Doença deve ser monitorada, principalmente, nos períodos de florada e pós-florada
Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) alertam para o controle da mancha-de-Phoma, doença causada por um fungo que ataca cafeeiros, principalmente, nos períodos de florada e pós-florada. A doença pode encontrar condições favoráveis para maior incidência nesta época do ano, em função dos períodos de chuva, com alternância de temperaturas altas e baixas em períodos curtos.
Um dos sintomas para identificação da doença são folhas do cafeeiro com manchas escuras e bordas encurvadas. “A doença é causada por um fungo que ataca a parte jovem da planta de cultivares de café arábica, como novas brotações e folhas e rapidamente se instala, causando danos à planta”, explica a pesquisadora da EPAMIG Sara Chalfoun. Ela alerta para o controle preventivo das lavouras com a instalação de quebra-vento, dispositivos que servem para desviar o vento. O plantio de árvores, por exemplo, forma uma barreira que protege a lavoura de ventos fortes e frios. “A instalação de quebra-vento é necessária em cafezais onde há exposição plantas às frentes frias, em lavouras novas em início de produção e naquelas localizadas em altitudes acima de 1000 m”, explica.
Sara afirma que sucessivos ataques da doença causam danos diretos e indiretos sobre a produção e o desenvolvimento das plantas e podem tornar a lavoura economicamente inviável. “A elevação das temperaturas tende a paralisar o desenvolvimento da doença, no entanto, já terá causado danos sobre a produção”, explica.
Caso a mancha-de-Phoma tenha se instalado, é recomendado o controle químico por meio da aplicação de fungicidas registrados junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), além de orientação técnica para aplicação. “No surto da doença não é possível identificar a espécie do fungo, mas isso não impede o controle, que deve ser imediato”, explica o pesquisador da EPAMIG Vicente Luiz de Carvalho. Ele explica que a doença pode causar desfolha, queda de botões florais, mumificação e queda dos chumbinhos, seca de ponteiros e de extremidade dos ramos, resultando em perdas na produção.
Na NKG Fazendas Brasileiras, em Santo Antônio do Amparo, o controle químico da doença é feito com cobre e, em alguns casos, com fungicida registrado. “O período de maior incidência da Phoma, nesta fazenda, é normalmente março e meados de outubro, mas este ano mudou em função do atraso da chuva”, explica o agrônomo Patrik Lage, que é gerente da Fazenda. O controle preventivo da lavoura de café arábica, área com mais de 1600 hectares, é feito por meio de barreiras naturais formadas por árvores nativas e de árvores plantadas, como a grevÃlea, que funcionam como uma cortina de vento. “Em locais mais altos, que correspondem a cerca de 20% da área, expostos à umidade e ventos frios a incidência é maior, mas o nosso monitoramento apontou nesta ano Ãndice menor, se comparado aos últimos cinco”, afirma Patrik.
Estudos apontam que plantas nutridas de forma equilibrada e livres de incidência de outras doenças e pragas terão naturalmente melhores condições de responder ao controle específico da mancha-de-Phoma, até pela própria resistência natural das plantas.
Mancha-de-Phoma em Minas Gerais
 A mancha-de-Phoma do cafeeiro é uma doença fúngica que ocorre em vários países do mundo onde se cultiva café em áreas de altitudes mais elevadas. O gênero Phoma compreende mais de 2000 espécies que estão agrupadas em nove seções. No Brasil já foram encontradas mais de cinco espécies desse fungo. No Sul de Minas Gerais as lavouras são mais suscetíveis à doença em função da instalação de grande parte dos cafezais em regiões montanhosas, de altitude elevada. Lavouras que recebem pouca insolação e sujeita a ventos fortes e frios também são suscetíveis.