28.6 C
Uberlândia
domingo, maio 5, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosFlorestasFertilizante de liberação lenta no crescimento de mudas de essências florestais

Fertilizante de liberação lenta no crescimento de mudas de essências florestais

 

José Geraldo Mageste

Engenheiro florestal, Ph.D e professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri à disposição da Universidade Federal de Uberlândia

magest@netsite.com.br

 

Abrir matéria - Crédito Viveiro de Mudas Santa IsabelUm dos mais importantes fatores na produção de mudas de essências florestais é a fertilização do substrato. Apesar das variações de exigências entre espécies, é comum uma mistura única de fontes de nutrientes ao substrato seguido de complementações de fertilizações aéreas para as diferentes espécies. Assim procura-se atender às demandas nutricionais de cada espécie.

A utilização de fertilizante de liberação lenta pode contribuir para a obtenção de mudas de melhor qualidade, e por isso passa-se a avaliar as possibilidades do uso desta tecnologia na produção de mudas.

Por outro lado, estes fertilizantes devem ser estudados para uso junto às mudas florestais nas seguintes situações:

  • Ø Para produção de mudas de essências florestais que necessitam ficar longo tempo no viveiro, como as mudas de seringueira, em que os porta-enxertos podem ficar de um a dois anos no viveiro. A utilização de fertilizantes de liberação lenta pode ajudar a acelerar o crescimento inicial destes, antecipando a ocasião de enxertia e facilitando a adoção da “enxertia verde“ (cavalos no primeiro ano de plantio).
  • Ø Especificamente para o Estado de São Paulo, onde é obrigada a produção de mudas de seringueira em substratos suspensos.
  • Ø Na instalação dos povoamentos florestais, quando as mudas de eucalipto, por exemplo, possuem até seis pares de folhas. Elas são produzidas em tubetes de 200 ml de volume, possuem pequeno sistema radicular para absorção dos nutrientes na cova de plantio, antes que estes iniciem as perdas, seja por lixiviação ou adsorção.

Atuação

Existem diferentes tecnologias de produção destes fertilizantes, que podem variar com a natureza química dos mesmos e com o fabricante. Para a maioria destes, o grânulo de fertilizante é envolto por uma camada interna de enxofre, que por sua vez é revestida por outra camada externa de polímeros orgânicos.

Basicamente, o funcionamento geral destes funciona da seguinte maneira. Assim que ocorre o contato da água com a camada de polímeros (ou a absorção de água) o nutriente é solubilizado dentro do grânulo e, por diferença osmótica, passa pelas camadas de enxofre e película externa. Existem diferenças de tempo de liberação de nutrientes, dependendo das estruturas das películas e da camada de enxofre.

Sem legenda (2)

Sem legenda

Benefícios

O benefício nas diferentes espécies florestais vai depender de outros fatores, tais como:

– Existem espécies florestais que são mais exigentes em determinado nutriente do que outros. Um exemplo é o eucalipto para o potássio. Mudas de eucalipto são exigentes em maiores quantidades de potássio, tanto no viveiro quanto nos dois primeiros anos no campo.

Assim, para os fertilizantes de pronta liberação há necessidade de mais de uma aplicação no viveiro, enquanto, misturando a fonte de liberação lenta, evita-se esta operação. Em solos de textura arenosa, exige-se a aplicação parcelada. O aumento de número de parcelas evita perdas por lixiviação e consequente aproveitamento pelas mudas.

– Para cumprir a determinação da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, de produção de mudas de seringueira em viveiros suspensos, a tecnologia de uso de nutrientes de liberação controlada é de grande eficiência. Mesmo nos viveiros fora deste Estado, onde os cavalos crescem em contato com o solo, dentro ou fora de recipientes (sacos plásticos), a mistura destes fertilizantes aumenta a absorção e, consequentemente, leva a um melhor aproveitamento.

– Outro fator que influencia a eficiência desta tecnologia é o nutriente em questão. As formulações de adubação para a cultura da seringueira possuem quatro nutrientes: N, P, K e Mg. Embora seja possível a produção de encapsulados de formulações, a quantidade de magnésio varia com o estágio da muda e em diferentes épocas dos demais nutrientes. Assim, a absorção do magnésio via foliar possui resposta mais imediata quando os cavalos já estão próximos à época de enxertia. Uma solução para este caso é a utilização conjunta de adubação com nutrientes de liberação controlada juntamente com aqueles sem barreiras para liberação.

A definição de qual nutriente escolher para uso desta tecnologia deve estar atrelada aos custos - Crédito Bruna Anair
A definição de qual nutriente escolher para uso desta tecnologia deve estar atrelada aos custos – Crédito Bruna Anair

Recomendação

A decisão de como operar este sistema dependerá das observações do engenheiro florestal que está acompanhando o viveiro ou a instalação no campo. