Talita de Santana Matos
Elisamara Caldeira do Nascimento
Doutoras em Agronomia – UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura ” UFMT
Para garantia do bom crescimento e produtividades esperadas ou acima das esperadas, o fornecimento de todos os elementos deve contemplar a necessidade da espécie cultivada, que no caso é o mamão.
Para o preparo do solo e posterior coveamento, a análise do solo para fins de determinação química é fundamental. Nesta, o produtor determinará a necessidade de calagem para a correção do alumÃnio tóxico e elevação de cálcio e magnésio.
Assim, existem basicamente três métodos para a determinação da calagem, porém, de forma geral, a técnica tem por objetivo reduzir o alumÃnio tóxico próximo a zero e aumentar V% a valores próximos a 70%, com níveis de Ca a 2,5 e Mg a 0,5 cmolc dm3. Assim, a orientação de um agrônomo é primordial para a determinação da necessidade de calagem.
Valores até 05 t ha-1 de calcário PRNT 100% são aceitáveis, dependendo das características químicas e físicas do solo a ser implantada a cultura do mamão. Esta prática é muito importante, uma vez que favorecerá o equilíbrio na absorção de nutrientes do mamoeiro.
Caso a caso
Ressalta-se, ainda, que o mamoeiro tem a concentração de produção nos Estados do Espírito Santo e Sul da Bahia que, via de regra, possuem solos que precisam ser melhorados em função da baixa fertilidade dos mesmos.
Uma recomendação básica para o mamoeiro é de 150 a 350 de N/planta, 200 a 300 de P2O5/planta, 200 a 450 de K2O/planta para o cultivo bianual. Ressalta-se que a produtividade do mamoeiro decresce a partir do segundo ano. Assim, convencionou-se o cultivo até o segundo ano somente.
Para uma adubação mais técnica, principalmente utilizando-se fertirrigação, a busca das curvas de absorção de nutrientes é um critério importante para a determinação da dose e da frequência de aplicação de adubos para a cultura. Porém e, via de regra, para o mamoeiro faz-se uma adubação de plantio na cova e, logo após, fazem-se quatro adubações de cobertura aos 30, 60, 90 e 120 dias após plantio.
A partir da floração, existe a recomendação de mais uma adubação de cobertura, conhecida como adubação de frutificação. Estas são consideradas adubações de primeiro ano.
Para o cálculo da adubação do segundo ano é recomendável refazer as análises químicas do solo, uma vez que o mamoeiro é uma cultura reconhecidamente exportadora de nutrientes.
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Exigências nutricionais
É conhecido que K, N e Ca são os macronutrientes mais exigidos. Em contrapartida, o P é o menos exigido para a cultura do mamão. Já ao compararmos os micronutrientes, o B, Fe e Mn são os elementos mais absorvidos, por outro lado, o Mo é o micronutriente menos absorvido pela cultura.
Dados indicam que a exportação de nutrientes para a produção de 1.000 kg de frutos pode ser de 1.700 g de N, 1.225 g de K, 252 g de P, 231 g de Ca, 221 g de Mg, 221 g de Cl, 145 g de S, 4,5 g de Mo, 2,6 g Fe, 1,0 g Zn, 0,9 g de B e Mn e 0,3 g de Cu. Assim, a reposição destes elementos é de fundamental importância para o equilíbrio entre a fertilidade do solo e a manutenção da produtividade do mamoeiro.
A análise foliar dos conteúdos de nutrientes na massa vegetal (folhas) é uma ferramenta importante para a tomada de decisão conjunta entre o produtor e o técnico, e valores próximos a 2,25% de N até os 120 dias após plantio e 4,45 após este, assim como 0,82% de P, 1,58% de K, 3,61% de Ca, 1,21% de Mg e S, 252 ppm de Fe, 109 ppm de B e 88 ppm de Mn são indicadores de um bom manejo nutricional da cultura.
Tais valores servirão de base para a tomada de decisão quanto a uma complementação da adubação de macronutrientes via cobertura ou fertirrigação e micronutrientes via adubação foliar ou fertirrigação.
As recomendações, de acordo com a época após o plantio, são facilmente encontradas nos manuais de adubação dos Estados, as quais estão basicamente em função dos teores encontrados a partir de uma análise química do solo.
NutriçãoversusºBrix
A adubação adequada e balanceada de K e B é fundamental para a manutenção e aumento do teor de açúcares solúveis no fruto, por participarem diretamente do transporte dos açúcares para os frutos, que são drenos em pleno crescimento. Quanto maior for a eficiência no transporte, maior será o ºBrix.
Por outro lado, o sabor de um fruto está diretamente ligado aos sólidos solúveis totais (SST) e à acidez titulável, que também é conhecida como flavor. Assim, não basta o fruto ter um elevado ºBrix, mas deve também ter uma adequada acidez titulável para que seu sabor seja interessante para o consumo in natura.