Deoclecio Domingos Garbuglio
Pesquisador da área de Melhoramento e Genética Vegetal do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR
Atualmente, há um grande número de opções de cultivares disponíveis no mercado. Nesse caso, o ponto de partida para a escolha, em um primeiro momento, estará relacionado ao nível de tecnologia a ser empregado na lavoura, levando-se em consideração os custos previstos versus riscos associados versus potencial de produtividade, em especial quanto aos plantios de 2ª safra.
Tendo estes pontos como base, em um segundo momento, os critérios de escolha são a adaptabilidade da cultivar à região e época de semeadura; ciclo da cultivar, com especial atenção ao comportamento em relação ao “dry-down“ (tempo para perda de umidade dos grãos após maturação fisiológica); nível de resistência em relação às principais doenças foliares, de colmo e espiga; estratégias de manejo para controle de insetos-praga e tolerância ao acamamento e quebramento de colmo, em especial nos plantios de 2ª safra.
Outros critérios podem ser considerados, guardadas as devidas particularidades de cada região e tecnologias de cultivo, mas, de modo geral, estes seriam os que norteariam os dois primeiros momentos da escolha da cultivar.
A escolha certa
Considerando os critérios destacados anteriormente, inicialmente a escolha da cultivar deve ser centrada naquela que maximize a rentabilidade do produtor, tanto pelo alcance de altos tetos de produtividade quanto pela minimização dos custos de produção e riscos associados à condução da lavoura.
Posteriormente, em especial com foco na obtenção de altos tetos produtivos, o produtor deve estar atento ao padrão de comportamento da cultivar na região pretendida de cultivo, principalmente buscando informações quanto ao desempenho produtivo desta cultivar em diferentes anos agrícolas para aquela região, de modo a mapear o padrão de adaptabilidade da cultivar frente às diferentes condições edafoclimáticas.
No caso do produtor optar por semeaduras em espaçamentos reduzidos, este deve estar atento, ainda, se a cultivar se adapta e este tipo de manejo, tendo em vista que determinadas cultivares não apresentam bons desempenhos quando submetidas a espaçamentos reduzidos, podendo ocorrer até mesmo um aumento associado no porcentual de acamamento e quebramento de plantas.
Quanto ao ciclo da cultivar, a escolha deve ser centrada de tal forma que a cultura apresente desempenho ótimo, tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva. Dessa forma, o posicionamento de época de semeadura, dentro da janela indicada para plantio (cedo, normal ou tardio) em relação ao ciclo da cultivar (superprecoce, precoce, normal) é primordial para o alcance de altas produtividades.
Alerta
Em relação às doenças, primeiramente deve-se buscar informações a respeito do padrão de resistência da cultivar às principais doenças foliares, de colmo e espiga, em especial quanto à quelas que predominam na região de cultivo e o nível de incidência na 1ª e 2ª safra.
Nesse caso, deve ser analisada a necessidade ou não da aplicação de fungicidas, tendo em vista que cultivares com alta resistência às doenças prevalecentes na região, quando semeadas em períodos de baixa incidência, não justificariam esse custo adicional na lavoura, ou que este seja minimizado no caso de aplicações preventivas.
Em relação ao manejo de insetos-praga, especialmente para controle de lepidópteros, nos últimos anos são crescentes os relatos de quebra de resistência para determinados eventos transgênicos, levando o produtor a demandar um custo adicional com a aplicação de inseticidas.
Para a utilização de cultivares com relatos de quebra de resistência, o produtor deve se manter atento à premissa do momento de entrada com controle químico, com atenção especial à tecnologia de aplicação empregada, de modo a otimizar a eficiência de controle.
Para cultivares geneticamente modificadas, em que a tecnologia ainda se mostra eficaz, deve-se destacar a importância do plantio de refúgio para manutenção da tecnologia.