Adriano Bortolotti da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Produção Vegetal e professor do Curso de Agronomia da Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS) adriano.silva@unifenas.br
Sandra Rocha Melo Vieira
José Adelcio de Oliveira Júnior
Acadêmicos do curso de Agronomia da Unifenas
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, sendo uma cultura de grande importância socioeconômica e geradora de emprego e renda. O café arábica (Coffea arabica L.) é a principal espécie cultivada, apresentando alta produtividade e excelente qualidade de bebida. Entretanto, essa espécie é afetada por doenças fúngicas e problemas nutricionais.
Nesse contexto, o emprego em larga escala de defensivos agrícolas tem favorecido a seleção de fungos e bactérias mais agressivos e resistentes aos fungicidas existentes no mercado, aumentando as perdas e os custos de produção. Com isso, o equilíbrio nutricional do cafeeiro é importante por ser um fator determinante no crescimento, desenvolvimento e na produção, sendo que uma lavoura bem nutrida reage melhor às adversidades climáticas, bem como ao ataque de pragas e doenças.
Alternativas
Novas alternativas de manejo, como as aplicações foliares de fosfito, podem ser viáveis para a nutrição do cafeeiro e a ativação do sistema de defesa da planta. Induz-se, assim, Ã produção de fitoalexinas e outros compostos que podem auxiliar no combate às doenças, reduzindo o emprego de defensivos agrícolas e aumentando a sustentabilidade da lavoura.
O fosfito
O fosfito é um composto à base de fósforo e macronutriente que apresenta funções bioquímicas importantes na formação do material genético (DNA e RNA), na molécula de ATP e como constituinte do sistema de membranas celulares.
Tal produto se origina do fungicida etil-fosfonato que, após a quebra da patente, tem sido formulado em associação a vários sais como os de potássio, manganês, cobre ou zinco.
Os fosfitos podem ser utilizados como importante fonte de nutrientes para as plantas, pois possuem fósforo em sua molécula ” permite-se corrigir rapidamente as deficiências nutricionais e melhorar o desenvolvimento das plantas e a sua atividade fisiológica. Além disso, os fosfitos estimulam os mecanismos naturais de defesa contra doenças; um deles é a indução de resistência sistêmica adquirida, que corresponde à ativação dos mecanismos naturais de defesa da planta.
Convém destacar que os fosfitos se apresentam como importante recurso na estratégia de manejo, por reduzirem a severidade das doenças.
Mecanismo de ação
O fosfito apresenta basicamente dois mecanismos de ação. O primeiro seria sua ação direta sobre as doenças, por apresentar ação fungicida em relação a alguns fungos invasores. Causa-se morte ou inibição do crescimento do fungo, com eficiência em controlar doenças do grupo dos oomicetos, a exemplo do míldio.
Outro mecanismo seria sua ação indireta por meio da ativação dos sistemas de defesa das plantas. Alguns autores mencionam que os fosfitos estimulam a síntese de fitoalexinas (substâncias químicas naturais de defesa), sendo capazes de contribuir efetivamente para o controle de patógenos.
A ação direta do fosfito como um fungicida é a mais relatada na literatura cientifica, enquanto sua ação indireta como ativador de mecanismos de defesa das plantas ainda tem sido bastante questionada, existindo poucos relatos sobre a indução de resistência.
Nesses termos, a ação do fosfito como ativador do sistema de defesa das plantas só é efetiva com aplicações regulares do produto durante o ciclo da cultura ou no período de maior ocorrência de doenças. Tais aplicações são necessárias visando à manutenção do sistema de defesa da planta ativo e aos bons níveis de fitoalexina endógeno no vegetal.
De maneira geral, o fosfito é aplicado em conjunto com fungicidas usados regularmente na cultura ou mês a mês. No entanto, é necessário o acompanhamento de um técnico para evitar problemas de desequilíbrio nutricional derivados do excesso de fósforo nas plantas tratadas com esse produto.