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Enxofre aumenta colmos e sacarose da cana

Autor

Diego Henriques Santos
Engenheiro agrônomo – CODASP – Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (regional noroeste)
dihens@bol.com.br

O enxofre é um macronutriente aniônico secundário muito importante para o desenvolvimento das plantas, juntamente com o nitrogênio, o fósforo e o potássio. É encontrado na natureza de duas formas: na matéria orgânica (na forma de sulfetos e sulfatos) e livre na natureza, neste caso disponível apenas em depósitos vulcânicos ou sedimentares.

Sua adsorção é melhor em solos argilosos, sendo que em solos arenosos é muito comum a sua lixiviação. Quando o enxofre no solo é limitante, a aplicação de doses elevadas dos demais nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio, pode não resultar em aumento de produtividade, devido ao desequilíbrio nas relações nitrogênio/enxofre e fósforo/enxofre na planta.

Vantagens do enxofre para a cana

O enxofre, assim como o nitrogênio, é um elemento essencial para o bom desenvolvimento e obtenção de altas produtividades na cultura da cana-de-açúcar. As funções do enxofre e do nitrogênio são muito semelhantes e com uma estreita interação no metabolismo da planta.

Como exemplo, a produção de aminoácidos, proteínas, vitaminas, hormônios, bem como a fotossíntese, o perfilhamento e o alongamento dos colmos, são processos metabólicos dos quais o nitrogênio e o enxofre participam conjuntamente, elevando a produtividade de colmos por hectare e o acúmulo de açúcar nos colmos.

Principais sintomas de deficiência do enxofre

O principal sintoma da deficiência de enxofre é a clorose, que aparece primeiro nas folhas jovens. Elas são pálidas com uma margem primeiramente amarelada e depois geralmente avermelhada. As folhas novas em desenvolvimento permanecem pequenas, os caules são finos e o crescimento da planta como um todo é atrofiado. A produtividade também é reduzida.

A deficiência de enxofre geralmente ocorre temporariamente durante os períodos de baixa temperatura. A deficiência de nitrogênio também resulta em clorose uniforme, mas com uma diferença – os sintomas começam nas folhas mais velhas.

Relação direta

Os experimentos de campo mostram que a aplicação do enxofre proporciona um incremento de 10 toneladas por hectare na produtividade de colmos, e que para cada quilo de enxofre fornecido na forma de sulfato de amônio tem-se, em média, 40 kg por hectare de açúcar a mais na cana-planta e 113 kg por hectare a mais na cana-soca.

Uma sequência de ensaios de respostas da cana-de-açúcar à aplicação de enxofre, realizados no Estado de São Paulo, revelou que o enxofre influenciou o teor de açúcar, sendo que, em média, cada quilo de enxofre gerou 50 kg de açúcar.

A iniciativa privada, em parceria com a Unesp – Universidade Estadual Paulista, realizou duas pesquisas em áreas de cana soqueira de terceiro corte. Um dos estudos foi conduzido no município de Guaraçaí, localizado no oeste paulista, e o outro em Areiópolis, também no interior de São Paulo.

O objeto das pesquisas foi analisar a resposta da cana-soca a doses crescentes de enxofre e magnésio, comparado à prática de uso de calcário como fonte de magnésio. Nestes experimentos foram aplicadas doses crescentes de magnésio e enxofre utilizando-se sulfato duplo de magnésio e potássio.

O uso de doses crescentes de magnésio e enxofre promoveu o aumento da produtividade e, consequentemente, da rentabilidade do canavial. As doses de 15 e 30 kg por hectare de magnésio e enxofre, respectivamente, resultaram em retorno médio de 21,4 toneladas de cana por hectare.

Vantagens

A técnica possibilita maior produtividade e redução nos custos médios de produção, gerando lucro adicional aos produtores. A maior produção por hectare pode viabilizar um maior número de cortes, reduzindo custos de reforma do canavial.

Para um manejo adequado, deve-se sempre conhecer os teores de enxofre, realizando um diagnóstico por meio da análise de solo e de macronutrientes do tecido foliar. Considerando teores médios deste nutriente no solo, a dose recomendada por corte é de aproximadamente 50 a 60 kg por hectare.

As áreas com maiores possibilidades de resposta ao enxofre são aquelas com solos de baixa CTC, bem como as áreas sem aplicação de resíduos orgânicos ou de gesso agrícola. A correção do solo com gesso agrícola, além de possibilitar o condicionamento do ambiente, o sub-solo, reduz a saturação por alumínio e eleva os teores de cálcio e enxofre.

Portanto, o gesso agrícola pode ser utilizado como fonte de enxofre a um custo relativamente baixo. Nesse caso, o fornecimento de enxofre estará sendo atendido, em média, por dois cortes.

Outros benefícios

Além dos benefícios no campo, a adubação com enxofre também é de grande importância na qualidade da cana-de-açúcar, essencial em unidades industriais. Diferente de outros nutrientes, como o cálcio, por exemplo, que tem uma quantidade significativa extraída no início de desenvolvimento da cultura, o enxofre é extraído gradualmente e em estágios mais tardios de crescimento, sendo que a maior parte fica alocada nos colmos e são de grande importância para a qualidade da cana.

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