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Movimento ‘Sou de Algodão’ é apresentado como caso de sucesso em conferência internacional nos Estados Unidos

Crédito Shutterstock
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O movimento ‘Sou de Algodão’, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) para o fomento ao consumo da fibra no mercado interno foi apresentado no dia 19 de junho, na Conferência Mundial da International Food and Agribusiness Management Association (Ifama), realizada em Miami (FL), tendo como foco a segurança alimentar e o agronegócio, em um contexto de população mundial estimada em nove bilhões de pessoas em 2050.

A apresentação ficou a cargo do sócio da Markestrat e consultor da Abrapa, Luciano Thomé e Castro, e do professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Fava Neves, e foi assistida por representantes de diversos setores do agro, além de acadêmicos e estudantes de vários países.

Na pauta da conferência, as inovações tecnológicas e a revolução digital, que estão transformando drasticamente o modo de fazer agricultura, criando novos mercados, cadeias de valor e players.

A estratégia do ‘Sou de Algodão’ envolve a conscientização do consumidor e dos profissionais ligados à indústria da moda para os atributos positivos da matéria-prima. Com o movimento, além de promover o algodão, a Abrapa almeja um aumento de consumo no mercado nacional da ordem de dez pontos percentuais, em cinco anos.

“O case foi muito bem recebido na conferência, pelo seu caráter inovador, e certamente servirá de referência para iniciativas similares em outros países e cadeias produtivas; da mesma forma, nós aprendemos com as experiências diversas apresentadas durante o evento”, diz Luciano Thomé e Castro, que também é professor da USP.

De acordo com o professor Marcos Fava Neves, a apresentação foi muito importante para a “mundialização” do algodão brasileiro. “É um projeto muito interessante e extremamente criativo, que evidencia a orientação pela demanda. Ele aproxima e integra produtores de algodão, academia e mercado. O público recebeu muito bem a apresentação e muitos ficaram impressionados com o fato de os produtores de algodão promoverem algo tão arrojado na ponta da cadeia produtiva”, afirma o professor Marcos Fava Neves.

A participação em eventos internacionais, nos quais explana sobre a cotonicultura brasileira e os casos de sucesso da associação, tem sido cada vez mais recorrente na Abrapa, sobretudo em fóruns nos quais apresenta o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), o programa de qualidade Standard Brasil HVI (SBRHVI) e o movimento ‘Sou de Algodão’.

“Investir na promoção do algodão brasileiro e no fortalecimento da imagem do produto e do setor algodoeiro é muito positivo. Queremos sempre ser referência positiva no mundo“, finaliza o presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura.

Qualidade do algodão em análise - Crédito Miriam Lins
Qualidade do algodão em análise – Crédito Miriam Lins

Da teoria para a prática

Orcival Gouveia Guimarães é produtor rural desde 1997 e pioneirona produção algodoeira em Mato Grosso. Ele planta algodão na Fazenda Cedro e na Fazenda Boa esperança, nos municípios de Lucas do Rio Verde e Tapurah,na Fazenda Pirapó, no município de Sorriso, na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, Fazenda Agrovera e Fazenda São Gabriel, no município de Porto do Gaúcho.

Em 2010 Orcival firmou sociedade com a Bom Jesus Agropecuária e formou a Boa Esperança Agropecuária, que cultiva soja, algodão, milho, arroz e um pouco de feijão, somando 30 mil hectares. Na segunda safra, 18.200 hectares são destinados à cultura do algodão, que produz anualmente entre 260 e 270 arrobas por hectare das variedades 975, 983, 954, 940, 944, entre outras.

O algodão brasileiro, por ser colhido à máquina e não manualmente, como muitos países produtores, já conta com uma diferenciação em qualidade
O algodão brasileiro, por ser colhido à máquina e não manualmente, como muitos países produtores, já conta com uma diferenciação em qualidade ” Crédito: Catarina Guedes

“Para se ter qualidade no algodão é preciso cuidados desde o preparo de solo até o beneficiamento, incluindo cuidados fitossanitários, adubação e colheita – é um conjunto de práticas para evitar fibras imaturas, ter a desfolha na data certa e as maçãs não podem estragar, porque isso afeta a qualidade“, ressalta o produtor.

Ainda segundo ele, é importante evitar a infestação de mato, assim como o ataque de bicudo, situações que interferem na qualidade final do algodão.No beneficiamento, é preciso ter a regulagem e a velocidade certa das máquinas, cuidado no transporte e no enfardamentodo algodão para não sujar a fibra.

Para não sujar a fibra, Orcival umedece a estrada por onde os fardos vão passar, para reduzir a poeira, e limpa as bordaduras para não contaminar o restante do talhão. “Colhemos as bordaduras primeiro e depois passamos para o interior do talhão, para não misturar o algodão sujo com o mais limpo“, revela.

Profissionalismo no que faz

Sobre a regulagem e a velocidade das máquinas, o produtor garante que tem uma receita infalível. “As certificadoras costumam oferecer cursos de como aplicar a velocidade das máquinas corretamente.É preciso, ainda, ter um ambiente pouco umidificado para evitar a fibra quebradiça. Este é o grande desafio do produtor“, considera.

Conforme planta novas variedades, Orcival procura aprender todos os dias. Por isso, ele investe em treinamentos constantes em seu negócio em busca de melhorias diárias. Agora que está começando a beneficiar, o treinamento é focado em regulagem das máquinas, até para evitar acidentes dos operadores.

O produto colhido no campo - Crédito Felipe Barros
O produto colhido no campo – Crédito Felipe Barros

Destino certo

O algodão de Orcival Gouveia segue para os mercados do mundo inteiro ” China, Suíça, Tailândia, França, Estados Unidos, Alemanha, Índia, Afeganistão, Paquistão, e onde mais houver indústrias têxteis.

“O algodão de cada produtor tem um perfil de acordo como seu manejo. Todos nós, cotonicultores, trabalhamos alinhados, embora existam os que não se preocupam tanto com a qualidade porque fornecem para mercados que não são tão exigentes. Mas qualidade é um quesito que é muito importante para nós, do setor.Como nossa empresa exporta, nossos clientes são muito exigentes, e brigamos por qualidade tanto da pluma quanto da produção.Nossa luta começa no dia que colocamos a semente no solo e acaba quando o produto final é entregue“, afirma o produtor.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de Agosto 2017. Adquira a sua para leitura completa.

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