cada fase fenológica de seu desenvolvimento.

No tratamento de sementes, os aminoácidos podem promover maior vigor e enraizamento inicial das plantas, permitindo que estas saiam mais rapidamente de condições favoráveis ao ataque de pragas e doenças de solo.

Já no período vegetativo, como o crescimento é intenso, os aminoácidos são fonte de energia para as plantas crescerem vigorosamente. No início do período reprodutivo a maioria das culturas fica mais suscetível ao ataque de pragas e doenças. Portanto, se elas estiverem com bom equilíbrio nutricional, os danos podem reduzidos.

Além disso, aminoácidos são ferramentas para prevenção e recuperação de estresse de origem biótica ou abiótica e podem ser utilizados com nutrientes e agroquímicos.

Entre as principais vantagens da utilização dos aminoácidos na agricultura, merece destaque o baixo custo relativo da matéria-prima, melhoria do estado nutricional das plantas, sobretudo nos estádios de maior aumento da atividade metabólica, quando a aplicação do produto representa um fornecimento suplementar de nutrientes devido à absorção mais rápida, além de ser uma fonte de nitrogênio prontamente assimilável.

Embora haja muita controvérsia sobre os reais efeitos dos aminoácidos nas plantas, trabalhos demonstram que estes compostos possuem efeitos positivos sobre a produtividade e a qualidade das culturas.

Essa matéria você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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