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Extratos de algas e seus efeitos em frutos e hortaliças

ChryzMelinskiSerciloto

Mestre, doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas e gerente de Mercado HF ” Valagro

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

As algas fazem parte do ecossistema marinho ao redor de todo o mundo. Existem cerca de 9.000 espécies de macroalgas que são classificadas em três principais grupos, de acordo com sua coloração: Phaeophyta-marrons, Rhodophyta-vermelhas e Chlorophyta-algas verdes.

As algas marrons são o segundo grupo mais abundante, com mais de 2.000 espécies, e são as mais utilizadas na agricultura, com destaque para a espécie Ascophyllumnodosum, que é a mais utilizada e pesquisada na agricultura.

Já há muitos anos atrás as algas eram usadas como fontes de nutrientes e matéria orgânica sendo que, atualmente, após a evolução de processos de extração, seu grande uso atualmente se deve aos seus fantásticos efeitos bioestimulantes em plantas.

Componentes responsáveis pelos efeitos de algas em plantas

As algas contêm vários componentes que podem atuar direta ou indiretamente no metabolismo da planta, como carboidratos, macro e micronutrientes, aminoácidos, vitaminas, precursores hormonais, hormônios vegetais e outras substâncias que atuam como elicitores, ativando o metabolismo da planta.

É muito importante salientar que as concentrações de biomoléculas variam entre espécies, localidade e época de colheita das algas e que, mediante o método de extração utilizado na obtenção dos extratos de algas, pode-se obter uma maior ou menor concentração das determinadas substâncias citadas anteriormente, que podem atuar de diferentes maneiras de acordo com a fase da cultura aplicada.

_Polissacarídeos: as algas marrons contêm alta concentração de polissacarídeos. Os principais polissacarídeos encontrados são as laminarinas, as fucoidanas e os alginatos. Destes, os dois primeiros apresentam maiores atividades na fisiologia e metabolismo das plantas. Os alginatos, por sua vez, possuem excelente ação complexante, incrementando a absorção e nutrientes.

_Hormônios vegetais: devido aos efeitos de extratos de algas no crescimento e desenvolvimento das culturas, sempre buscou-se investigar a presença de hormônios vegetais na sua composição. Em algumas situações tais substâncias não eram encontradas, mas seus níveis eram incrementados nas espécies que recebiam a aplicação de extratos de algas.

As citocininas são o grupo hormonal mais detectado em algas. Os conjugados de zeatina e isopentenil são as citocininas mais predominantes. Seus efeitos em plantas são muito estudados ao longo dos anos como estímulo da divisão celular, estímulo de brotações e ramificações laterais, tuberização, ação anti-senescência, síntese de clorofila, pegamento e crescimento de frutos.

 As algas estimulam as brotações no pimentão - Crédito Shutterstock
As algas estimulam as brotações no pimentão – Crédito Shutterstock

As auxinas também são muito encontradas em várias espécies de algas, sendo que o ácido indol acético é a auxina mais predominante. Seus principais efeitos são divisão e, principalmente, alongamento celular, diferenciação do câmbio vascular, formação e crescimento de raízes, inibição da abscisão e crescimento dos frutos.

As giberelinas têm sido muito pouco identificadas em algas, embora em muitos bioensaios realizados já se tenha detectado a sua atividade giberelínica. Seus principais efeitos são divisão e alongamento celular, quebra de dormência, germinação de sementes. alongamento do caule, pegamento e crescimento de frutos

_Betaínas: as algas, principalmente do gênero Ascophyllum, contêm betaínas e várias moléculas ligadas a betaínas, como a glicina-betaína. A betaína, uma amônia quaternária, funciona como protetor da membrana celular e um potente osmorregulador em plantas, aliviando estresses por excesso de sais ou falta de água. Estudos também indicam que estes compostos inibem a degradação da clorofila em plantas.

A aplicação de algas resulta em um maior número e tamanho das folhas de alface - Crédito Shutterstock
A aplicação de algas resulta em um maior número e tamanho das folhas de alface – Crédito Shutterstock

_Manitol: o manitol, um tipo de açúcar-álcool muito utilizado na medicina humana, também é muito encontrado em algas. Assim como as betaínas, é um regulador osmótico em plantas e atua no ajuste osmótico celular em condições de estresse hídrico. Evidências indicam também seu efeito na complexação, aumentando o transporte de nutrientes, inclusive de boro, um nutriente considerado imóvel nas plantas.

_Esteróis: os esteróis também são encontrados em algas, sendo que, dependendo da espécie, determinados esteróis predominam – fucosterol em algas marrons, colesterol em algas vermelhas e ergosterol em algas verdes. Suas funções não são bem claras em plantas, mas seus efeitos parecem estar relacionados com o transporte de nutrientes e outras moléculas no interior da planta.

_Aminoácidos: as algas contêm uma grande quantidade de aminoácidos em sua composição, variando entre 3% a 47%, dependendo da espécie. Em Ascophylumnodosum, os principais aminoácidos encontrados são o ácido glutâmico, arginina, ácido aspártico, alanina, glicina, leucina e lisina, embora todos os demais aminoácidos essenciais sejam encontrados. Em plantas, os aminoácidos possuem funções diversas, como metabolismo do nitrogênio, armazenamento de compostos de reserva, aumento da resistência a estresses, germinação do grão de pólen, crescimento do tubo polínico, crescimento de raízes, síntese de clorofila, síntese de hormônios e substâncias de defesa das plantas.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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