O sistema de gotejamento enterrado para grãos já é uma realidade. É o sistema que mais cresce na história com relação a todos os outros sistemas de irrigação.
O gotejamento enterrado conhecido como SDI (Subsurface drip irrigation) no Brasil começou a ser implantado em cereais para grandes áreas em 2008, na Agropecuária Mutum, em Nova Mutum (MT), em uma área de 30 hectares, e de lá se multiplicou em diversas regiões do País. “Em virtude do preço do sistema x preço da terra, o lugar onde mais se desenvolve o gotejo enterrado é no Rio Grande do Sul, onde a terra é mais cara. Ainda assim, podemos hoje encontrar projetos em Goiás, Mato Grosso, Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul“, relata Guilherme Ferreira de Souza, gerente comercial da Rivulis.
Ainda segundo ele, o uso do gotejo enterrado para grãos ocupa, atualmente, uma área pequena. “Quantificamos por unidade de projetos, mas deve estar em torno de 1.500 hectares“, calcula o especialista.
De onde veio
A tecnologia de gotejo enterrado é utilizada em vários países, com destaque para EUA, Espanha, Argentina e Austrália, mas acredita-se que sua origem tenha sido em Israel, onde as condições extremamente severas quanto à oferta de água para os cultivos exigiram a necessidade de práticas de irrigação mais eficientes e que não atrapalhassem os tratos mecanizados,aumentando o desempenho dos insumos aplicados nas lavouras via água.
Isso acontece porque o sistema de gotejamento enterrado (SDI) leva água diretamente à zona radicular das plantas. Então,quando se aplica o adubo junto da água esse aumento de eficiência se estende também à aplicação de fertilizantes. Além disso, a busca de um sistema de irrigação automático que possa operar em qualquer formato e tamanho de área e em topografias bem acentuadas fez do sistema SDI uma solução versátil.
Podem ser aplicados via sistema SDI uma vasta gama de insumos agrícolas especializados, desde fertilizantes a inseticidas, fungicidas e dessecantes, desde que sistêmicos, que agem exatamente na parte fisiológica da planta. Essa prática melhora os custos operacionais, já que o próprio sistema de irrigação se torna o condutor desse produto.
Na prática
Em Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia, Guilherme Ferreira relata que há um projeto de gotejo enterrado paralelo a um de irrigação via pivô. “Nesse projeto comprovamos aumento de produtividade nas culturas de soja, algodão, trigo e milho, no primeiro sistema. No algodão, por exemplo, o pivô entregou 280 arrobas por hectare, enquanto no gotejamento foram 303 arrobas por hectare“, relata.
Além disso, quando se considera o custo de manutenção da lavoura, ele informa que foram utilizadas no mesmo período11 aplicações de defensivos no pivô contra três no gotejo, economizando maquinário, fungicida, mão de obra e diesel. Isso porque na aplicação subterrânea não se molha as folhas das culturas, garantindo produtos de maior valor agregado e melhores rendimentos para o produtor.
A grande expectativa da maioria dos produtores é ter disponível o solo para plantio no dia planejado e nas condições de umidade ideais. “Com o gotejo enterrado basta apertar um botão que em dois dias o solo estará pronto para plantar. A irrigação fica praticamente invisÃvel, por estar enterrada, e não atrapalha a mecanização, o que faz aumentar ainda mais a performance das máquinas, evitando manobras desnecessárias“, esclarece Guilherme Ferreira.
Cuidados imprescindÃveis na elaboração de projetos
O gotejamento enterrado proporciona até 98% de eficiência, contra cerca de 88% do pivô central, que é o segundo mais eficiente. Em outros sistemas de irrigação do tipo aspersão, a eficiência fica entre 65 e 75%. Essa eficiência traz até 20% menos uso de água, adubo, energia elétrica, entre outros.
Segundo Guilherme Souza, a Rivulis tem resultados acima de 40% de desenvolvimento da cultura, com um custo de produção que pode chegar a 15% menos,levando em consideração a parte de aplicação, resultando em 50% mais lucratividade para o produtor rural.
Ao implantar um sistema SDI o produtor terá o suporte técnico que proverá, juntamente com um projeto minucioso e muito bem detalhado, os desenhos, mapas topográficos, orientações técnicas para execução da obra de montagem e uma listagem completa de todos os dispositivos que compõe o sistema.
Os itens de segurança mais comuns que obrigatoriamente devem existir em um bom projeto de irrigação enterrado são gotejadores específicos para o uso enterrado, sistema de filtragem, preferencialmente de areia, válvulas de controle comando e ventosas. Sem algum desses itens o sistema estará com os dias contados, e com certeza o produtor não desfrutará da longevidade que o sistema oferece.
Atualmente, os projetos SDI já são oferecidos com automação completa. Isso significa que os dispositivos de segurança e limpeza dos equipamentos realizam de forma automática operações que outros sistemas demandariam tempo e pessoal para a realização.