21.6 C
Uberlândia
quarta-feira, janeiro 15, 2025
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasEucalipto: Produção de mudas segue critérios

Eucalipto: Produção de mudas segue critérios

Autores

Emmanoella Costa Guaraná Araujo
Mestra em Ciências Florestais e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
manuguarana@gmail.com
Ernandes Macedo da Cunha Neto
netomacedo878@gmail.com
Gabriel Mendes Santana
gsantanaflorestal@gmail.com
Iací Dandara Santos Brasil
iacidandara@yahoo.com.br
Mestrandos do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal – UFPR
Crédito: Shutterstock

O cultivo do eucalipto busca produzir indivíduos com características específicas e uniformes, assim, o processo de produção de mudas é vital para o sucesso do plantio. A técnica escolhida nesta etapa deve atender as necessidades do produtor e ser adequada ao local de execução.

Independente da forma de produção, o resultado final deve apresentar mudas de qualidade genética e fisiológica, que demonstrem condições de sobrevivência e bom desenvolvimento no campo, resistindo ao estresse ambiental e resultando numa produtividade satisfatória.

Para que haja sucesso neste processo, é preciso estar atento a uma série de fatores e etapas que devem ser cumpridas independentemente do método escolhido, para que se garanta a qualidade final das mudas.

Passo a passo

A etapa de instalação do viveiro requer um planejamento visando o objetivo da produção das mudas e a quantidade que se quer produzir. A escolha do local deve levar em conta fatores como: inclinação do terreno, drenagem, disponibilidade de água, proximidade das áreas de plantio, orientação geográfica, proteção das mudas, entre outros (Oliveira et al., 2016).

O primeiro passo para formação das mudas é a escolha adequada da espécie a ser produzida, levando em consideração as condições locais, em seguida o método mais adequado, de acordo com a espécie e condições da área disponível. As mudas de eucalipto podem ser produzidas pelos métodos sexuados, por sementes, e assexuados (propagação vegetativa), estaquia e miniestaquia; e micropropagação e microestaquia.

No método de propagação sexuada, deve-se ter extremo rigor na coleta e/ou aquisição de sementes, pois o plantio de mudas provenientes de sementes de má qualidade resulta em um povoamento com baixa produtividade (Gomes; Paiva, 2013). O grau de pureza e de germinação são aspectos que devem ser observados na obtenção das sementes, bem como a identificação genética, estado fitossanitário e fisiológico.

Plantio

A semeadura pode ser feita em canteiros para posterior repicagem, ou direto nos recipientes. Algumas atividades devem ser executadas antes e durante a formação das mudas, dentre elas: instalação do viveiro, preparo do substrato, preparo dos recipientes, testes de germinação, repicagem (quando for o caso), raleio das mudas, adubação por cobertura, re-encanteiramento e endurecimento das mudas.

Métodos assexuados

Na utilização de métodos assexuados, tem-se a estaquia, miniestaquia, micropropagação e microestaquia. No processo de estaquia a árvore matriz é selecionada, abatida, e quando surgem as rebrotas, estas são cortadas e levadas para enraizamento em recipiente adequado.

Já a miniestaquia consiste num sistema advindo da brotação do ápice de estacas. A micropropagação utiliza células de tecido vegetal, para formação uma nova planta in vitro, enquanto a microestaquia utiliza microestacas rejuvenescidos em laboratório de micropropagação, para posterior enraizamento (Ferrari; Grossi; Wendling, 2004).

Independente do processo escolhido, é imprescindível a utilização de recipientes adequados. A produção de mudas em recipientes é uma das mais utilizadas pelo alto controle que se tem da nutrição e proteção das raízes, com manejo mais adequado no viveiro e na etapa de transporte (Gomes; Paiva, 2013). É importante ressaltar que o tipo e tamanho do recipiente terão impacto direto no custo de produção, e a durabilidade do material é um fator que deve ser levado em consideração para que não se desintegre no processo de transporte para o campo.

