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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Manejo e ambiente ideal para cultivo de salsão

Autores

Talita de Santana Matos
Pós-doutoranda – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) CPGA-CS
Elisamara Caldeira do Nascimento
Pós-doutoranda – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) – PPGAT
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura – UFMT
glauciogenuncio@gmail.com

Originário da Europa, região do Mediterrâneo, pertencente à família Apiácea, a mesma da salsa, cenoura e mandioquinha-salsa, também conhecido como aipo, aipo-branco, aipo-rábano, aipo-tronchudo ou aipo-gigante, o salsão é uma hortaliça bastante cultivada nos países de clima temperado.

É uma planta que não necessita de muita luz e suporta temperaturas entre 5,0 e 30ºC, sendo ideal para o seu cultivo de 10 a 25º. As geadas fortes conseguem derrubar e estragar uma plantação e, como tal, esta deve estar bem protegida.

O aipo é uma planta com um ciclo cultural anual que pode ser cultivada durante as estações do inverno e da primavera e a sua colheita inicia-se 150 a 180 dias após o cultivo. Destaca-se que o amadurecimento dos aipos nos meses mais frios faz com que o seu sabor seja mais doce e aromático.

Versatilidade

Todas as partes podem ser utilizadas na cozinha. Com folhas aromáticas e saborosas, é indicado para dar sabor a sopas, cozidos, peixes, aves e assados em geral. Pode ser consumido cru, cortado em rodelas ou ralado, acrescentando uma textura crocante às saladas.

A maior parte dos cozidos, ensopados, molhos e caçarolas se enriquecem e se perfumam com um simples ramo de aipo, pois esta planta possui um óleo com aroma muito forte que se mistura aos alimentos durante o cozimento.

Tanto as folhas (que temperam sopas em geral), quanto o talo (usado como tempero, consumido cru ou cozido) são aproveitados. Vai bem em saladas e ensopados, sendo consumido preferencialmente o pecíolo ou talo da folha.

O sal de aipo pode ser utilizado em molhos, saladas ou em drinks como “bloody mary”. Os frutos são um forte tempero, apesar de incomuns. Todas as partes são fortemente aromáticas. Comparada com as formas selvagens e o tipo usado pelos romanos, as espécies plantadas atualmente são desprovidas de amargor. É fonte de vitamina A e, em menor quantidade, vitamina C.

No Brasil, o consumo de aipo é baixo, devido provavelmente ao desconhecimento pela maioria dos consumidores de suas qualidades e modo de preparo.

Opções

Há várias cultivares de salsão, que podem ser classificadas como tradicionais, cultivares de branqueamento natural ou auto branqueadas, cultivares americanas ou verdes, e cultivares de folhas.

Cultivares tradicionais têm hastes das folhas verde esbranquiçadas, rosadas ou avermelhadas, e normalmente sofrem um processo de branqueamento para adquirirem um sabor mais doce e aroma característico.

Cultivares de branqueamento natural são próprias para o plantio com alta densidade de plantas, de forma que a própria folhagem realiza o sombreamento e assim o branqueamento parcial das hastes das folhas. Estas cultivares geralmente têm hastes verde-claras ou creme amareladas.

Cultivares americanas ou verdes têm hastes que são consumidas sem que se realize o branqueamento. As cultivares de folhas são mais apropriadas para condimento, mas suas hastes, que são mais finas, também podem ser utilizadas como verdura.

As cultivares tradicionais são consideradas as de melhor sabor, mas exigem mais trabalho do horticultor em seu cultivo.

Cultivo protegido

O cultivo protegido em estufa consiste em uma técnica que possibilita certo controle de variáveis climáticas, como temperatura, umidade do ar, radiação solar e vento, composição atmosférica, além do solo.

Auxilia na redução das necessidades hídricas (irrigação), por meio do uso mais eficiente da água pelas plantas e aproveitamento dos recursos de produção (nutrientes, luz solar e CO2), resultando em precocidade de produção (redução do ciclo da cultura) e redução do uso de insumos, como fertilizantes (fertirrigação) e defensivos.

Esses controles se traduzem em ganhos de eficiência produtiva, além do que o cultivo protegido reduz o efeito da sazonalidade, favorecendo a oferta mais equilibrada ao longo dos meses. No cultivo protegido, quando se tem conhecimento técnico é possível aumentar a segurança na produção e valorizar ainda mais o produto que, por si só, já é rentável.

Sob esse sistema também é observada a diminuição dos gastos com controle de pragas e doenças, especialmente na produção de mudas, visto que essas plantas produzidas em estufas apresentam menor incidência de pragas e doenças.

Cuidados

Os ganhos em qualidade e em produtividade são apontados como principais vantagens. Um aspecto importante a ser observado é o planejamento da produção, dos custos e do mercado para que possa ser uma ferramenta de alta eficiência.

Há, também, a forma de cultivo conhecida como “semi protegido”, uma vez que não se trata de controle do ambiente, mas apenas de proteção da planta contra chuvas, tendo como benefícios adicionais a redução do uso de defensivos. O túnel evita excessos de chuva, falta de água ou mesmo danos provocados por granizo.

Por outro lado, é necessário considerar as especificidades do cultivo protegido no manejo de solo, de água e, inclusive, da planta para que a ocorrência de problemas não inviabilize e torne excessivamente custosa a produção.

Principalmente no cultivo protegido em solo, cuidados como dosagem de adubos, rotatividade de culturas e aplicação de material orgânico são essenciais para que a prática seja compensadora.

Recomendações

Deve-se conhecer muito bem as espécies que serão cultivadas, principalmente quanto às exigências ambientais e nutricionais, ou seja, conhecer as necessidades fisiológicas das plantas, o ambiente em que serão plantadas, não só em termos de região, mas de localização, coletando informações sobre temperaturas reinantes (máxima e mínima), período de maior chuva, predominância de ventos, culturas adjacentes e permanência de uma mesma cultura.

Em cultivo protegido chama a atenção dos produtores, especialmente porque algumas espécies apresentam limitações em determinadas regiões e épocas do ano. O cultivo em ambiente protegido, por sua vez, tem tornado viável a produção com qualidade durante o ano todo.

Um pelo outro

A vantagem observada está na melhoria da qualidade, principalmente relacionada à aparência e sanidade, com redução do uso de químicos, e a produção em todas as épocas do ano.

Para o sucesso na produção, é necessário a utilização de sementes e material propagativo de boa qualidade e de origem conhecida: com identidade botânica (nome científico) e bom estado fitossanitário; focar a produção em plantas adaptadas ao clima e solo da região; a água deve ser limpa e de boa qualidade.

A qualidade do produto é dependente dos teores das substâncias de interesse, sendo fundamentais os cuidados no manejo e colheita das plantas, assim como no beneficiamento e armazenamento da matéria-prima.

Entre os diversos métodos que são utilizados para a redução da temperatura, a utilização de telas de sombreamento em ambiente protegido vem sendo indicada como uma das soluções de menor custo econômico. No entanto, é importante que se estabeleça níveis adequados de sombreamento, não prejudiciais ao desenvolvimento e à produção das culturas.

BOX

Custo

Para se implantar 1.000 m2 de estufa em cultivo com fertirrigação, o produtor investirá aproximadamente R$ 70.000,00 e seu retorno ocorrerá em três anos. O custo de produção será em torno de R$ 0,12 por maço, com a produção estimada em 9.000 maços por 1.000 m2.

O cultivo protegido melhora a qualidade e produtividade das hortaliças folhosas, além de garantir a produção no período de entressafra. Assim, o sistema caracteriza-se por seu excelente custo-benefício.

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