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Doenças do maracujá – Controle da bacteriose é urgente

Ivan Herman Fischer

ihfische@apta.sp.gov.br

Rosemary M. de Almeida Bertani

Doutores e pesquisadores científicos da APTA/Polo Centro-Oeste

Sueellen Pereira da Silva

Mestranda ” FCA/UNESP

 

CréditoFischer, I.H
CréditoFischer, I.H

A bacteriose, ou mancha bacteriana, causada por Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae foi constatada no Brasil em 1967, em cultivos comerciais paulistas e, atualmente, ocorre em todas as regiões produtoras do País, sendo considerada uma das mais importantes doenças na cultura, podendo tornar-se fator limitante da produção em períodos de clima quente e chuvoso.

Outras bactérias já foram relatadas causando doenças em maracujazeiro ao redor do mundo, sendo consideradas pouco importantes ou ainda não encontradas, causando doenças à cultura no Brasil.

Sintomas

Os sintomas foliares da mancha bacteriana iniciam-se na forma de pequenas manchas de cor verde-escura e aspecto encharcado, podendo ocorrer um halo amarelo circundando as lesões.

Sob condições favoráveis, as lesões aumentam de tamanho, adquirem coloração marrom, podem coalescer e atingir todo o limbo foliar, ocasionando seca e queda das folhas. Ocorre, ainda, o avanço da infecção por meio das nervuras, podendo atingir os feixes vasculares dos pecíolos e ramos, provocando caneluras longitudinais e a seca destes órgãos, o que reduz a frutificação e pode até causar a morte da planta.

Nos frutos, as lesões são de cor verde-escura a pardacenta, oleosas, circulares ou irregulares, com margens bem definidas. Exsudatos bacterianos, quando secos, formam uma crosta dura sobre as lesões. Essas manchas comprometem a aparência dos frutos, inviabilizando a sua comercialização para o mercado de mesa, e podem aprofundar-se até a polpa do fruto, contaminando as sementes.

CréditoFischer, I.H
CréditoFischer, I.H

Prevenção x cura

O manejo deve ser preventivo, por meio da utilização de sementes/mudas sadias, oriundas de frutos sem sintomas de bacteriose, preferencialmente de pomares sem a doença. A termoterapia das sementes em água, a 50á´¼C, por 15 minutos é eficiente em eliminar o patógeno, sem afetar a germinação.

Preconiza-se utilizar quebra-ventos no pomar; evitar o manuseio das plantas durante o período de orvalho; adotar uma adubação com base em análise química do solo, evitando-se o excesso de nitrogênio e o replantio do maracujazeiro por pelo menos dois anos em área contaminada.

Realizar pulverizações preventivas de hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, oxicloreto de cobre + mancozebe ou casugamicina, visando evitar a ocorrência da doença ou reduzir a sua intensidade no pomar. Esses defensivos possuem ação preventiva, atuando antes da infecção da bactéria na planta, não havendo disponibilidade de defensivos eficientes com ação curativa.

Entretanto, ressalta-se que até o momento apenas o fungicida hidróxido de cobre e o bactericida-fungicida casugamicina são registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura do maracujazeiro.

O sucesso no manejo da doença é maior com as pulverizações realizadas no início dos sintomas - Crédito Shutterstock
O sucesso no manejo da doença é maior com as pulverizações realizadas no início dos sintomas – Crédito Shutterstock

Dicas

A erradicação das porções vegetais doentes na planta, assim como as folhas sintomáticas caídas no chão, pode ajudar a reduzir a epidemia, principalmente no início de sua ocorrência, atentando-se para a desinfestação das ferramentas de poda com produto de ação bactericida, como o hipoclorito de sódio ou amônia quaternária.

A variabilidade no germoplasma de Passiflora spp., com relados de resistência à bacteriose em espécies selvagens de maracujazeiro e menor suscetibilidade de alguns genótipos de maracujazeiro amarelo, indica a possibilidade de obtenção de materiais comerciais resistentes à doença por meio dos programas de melhoramento, entretanto, até o momento as variedades disponíveis são suscetíveis à doença.

 

Manejo

Após a constatação da doença no pomar ou nos pomares vizinhos, realizar aplicações semanais de hidróxido de cobre (01 ” 02 g de ingrediente ativo/L de calda), alternando as pulverizações com casugamicina (0,06 g de i.a./L).

Em baixa ocorrência da doença e condições ambientais pouco favoráveis à epidemia, como ausência de chuvas e pouco orvalho, as pulverizações podem ser quinzenais.

Deve evitar o manuseio das plantas durante o orvalho - Crédito Shutterstock
Deve evitar o manuseio das plantas durante o orvalho – Crédito Shutterstock

Eficácia

A eficiência das pulverizações preventivas no manejo da doença é variável em função da intensidade de ocorrência da doença no início das pulverizações e em função das condições ambientais serem favoráveis ou não ao desenvolvimento da doença.

A doença é mais severa sob altas temperaturas e umidade, quando o período de incubação é menor, geralmente de cinco a 10 dias. As chances de sucesso no manejo da doença serão maiores com as pulverizações sendo realizadas no início dos sintomas no pomar, realizando concomitantemente a retirada das folhas doentes na planta e caídas no chão.

Entretanto, sob condições muito favoráveis à doença, como chuvas frequentes, o controle torna-se muito difícil, deixando de ser eficiente mesmo reduzindo o intervalo de pulverizações, pois os defensivos são lavados com a chuva e a bactéria dissemina-se dentro da lavoura principalmente por meio de respingos de água de chuva, associados ao vento.

Portanto, todo cuidado é pouco!

Essa matéria você encontra na edição de maio 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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