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Ronaldo Cabrera
Engenheiro agrônomo M.Sc., Dr. e consultor em Agronomia
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A cultura do tomate tem grande importância no setor de hortaliças no Brasil, sendo a maior em volume, com uma área de aproximadamente 65 mil hectares e produtividade média de 56 t/ha. A produção é destinada 70% para consumo natural e 30% para industrialização.
As técnicas de manejo fazem a diferença na produtividade e rentabilidade do produtor, sendo a questão nutricional fundamental para a qualidade e produtividade. Neste artigo está sendo abordado o uso de gesso agrícola no tomateiro.
O gesso agrícola, ou fosfogesso, cuja fórmula química é CaSO4-2.2H2O, oriundo da produção do ácido fosfórico, tem concentração de 20% de Ca e 15% de enxofre, dois macronutrientes essenciais para a produção, sendo que no tomateiro a exportação em kg/ton para cálcio é de 0,17 kg/ton e enxofre 0,22 kg/ton, os teores foliares adequados para cálcio são de 1,5 a 3% e enxofre 0,4 a 1,2%.
O principal efeito visual e econômico da deficiência de cálcio inicia com a flacidez dos tecidos da extremidade dos frutos, evoluindo para necrosamento, sintoma conhecido como podridão estilar ou “fundo-preto”. Podem ocorrer deficiências pontuais de cálcio que, neste caso, culmina com a necrose interna do fruto, conhecido como “coração negro“.
Atuação do cálcio
O cálcio é responsável pela formação de parede celular, aumentando a resistência e a firmeza do fruto, oferecendo maior longevidade, maior tempo de prateleira e, principalmente, reduzindo perdas, que, diga-se de passagem, são muito elevadas em hortaliças.
A principal fonte de cálcio vem do calcário, que tem uma solubilidade de 0,014 g/L, enquanto o gesso agrícola tem uma solubilidade de 2,4 g/L, em outras palavras, o cálcio do gesso agrícola estará disponível para a planta muito mais rapidamente.
No tomateiro com deficiência de enxofre, as folhas novas apresentam coloração amarelada, o caule fica lenhoso e com diâmetro reduzido. O enxofre tem papel importante na qualidade o fruto pois, juntamente com o nitrogênio, participa na formação dos aminoácidos sulfurados (cistina, metionina e cisteina).
Responsável pela formação de proteínas, melhora as características organolépticas, otimiza o metabolismo do nitrogênio, reduzindo a concentração de nitrato livre, que é prejudicial à saúde.
O enxofre
A principal causa da deficiência de enxofre é o cultivo em solos com baixo teor de matéria orgânica e o uso de adubos concentrados sem enxofre. As plantas absorvem enxofre na forma de SO4-2; para tanto, quando o enxofre é aplicado no solo na forma elementar S, ele precisa sofrer transformações bioquímicas para se transformar em SO4-2 para ser absorvido.
A transformação de S em SO4-2 depende de microrganismos do solo, principalmente Tiobacillus, que por sua vez são influenciados por temperatura, umidade, pH e teor de matéria orgânica.
O grande diferencial do gesso agrícola é que o enxofre está prontamente disponível, pois já se encontra na forma de SO4-2, não havendo necessidade de passar por processos bioquímicos de transformação, além de ser a fonte mais barata de enxofre do mercado.
O tomateiro chega a produzir mais de 100 ton/ha num curto espaço de tempo, sendo uma cultura nômade devido a problemas sanitários. Então, a escolha das fontes de corretivos e fertilizantes deve ser de reação rápida e com alta disponibilidade para atender a demanda da cultura no momento em que a planta precisa, tudo isso com um custo-benefÃcio favorável. O gesso agrícola atende essas prerrogativas de uma cultura exigente, de alto risco e baixa margem para erro.