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Como manejar a mosca-branca no algodoeiro

Crédito Ademir Torchetti
Crédito Ademir Torchetti

A mosca-branca tem sua presença vinculada à existência de plantas ou culturas hospedeiras em áreas vizinhas à do algodoeiro e/ou sob condições climáticas favoráveis (clima seco), sendo a sua migração e proliferação influenciada pelo manejo realizado inicialmente nas culturas hospedeiras e, posteriormente, no algodoeiro.

Segundo Lucia Vivan, pesquisadora entomologista da Fundação MT, o algodão acaba sendo um receptor da mosca-branca, praga que traz queda de produtividade, além de redução na qualidade da fibra do algodão.

“O açúcar que a mosca-branca produz é pior do que o produzido pelo pulgão. Os dois têm uma espécie de câmara filtro, onde se alimentam e acabam tendo uma formação grande desses açúcares que ficam sobre a cultura.No algodão o problema é ocasionado até pela perda de fotossíntese da folha, pois onde cai esse açúcar se forma a fumagina,que impede a planta de fazer fotossíntese“, explica a pesquisadora.

Se a população de mosca-branca permanecer na cultura do algodão, e geralmente ela se mantém até o final, o resultado é que ela acaba manchando a fibra também, trazendo problemas de qualidade. “Isso gera transtornos na tecelagem do fio, ou seja, além de reduzir a produçãoem 20 ou 30%, a mosca-branca também prejudica muito a qualidade do produto. Isso quer dizer que quando a fibra vai para o teste de açúcar, que é feito com temperatura, constata-se um alto índice de açúcar, o qual interfere na fiação desse fio, fazendo-o arrebentar. Quanto mais açúcar, pior, e esse algodão pode ser rejeitado pela indústria de tecelagem“, ressalta Lucia Vivan.

Lucia Vivan, pesquisadora entomologista da Fundação MT - Crédito Luize Hess
Lucia Vivan, pesquisadora entomologista da Fundação MT – Crédito Luize Hess

Olhar atento em volta da lavoura

Muitas vezes a população de mosca-branca se inicia na cultura da soja, em um momento que não causa perda de produção, ou seja, quando os grãos já estão formados e a planta não precisa mais tanto de suas folhas, que são atacadas pela fumagina.

Entretanto, as maiores áreas de algodão são safrinhas da soja. “Primeiro se faz a cultura da soja, e depois de colhida e dessecada, na mesma área se planta o algodão. Então, não há tempo de desfavorecer o inseto sem alimento para ele buscar uma outra área ou ir para um refúgio. Assim, a mosca-branca se mantém na área, e logo na emergência da cultura do algodão se tem alta população dela“, esclarece a pesquisadora.

Para se ter uma ideia, a área de soja no Mato Grosso é,em média, de nove milhões de hectares, e de algodão é de 700 mil hectares, em média, comprovando a grande pressão naquele Estado. “Toda essa população que permanece na soja, por menor que seja,e muitas vezes sem causar problemas à cultura, no algodão, que vem em seguida, é muito problemática“, considera Lucia Vivan.

Algodão ainda é o foco

É no algodão que a mosca-branca completa seu ciclo – ovoposita e praticamente coloniza a cultura.Por isso, a pesquisadora alerta que o produtor fique atento à soja assim que começarem as primeiras infestações, para ter esse controle da população de mosca-branca.

“Se essa população for muito alta e se a soja estiver em um estágio mais precoce, ainda em floração ou no início do enchimento de grãos, pode-se, inclusive, ter perdas expressivas com a população alta de mosca-branca. Estamos falando de perda de área fotossintética, ocasionada pelo crescimento desse fungo nas folhas em um momento mais precoce. Essa folha vai fazer falta para o enchimento de grãos“, detalha.

Manejo eficiente

Segundo Lucia Vivan, a maioria dos produtores opta pelo controle de adultos da mosca-branca, entretanto, esses produtos não controlam a forma jovem da praga, fazendo com que a infestação volte à ativa em 10 dias ou até em menos tempo,dependendo da pressão do inseto.Com o tempo, a praga coloniza a cultura da soja e,com população maior, dificulta ainda mais o controle.

“Recomendamos que, quando houver ocorrência de mosca-branca, sempre se observe a população de ninfas. É importante, também, coletar folhas nos pontos de amostragem e observar as ninfas na face debaixo da folha, quantificando essa população. Indicamos em torno de 15 ninfas por trifólio para começar a realizar o controle com o produto específico“, ensina a especialista.

Ainda segundo ela, pode-se realizar o controle mais antecipado em infestações menores em áreas com histórico de problema. “Existem os produtos biológicos para manter a população mais baixa,mas em alguns momentos ou em algumas regiões se faz necessário a entrada com o controle químico, talvez em mistura com o biológico ou alternando com este, porque só o biológico não consegue baixar uma população muito alta para um nível aceitável“, considera Lucia Vivan.

Alguns produtores já se conscientizaram de que é melhor investir em um produto específico que vai controlar a forma jovem e cortar o ciclo da praga. Trata-se de um produto com custo maior, principalmente para a cultura da soja, e que muitas vezes exigirá duas aplicações, mas terá o controle mais eficiente da mosca branca.

A maioria dos produtos recomendados para a soja também o são para o algodão.Controlando a mosca-branca na soja, consegue-se ter uma população menor migrando para a cultura do algodão, melhorando a convivência com a praga. “Não que vá eliminar, porque geralmente em todas as áreas e regiões que têm algodão há problema com mosca-branca, mas é uma forma de manejo para minimizar o problema“, conclui Lucia Vivan.

Essa matéria você encontra na edição de Agosto 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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