As perdas em produtividade das culturas agrícolas são estimadas pela Céleres em 6% para a soja (atingindo 2,8 t/ha na média nacional) e 5% para o milho safra de verão (5 t/ha). “Para o algodão, nós da Céleres mantemos a estimativa de produtividade, visto que não há perdas significativas em função do clima até o momento“, avalia Aline Barrozo Ferro, analisa de Agronegócios da Céleres Consultoria. Enquanto isso, o café não teve a mesma sorte. A Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, estimou que a severa seca que atingiu suas áreas produtoras deve causar perdas de 30% em relação à safra esperada para 2014. “Antes da seca, a cooperativa previa uma safra de 10 milhões de sacas nas regiões em que atua“, diz o presidente da instituição, Carlos Paulino da Costa. A Cooxupé atua predominantemente no sul de Minas Gerais, estado que responde por cerca de metade da safra nacional.
Como a seca pode comprometer a safrinha – Em termos de produtividade, não houve danos expressivos em função da seca para a produção da safra de inverno até o momento. Por outro lado, o que vem atrapalhando o desenvolvimento da safra em algumas regiões são as chuvas intensas. No Mato Grosso, citado como exemplo por Aline Ferro, o excesso de chuvas desde o final de fevereiro atrapalhou a colheita da soja e atrasou o plantio do milho de inverno. “Caso as condições climáticas continuem desfavorecendo as atividades no campo, pode ser que o deslocamento da janela de plantio prejudique a produtividade, uma vez que a quantidade de chuvas tende a ser menor nos próximos meses, afetando o desenvolvimento da planta“, considera. É válido observar, contudo, que já existe uma expectativa de redução do potencial produtivo da safra de inverno devido aos menores investimentos tecnológicos dos produtores neste ano, desestimulados pelos preços mais baixos recebidos na temporada passada.
Prejuízos à qualidade do grão – Em parte, a seca trouxe prejuízos à qualidade dos grãos, mas principalmente em função das chuvas intensas que ocorreram após o período de estiagem. Em algumas regiões produtoras, o atraso da colheita devido às chuvas está fazendo com que a soja que está no campo para ser colhida tenha aumento excessivo de umidade. Assim, há maior incidência de grãos “ardidos“, reduzindo seu valor comercial. A analista de negócios da Céleres aponta a umidade excessiva dos grãos também como fator de elevação dos custos do produtor em virtude da necessidade de secagem.
O que fazer – Infelizmente, a ocorrência de estiagens em diferentes regiões é periódica. Uma prática crescente é a irrigação; entretanto, a falta de disponibilidade de água, recursos financeiros, dificuldades topográficas e impedimentos ambientais limitam sua implantação generalizada. Mas Elmar Floss cita várias práticas agrícolas que podem ser utilizadas para atenuar as perdas de rendimento das culturas devido às deficiências hídricas, como:
- Melhoria da estrutura física do solo para aumentar a infiltração de água;
- Manutenção de cobertura vegetal para reduzir as perdas de água por evaporação;
- Utilização de sementes com vigor, que toleram mais as adversidades;
- Aumento do crescimento de raízes, para elevar a eficiência de absorção de água; à Adubação equilibrada;
- Uso preventivo de biorreguladores vegetais para estimular o crescimento de raízes e reduzir o abortamento de flores e vagens;
- Espera de uma nova geração de cultivares transgênicos, com maior tolerância ao déficit hídrico.