Autora
Andréia Cristina Silva Hirata
Pesquisadora científica – APTA/SAA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo)
andreiacs@apta.sp.gov.br
Em geral, os solos brasileiros apresentam elevada acidez, a qual deve ser corrigida para o pleno desenvolvimento do sistema radicular das plantas e disponibilidade dos nutrientes. Desse modo, a correção do solo é muito importante nos cultivos agrícolas devido aos benefícios que resultam desta prática.
Comparado a outras culturas, o tomateiro apresenta elevada exigência em adubação, sendo utilizadas altíssimas doses de adubo no sistema de produção da cultura. Esse investimento em adubação, que é parte importante do custo de produção, tem sua eficácia comprometida pela acidez do solo, quando não corrigida. O pH de 6,0 a 6,5 é a faixa onde ocorre disponibilidade adequada da maioria dos elementos.
Manejo
A dose deve ser calculada de acordo com a análise de solo, visando atingir saturação de bases de 80%. O calcário deve ser aplicado em área total cerca de dois a três meses antes do plantio. É importante a sua incorporação a pelo menos 30 cm de profundidade, para um adequado desenvolvimento das raízes da cultura.
O tempo entre a aplicação e o plantio depende da umidade do solo e do PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) do calcário, que determinam a velocidade de reação no solo. A escolha do calcário também é importante, sendo recomendável os que contenham magnésio em sua composição.
Em termos de produtividade
A acidez do solo não corrigida é um fator de decréscimo em produtividade, uma vez que reduz o desenvolvimento do sistema radicular e a absorção de nutrientes. Além disso, os solos ácidos podem conter teores tóxicos de alumínio e manganês que impedem o pleno crescimento da planta.
Desse modo, a calagem associada com os demais fatores de produção contribuem para o aumento de produtividade da cultura, especialmente em solos ácidos. Isso é especialmente importante na cultura do tomate pois, em geral, é implantada em áreas de pastagem devido a questões de pragas e doenças, sendo estes solos mais pobres e com problemas de acidez.
Em campo
A correção do solo traz incremento em qualidade, uma vez que uma planta bem nutrida, com crescimento vigoroso e sistema radicular aprofundado apresenta maior resistência a estresses do ambiente.
Mas, atenção! Em relação a doses de calcário, estas devem ser adequadamente calculadas, pois doses elevadas também são prejudiciais, podendo precipitar alguns elementos, como o fósforo e micronutrientes.
A aplicação somente no sulco de plantio não é adequada e restringe o desenvolvimento do sistema radicular da cultura. O calcário deve ser aplicado em área total.
Há muita confusão em relação ao uso do calcário e do gesso. O gesso, devido a sua alta mobilidade no solo, auxilia na movimentação de cátions nas camadas subsuperficiais, sendo recomendável especialmente quando há baixos teores de cálcio e altos teores de alumínio nas camadas mais profundas, sendo fonte de enxofre e cálcio. Desse modo, favorece o aprofundamento das raízes assim como sua melhor distribuição.
Assim, as doses de calcário devem ser calculadas de acordo com a análise de solo e aplicadas em área total. Quanto ao gesso, deve ser utilizado com critério e de acordo com análise de solo, pois doses inadequadas podem favorecer a lixiviação de cátions como potássio, por exemplo, para fora do alcance das raízes.
Investimento
O custo do calcário é muito baixo, o que encarece o valor do produto é o transporte. Considerando o alto investimento e risco do cultivo do tomateiro e o baixo custo do calcário, principalmente o retorno em relação ao aproveitamento de nutrientes e desenvolvimento do sistema radicular, a correção do solo é etapa fundamental no sistema de produção da cultura, sendo o retorno obtido muito maior que o investimento.