Embalagens para as mudas

Os sacos plásticos e os tubetes têm sido os recipientes mais usados atualmente, pela facilidade de manuseio e disponibilidade no mercado. No entanto, apesar da facilidade de trabalho com o saco, a possibilidade de enovelamento da raiz é alta e o custo do transporte é elevado devido ao volume e peso, uma vez que o volume é variável de acordo com o objetivo da produção e a espécie. Sendo assim, o tubete vem ganhando mais espaço nos últimos tempos.

Os tubetes de plástico rígido são simples e possuem dimensões menores que as dos sacos. Também contribuem com a redução de doenças e pragas, podendo ser considerado um avanço, quando comparado com o saco plástico. Como possuem menores dimensões, podem ficar suspensos, o que facilita o trabalho que quem está manejando.

Apesar de o custo de aquisição ser mais alto que o do saco, o reaproveitamento do tubete por longo período contribui com a redução do desperdício. Outra vantagem é o transporte e viabilidade econômica.

Outros recipientes menos usuais são: bandejas de isopor, torrão paulista, torronete, laminado de madeira, vapo, paper-pot, fertil-pot, torrão reba, win-strip, entre outros. No entanto, é importante ter em mente os objetivos das mudas produzidas para escolha do recipiente, pois seu tamanho e material vão influenciar no custo da produção e sobrevivência no campo.


Viabilidade

No fim do processo de produção, mais cedo ou mais tarde, as embalagens tornam-se resíduos, que causam poluição e impactos ao meio ambiente; sendo assim, é importante traçar estratégias que minimizem os descartes.

O uso dos tubetes, frente aos sacos plásticos, por si só, já reduz o descarte de material, uma vez que os tubetes de plástico rígido têm duração média de 10 anos. Mesmo assim, uma hora o material perde sua viabilidade, necessitando de substituição.

Uma alternativa atual é a utilização de tubetes biodegradáveis, produzidos a partir de materiais que seriam descartados em aterros sanitários, resultando em acúmulo de detritos, como embalagens de Tetra Pak. Os tubetes são produzidos de acordo com a espécie a ser cultivada e sistema de cultivo, permitindo a confecção e formatos exclusivos. São resistentes ao transporte e podem ser depositados diretamente no solo, o que facilita o processo de produção. Outra vantagem é que as raízes conseguem penetrar nas paredes da embalagem, sem riscos de enovelamento. Os tubetes também podem ser utilizados em estufas e viveiros.

No entanto, por mais que seja sustentável, pressupõe-se que o custo deste material seja mais elevado, sem contar que é necessário que se realize novas pesquisas com diferentes materiais, tamanhos de tubetes e espécies cultivadas, com o objetivo de conhecer o comportamento de tais espécies e desenvolver alternativas que sejam mais viáveis em termos de custo e produção.

ARTIGOS RELACIONADOS

As algas marinhas e a florada dos citros

Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro...

Os resultados no manejo de estimulantes e condicionadores no tomateiro

Fernando Simoni Bacilieri Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia - ICIAG-UFU ferbacilieri@zipmail.com.br Roberta Camargos de Oliveira Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia robertacamargoss@gmail.com João Ricardo Rodrigues da Silva Engenheiro agrônomo joaoragr@hotmail.com   A cultura...

Gesso equilibra o solo e aumenta produtividade da cana

  Djalma Martinhão Gomes de Sousa Pesquisador - Fertilidade do solo da Embrapa Cerrados djalma.sousa@embrapa.br   A cana-de-açúcar é uma cultura que apresenta elevada tolerância à acidez do solo...

Nutrição foliar com compostos orgânicos e potássio na soja

Guilherme Lara Coordenador Técnico da Bio Soja Renato Passos Brandão Gestor Agronômico da Bio Soja Fernando Nervis RTV da Bio Soja A soja é a cultura com maior expressão econômica...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!