Ubirajara Russi Nunes
Engenheiro agrônomo, doutor e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Eduardo José Ludwig
Engenheiro agrônomo, mestrando PPGA na UFSM
O Tratamento Industrial de Sementes (TSI), em vez de ser realizado pelo agricultor, é processado em Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) em grande escala, executado por profissionais habilitados e utilizando equipamentos e produtos específicos.
A adoção do TSI vem aumentando ano a ano nas empresas que beneficiam e comercializam sementes. No Brasil, em torno de 40% das sementes de soja já são tratadas neste processo.
O TSI permite cobertura mais uniforme de inseticidas e fungicidas aplicados nas sementes, com garantia de dosagem adequada. Proporciona a manutenção da qualidade fisiológica das sementes, praticidade, menor risco de intoxicação dos operadores, segurança para o produtor e diminuição do impacto ambiental.
Na Figura 1 pode ser observada a uniformidade de distribuição do inseticida e fungicida e o menor dano mecânico em sementes de soja no TSI em comparação ao tratamento convencional.
Vantagens e desvantagens de cada um
Opcionalmente ao TSI, o tratamento de sementes pode ser realizado na propriedade rural pelo próprio agricultor, utilizando equipamentos mais simples, como uma betoneira ou tonel de óleo adaptado, ou ainda adquirindo misturadores comerciaiscom variações de modelos, capacidade e rendimento do produto tratado.
O tratamento de sementes realizado na propriedade rural ou “onfarm“, além do risco à saúde do aplicador, resultante da manipulação direta de produtos, pode ser agravado pela imprecisão dos equipamentos, desconhecimento da associação entre os produtos utilizados, podendo resultar em sub ou super dosagem e causar ineficiência no controle de doenças e pragas ou fitotoxidade nas plantas.
O TSI muitas vezes faz parte de um pacote tecnológico da empresa que oferta o serviço. Nesse caso, a venda de produtos “casados“ pode não estar adequada às necessidades específicas de cada produtor ou cultura. Além disso, a aplicação de produtos tecnicamente desnecessários pode representar impactos negativos ao meio ambiente.
Ainda, no TSI grandes volumes de sementes são tratados, e partes dessas sementes que não são comercializadas necessitam ser adequadamente descartadas.
Custo
O custo médio do tratamento de sementes gira em torno de 01 a 02% do total da produção de uma lavoura. A tomada de decisão para utilização do tratamento de sementes pelo método convencional ou TSI vai depender de variáveis como a espécie agrícola considerada, o volume de sementes a ser tratado, a natureza do produto, o ingrediente ativo e o fabricante, entre outros.
Quando o tratamento de sementes industrial é indicado
O TSI, assim como qualquer outro tratamento com ação específica, somente é recomendado quando for tecnicamente constatado o problema ou a presença de insetos ou patógenos que necessitem a aplicação.
Desta forma, para grandes volumes de sementes, produtos e suas combinações de eficiência comprovada garantirão o potencial germinativo das sementes de alta qualidade fisiológica.
Reflexos na lavoura
O TSI resulta em maior uniformidade e eficiência do produto químico nas sementes, proporcionando maior proteção contra patógenos e pragas no armazenamento e nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura, favorecendo o estabelecimento das plantas e permitindo a expressão do potencial genético e fisiológico no campo, com reflexos diretos na produtividade final.
Os resultados de pesquisa comparando as sementes tratadas de forma convencional pelo produtor e aquelas submetidas ao TSI ainda são escassos. Pesquisas realizadas recentemente com a cultura da soja indicam que o tratamento de sementes, tanto convencional como o industrial, melhoram a emergência da cultura.
Além disso, os resultados demonstram não haver efeito negativo do tratamento de sementes de forma industrial sobre a produtividade da soja.
Os TSI disponíveis atualmente no mercado permitem uma aplicação uniforme, proteção e controle efetivos dos patógenos e das pragas associadas às sementes, tornando o processo mais seguro e prático para o operador e agricultor.
Essa tecnologia ainda representa um alto custo para o produtor se for utilizada em pequenos volumes. Dessa forma, para ser viável economicamente, demanda o uso em escala no tratamento de sementes.
