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Trichoderma no controle da murcha de fusarium em maracujá

Fotos Alexei Dianese
Fotos Alexei Dianese

Existem dois tipos de murcha, causadas porfungos do gêneroFusarium, que atacam o maracujazeiro. Alexei De Campos Dianese, pesquisador e fitopatologista da Embrapa Cerrados, explica que há a murcha propriamente dita, causada por Fusariumoxysporum, e a podridão do pé ou podridão da raiz, causada por Fusariumsolani.

Sintomas

Os sintomas na parte aérea causados pelos dois fungos são muito similares. As folhas, em plantas atacadas, passam a ter uma coloração verde-fosca ou verde-amarelada, curva-se o limbo para cima formando canaletas e posteriormente murcham, secam e permanecem aderidas à planta.

Já na raiz ou no terço inferior do caule, o Fusariumoxysporum causa escurecimento dos tecidos internos, o que pode ser verificadoretirando a casca.“Isso porque o fungo penetra pela raiz ecoloniza os vasos que transportam água, sais minerais e nutrientes, causando seucolapso e matando a planta de ‘sede’“, justifica Alexei Dianese, acrescentando que, por mais que seja disponibilizada água para a planta, não haverá aproveitamento.

Já a podridão causada por FusariumSolani faz com que o terço inferior do caule apresente rachaduras longitudinais. Os tecidos internos também escurecem, mas, além disso,há o anelamento do colo da planta, região mais próxima ao solo. A casca morta se solta com facilidade.

De acordo com o pesquisador, ambas as doenças, quando ocorrem em pomar comercial, podem causar a perda total da área. A murcha causada por Fusariumoxysporum é mais comum em pomares instalados em solos arenosos, enquanto F. solani é mais frequente em solos argilosos e mal drenados.

“Mas isso não quer dizer que um não pode ocorrer onde o outro ocorre. Ambos podem causar perdas do pomar inteiro.Se ocorrer o plantio contínuo de maracujazeiros em área com histórico de murcha, isso pode acarretar na inviabilização da cultura no local.“, alerta Alexei Dianese.

 

Controle biológico

A eficácia docontrole biológico ainda é uma incógnita, poisse trata de um organismo vivo, que precisa colonizar e multiplicar-se naplanta ou no solo onde é aplicado, para se obter bons resultados. “Se o agente biológico não conseguir sobreviver e se multiplicar, não será eficiente.Em vários casos, o produto tem um bom desempenho no laboratório, que é um ambiente onde as condições podem ser controladas,mas não apresenta a mesma eficiência quando testado a campo, em que vários fatores podem ter influência, como: organismos vivos presentes no solo, temperatura, pH, umidade e tipo de solo. Os resultados também podem variar de região para região, dependendo também do tipo de manejo da área, e das condições ambientais“, analisa o pesquisador.

Muitos estudos estão sendo realizados utilizando o Trichoderma para o controle de fusariose no maracujazeiro. “Na Colômbia existem relatos sobre a aplicação de Trichodermaem mudas ainda no viveiro, antes do plantio, o que ajudou a reduzir a ocorrência da murcha em 50%“, aponta Alexei Dianese.

A planta murcha e seca - Fotos Alexei Dianese
A planta murcha e seca – Fotos Alexei Dianese

Manejo eficiente

Em termos de manejo, Alexei Dianeseafirma que existem recomendações preventivas para a murcha do maracujazeiro, como instalar os pomares em solos que não são sujeitos a encharcamento,onde o manejo da irrigação pode ser feito de forma adequada. “O ideal é que o solo da área escolhidapara o pomar tenha boa drenagem, não empoce, mesmo ocorrendo chuvas fortes. Plantar as mudas em camalhão(topo da cova) também é muito importante. Fazer vistorias semanais no pomar também é essencial e, se encontrar uma planta com sintomas de murcha retirá-la imediatamente, assim como as duas plantas ao seu lado, mesmo que não possuam os sintomas, para evitar que a doença se espalhe“, ensina.

O especialista diz que é muito comum machucar o caule da planta do maracujá no momento da capina, o que facilita a penetração do fungo no tecido, causando a doença.

É igualmente importante combater pragas como cupins e formigas, principalmente o primeiro, que ataca as raízes e deixa a “porta aberta“ para os patógenos. “O manejo deve ser preventivo.Quem usa irrigação por gotejo, por exemplo, deve tomar cuidado para não colocar o gotejador muito próximo ao pé da planta e encharcar demais o local“, recomenda o pesquisador.

 

Fique de olho

O problema com a murcha do maracujazeiro é muito sério. “No Distrito Federal já visitei pomares em que o produtor perdeu 100% da área plantada.O maracujazeiro é semi-perene, e um pomar deve durar, no mínimo,de dois a três anos, antes de ser renovado. No caso citado anteriormente, o produtor perdeu, no primeiro ano, 50% da área. Replantou e no segundo ano perdeu tudo. Isso porque oFusarium consegue sobreviver em restos culturais, como pedaços de raízes que ficam no solo.Além disso, o fungo tem estruturas de resistência, que permanecem dormentes no solo quando a condição ambiental não lhe favorece, ou não tem planta hospedeira.Quando as condições voltam a favorecer o patógeno, essas estruturas que estavam dormentes germinam, e o fungo volta a colonizar o solo e a planta hospedeira“, alerta Alexei Dianese.

Ainda segundo ele, se por alguns anos forem cultivadas plantas não hospedeiras, a tendência é que oinóculo diminua, pois, por exemplo, as estruturas de resistência do patógeno podem sofrer parasitismo por outros organismos habitantes do solo.A rotação de culturas, nesse caso,é essencial, pois aumenta a diversidade biológica do solo.

Essa matéria você encontra na edição de março 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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