20.1 C
Uberlândia
sábado, novembro 23, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiAs algas marinhas e a florada dos citros

As algas marinhas e a florada dos citros

Nilva Terezinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O emprego das algas marinhas na agricultura é muito antigo. Entretanto, apenas ao final dos anos 1940 começaram a serem comercializadas como bioestimulantes e fertilizantes. Há diversas espécies com potencial para emprego como fonte de nutrientes e estimulantes naturais, sendo a Ascophyllum nodosum a mais estudada e empregada.

Porém, outras algas, como a Laminariaspp, que se destaca por propiciar aumento de resistência de plantas às doenças, Eckloniamaxima, Sargassum spp.e Durvillaea spp., as algas verdes Enteromorphaintestinalis e Ulva lactuca (também chamada de alface do mar) e a alga vermelha Kappaphycusalvarezii se apresentam com grande potencial de uso agrícola.

Podem ser aplicadas nos cultivos via semente, via solo, em fertirrigação ou parte aérea da planta (pulverização). São inúmeros os benefícios que se pode alcançar com a introdução das algas marinhas às lavouras, tais quais: aumento de vigor das plantas, do desenvolvimento radicular e da síntese de clorofila; promoção de florescimento precoce, frutificação e uniformidade dos frutos; retardamentoda senescência, prolongamentoda vida útil do produto; melhora da qualidade nutricional; tolerância ao estresse hídrico, salinidade e geada; resistência às bactérias e fungos; auxilia no controle de pragas,insetos e nematoides do solo; possui ação adjuvante em misturas de pesticidas.

Entenda melhor

Mas, qual a razão dos possíveis benefícios que a inclusão das algas marinhas nas lavouras pode propiciar? As algas são ricas em macro e micronutrientes, vitaminas, glicoproteínas, como o alginato, aminoácidos, que podem funcionar como bioestimulantes vegetais, e ainda estimulantes naturais, como: auxinas (hormônios do crescimento que governam a divisão celular), giberelina (que induz floração e alongamento celular) e citocininas (hormônio da juventude, do retardamento da senescência).

Então, a introdução de produtos compostos por extratos de algas no processo produtivo, além de contribuírem com nutrientes, promove o estímulo da divisão celular, o que favorece a formação das raízes propiciando, assim, o melhor aproveitamento da água e dos nutrientes.

Em acréscimo, compostos presentes nas algas estimulam a formação da clorofila e, assim, a própria fotossíntese, que é a fonte de toda a estrutura da planta. A partir dos açúcares formados na fotossíntese se originam todos os demais componentes das plantas (proteínas, óleos, etc.).

Também, substâncias presentes nas algas marinhas beneficiam o Ciclo de Krebs, que é o centro do metabolismo vegetal: fonte de intermediários para a formação de aminoácidos que formarão as proteínas e, também, dos ácidos graxos que integrarão os óleos e demais lipídeos importantes na vida vegetal, por exemplo.

Assim, há um potencial especial para aplicações de formulados com extratos de algas na agricultura.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Para a citricultura

Especificamente em citros, pode-se considerar que bons resultados têm sido encontrados em pesquisas que demonstram que o emprego de produtos com algas marinhas em mudas de citros proporcionam benefícios no enraizamento e na formação da parte aérea.

No plantio em campo, podem melhorar o enraizamento e o pegamento das mudas. Em plantas em formação, a inclusão de produtos com algas pode beneficiar o enfolhamento e a resistência aos agentes externos, como déficit hídrico e ataques de pragas e doenças.

Em pomares cítricos em produção, o uso de formulados com algas pode induzir a floração, diminuir abortos (melhorar o pegamento de frutos), aumentar o tamanho e o teor de açúcar dos frutos e homogeneizar a maturação. Ainda, pode antecipar a colheita.

A introdução de formulados com algas marinhas pode contribuir para a maior produção e de melhor qualidade. Porém, é importante destacar a época, doses e como aplicar, que são aspectos fundamentais para o êxito da prática.

Qual escolher?

Existem muitos produtos compostos de algas marinhas. Então, é fundamental conhecer resultados de ensaios de pesquisa com o formulado indicado pelo especialista e em que condições foram feitos os estudos.

Quando o objetivo é a indução de floração, há prescrições de aplicar o produto em pré-florada (visando estimular a brotação, visto que a floração vai causar estresse nas plantas) e na fase de frutificação, quando o balanço hormonal das algas favorece a absorção de nutrientes e o estabelecimento dos frutos jovens.

Uma das possibilidades seria pulverizar em pré-florada e nas fases de fruto chumbinho e fruto ping-pong. Ainda se recomenda uma pulverização pós-colheita (para diminuir o estresse e melhorar a vegetação). As doses e volumes de calda variam com o formulado a adotar.

Essa matéria você encontra na edição de setembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

ARTIGOS RELACIONADOS

Como identificar o volume de calda ideal?

Recomendações permitem pulverizações mais assertivas, com ganhos econômicos e ambientais O controle químico do psilídeo, inseto vetor do greening, é uma ação fundamental para o manejo da...

Netafim lança sistema inovador de irrigação digital

  A Netafim/Amanco, líder mundial em soluções para irrigação por gotejamento, participou da Feira Internacional da Irrigação Brasil 2018 (FiiB 2018), nos dias 19 a...

Novas tecnologias revolucionam tratamento de sementes

  A busca por altos rendimentos, em qualquer cultura, começa com a escolha do cultivar de maior potencial de rendimento e adaptado à região de...

Produtor busca soluções para uma cafeicultura responsável e movimenta Feira do Cerrado

A terceira edição da Feira do Cerrado, promovida pela cooperativa Cooxupé, recebeu cerca de 3,4 mil produtores de café do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba, que movimentaram o Centro de Negócios do evento: foram emitidos mais de 1.200 orçamentos. Esse ano a feira trouxe o tema "Produção responsável para uma cafeicultura de sucesso", destacando a otimização dos processos para os produtores de café.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!