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Energias renováveis – Como usar a tecnologia no campo

Autores

Júlio César Ribeiro
Engenheiro agrônomo e mestre em Tecnologia Ambiental – Universidade Federal Fluminense (UFF)
jcragricola@hotmail.com
Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e mestre em Fitotecnia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
carlosantoniods@ufrrj.br
Fabiana Soares dos Santos
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia e professora – UFF
fabianasoares@id.uff.br

O Brasil apresenta uma matriz energética diversificada, ganhando vantagem na produção de energias limpas das mais variadas formas em decorrência das condições climáticas favoráveis, associadas à vasta extensão territorial, e por sua ampla e diversificada produção agropecuária. Estas condições, em conjunto com o desenvolvimento de políticas públicas, financiamentos e de investimentos em pesquisas de novas tecnologias, tem posicionado o Brasil em uma posição de destaque a nível mundial. 

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o investimento no segmento de produção de energias limpas é crescente. A micro e minigeração de energia distribuídas em residências, comércios, indústrias e propriedades rurais nos últimos seis anos passou de 0,4 MW de potência instalada para 464,5 MW. Neste período, a produção desse tipo de energia no campo passou de zero para 32,4 MW de potência instalada, com tendência de crescimento contínuo e boas perspectivas.

Formas de produção de energia renovável

As principais formas de produção de energias renováveis são por meio da energia eólica, produzida pelo movimento de grandes hélices impulsionadas pelo vento (aerogeradores); energia hidrelétrica, gerada pela força da água que impulsiona turbinas; energia solar, produzida pela radiação solar; e energia gerada pela biomassa, obtida da matéria orgânica de origem vegetal e animal.

Dentre estas opções para a produção de energias renováveis, a energia solar é promissora no País devido às altas taxas de radiação recebidas praticamente durante o ano inteiro. A forma mais comum de aproveitamento da energia solar é a “térmica”, na qual coletores solares captam a energia do sol que pode ser utilizada em sistema de aquecimento de água na propriedade.

Outra forma de aproveitamento é a energia “fotovoltaica”, em que a radiação solar é captada por meio de painéis compostos por células fotovoltaicas confeccionadas de material semicondutor, como o silício, que convertem a energia solar diretamente em eletricidade.

Benefícios

A utilização de energias renováveis, como a fotovoltaica, é uma alternativa sustentável para pequenas, médias e grandes propriedades rurais, e apresenta grande potencial de economia. Se bem dimensionado, o sistema gerador de energia na propriedade rural pode levar à redução da conta em até 95%.

Além da autossustentabilidade e economia financeira do produtor de energia limpa, benefícios socioambientais também são proporcionados pela redução do acionamento de fontes geradoras de energia à base de combustíveis fósseis, como as termelétricas, auxiliando na redução dos impactos ambientais, como a emissão de gases do efeito estufa.

 Os sistemas geradores de energia distribuída localizados próximos aos polos de consumo (cidades vizinhas) possibilitam, ainda, benefícios como a melhoria do nível de tensão da rede no período de carga pesada, evitando a interrupção do fornecimento de energia.

Em propriedades rurais localizadas no interior do País, onde o fornecimento ininterrupto de energia seja necessário em sistemas produtivos, a instalação de painéis solares fotovoltaicos passa a ser uma estratégia promissora para que não ocorra interrupção no fornecimento de energia.

Em campo

Os painéis fotovoltaicos podem ser distribuídos nos telhados das casas e demais estruturas da propriedade rural sem causar perda de área produtiva para sua instalação. Em sistemas agrícolas produtivos, a instalação de placas solares fotovoltaicas para a geração de energia passa a ser útil para uma infinidade de atividades, desde a captação de água em poços artesianos, represas ou lagos reservatórios, até a irrigação, seja ela por meio semiautomatizado ou automatizado, como pivô central. 

Podem ser utilizados para iluminação de estradas e galpões de armazenamento, secadores de grãos, desidratadores de alimentos como frutas, carnes e peixes, bombeamento de água, cercas elétricas, ordenhadeiras, ensiladeiras, além das residências rurais.

Casos de sucesso também ocorrem na utilização de energia solar fotovoltaica para a produção e beneficiamento de cereais, além de outras atividades, como produções hidropônicas, que utilizam motores e bombas elétricas constantemente para a circulação e aeração da solução nutritiva.

Erros mais frequentes

Por se tratar de projetos personalizados às necessidades de cada propriedade rural, esses sistemas geralmente exigem estudos e conhecimento técnico específico para que possam ser dimensionados corretamente.

Falhas em qualquer etapa do projeto afetam a produção de energia e, consequentemente, a atividade agrícola, principalmente em regiões onde a geração depende única e exclusivamente da energia gerada na propriedade.

A escolha de empresas especializadas e certificadas e com profissionais qualificados no assunto é o primeiro passo a ser tomado quando se deseja instalar um sistema de geração distribuída. A partir de então, um planejamento pensando a curto, médio e longo prazos é fundamental para o sucesso da atividade.

Cuidados especiais devem ser tomados com relação ao custo x benefício do sistema gerador mais adequado às características específicas da propriedade, finalidade do sistema gerador, seja para produção de energia para o próprio consumo ou única e exclusivamente para a comercialização, tipo e tecnologia dos equipamentos necessários, valor da tarifa à qual a unidade geradora estará submetida, assim como as condições de financiamento do projeto.

A análise de tais características reduz as possibilidades de insucesso, garantindo a estabilidade e aproveitamento em plenitude dos benefícios dessa atividade.

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