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Regulador de crescimento – Mais produção para a manga

Autores

Anna Carolina Abreu Francisco e Silva
Graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
annacabreufs@gmail.com
Letícia Silva Pereira Basílio
Doutoranda em Horticultura/Agronomia – UNESP/Botucatu
leticia.ufla@hotmail.com
Jullyanna Nair de Carvalho
Doutoranda em Fitotecnia/Agronomia – UFLA
jullyannacarvalho@gmail.com

A manga é uma fruta de origem asiática, muito apreciada ao redor do mundo, principalmente no Brasil. Pode ser utilizada tanto em pratos doces como salgados.

É comercializada quase que exclusivamente na forma fresca, embora também seja encontrada como compota, suco integral e polpa congelada. O Brasil produz anualmente cerca de um milhão de toneladas de manga, sendo a maior parte da produção oriunda da região nordeste do país, sendo a Bahia, Pernambuco e São Paulo os maiores Estados produtores.

É uma fruta que movimenta até R$ 200 milhões em importações e R$ 900 milhões aos produtores, principalmente os da região do Vale do São Francisco, onde atualmente trabalham cerca de 60 mil pessoas.

Um dos principais problemas no cultivo da mangueira, para quase todas as variedades, é a irregularidade na produção, com alternância, quando uma safra de maior produção é seguida de uma safra de menor produção. Contudo, a possibilidade de produção durante o ano todo é o que desperta o maior interesse na exploração da mangueira, nas condições do semi-árido brasileiro.

É sabido que todo fator que reduz o vigor vegetativo, sem alterar a atividade metabólica, favorece a floração, e é o que vem orientando os trabalhos para produção de manga, principalmente aqueles relacionados à utilização de reguladores vegetais, visando atender todos os mercados disponíveis.

O regulador vegetal com maior impacto na produção de mangas é o paclobutrazol (PBZ), que vem sendo muito utilizado em diversas espécies de frutíferas de clima temperado e tropical. Atua inibindo a síntese de giberelinas, fazendo com que se diminua o crescimento vegetativo da planta.

A planta passa a produzir sua parte vegetativa de forma equilibrada, o que permite à planta utilizar sua energia para produzir frutos melhores em qualidade e quantidade várias vezes ao longo do ano. Embora seja muito eficiente, apresenta o inconveniente de ser comumente aplicado no solo, com a maior persistência deste produto tanto na planta como no solo, podendo causar efeitos negativos nas plantas quando ocorrerem erros na dosagem.

Recomendações

Devido à inconstância das condições climáticas, efeito dos problemas ambientais e pelo fato de as estações não serem mais tão definidas, é difícil prescrever uma dosagem correta, principalmente nas regiões subtropicais. A determinação da dosagem a aplicar depende ainda do tamanho e condições de vigor das plantas e tipos de solo e irrigação, sem haver, até então, uma recomendação precisa de aplicação do produto.

Por este motivo, após sete anos de solicitação junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), um produto novo foi registrado no início deste ano. Trata-se do ‘Paclo BR’, cujo princípio ativo é paclobutrazol (250 g/L).

Em termos de produtividade e lucratividade, com o uso deste produto o dossel vegetativo é controlado e a necessidade de podas é reduzida, diminuindo a necessidade de tratos culturais e contratação de mão de obra. Eventualmente, efeitos na qualidade de frutos (cores, tamanhos, maturação e produção) também podem ser observados, o que pode valorizar as frutas durante a comercialização.

Na dose certa

Em mangueiras, recomenda-se que o regulador seja aplicado em plantas com idade para produção durante a época de crescimento e desenvolvimento vegetativo e que se faça a aplicação após a poda e adubação.

A dosagem de paclobutrazol pode variar de acordo com a cultivar, o porte e estado nutricional de cada planta. Sua aplicação pode ser feita diretamente no solo, que garante menores custos, ou por pulverizações foliares, garantindo melhor distribuição do produto na planta.

A aplicação no solo apresenta-se mais eficiente, pois a absorção pelas raízes é mais efetiva e o regulador é transportado pelo xilema até os pontos de crescimento vegetativo, inibindo a biossíntese de giberelinas, reduzindo a divisão celular e o alongamento das células, e pode ser feita na projeção da copa ou junto ao tronco.

É importante que se tenha o cuidado de fazer o controle de plantas daninhas antes da aplicação do produto, assegurando-se que o produto seja aplicado nos locais onde estão concentradas as raízes da mangueira.

Entre 90 a 120 dias da aplicação do produto as plantas começam a apresentar alguns sinais, como ramos sem brotação, folhagem verde escura e floração espontânea. Ao observar estes sintomas, pode-se dar início à aplicação de nitrato de potássio e ou nitrato de cálcio, visando a quebra da dormência das gemas.

O uso do paclobutrazol diminui o crescimento vegetativo das plantas, sem depender da umidade do solo, embora plantas irrigadas apresentem uma maior eficiência na absorção do produto. Ainda, promove boa floração, frutificação e fixação dos frutos, permitindo a produção de manga em qualquer época do ano.

O efeito esperado do produto pode não alcançar os resultados esperados quando utilizado em condições de déficit hídrico ou estresse por qualquer causa, seja hídrico ou causado por pragas e doenças, assim como o uso em plantas muito jovens e que não estão prontas para iniciar a produção de frutos.

Cuidados

O reuso do solo para novos plantios utilizando novas culturas ou para replantio de novas plantas, desrespeitando o intervalo de 180 dias da última aplicação do produto, pode apresentar os efeitos da inibição de giberelina.

Deste modo, o cultivo em consórcio de outras culturas com a mangueira não é recomendado, pois as culturas cultivadas nas entrelinhas podem também ser afetadas pelo produto e apresentar um efeito indesejado. 

Se aplicado nas doses e formas indicadas, o produto não apresenta efeitos fitotóxicos nas plantas que foram tratadas.

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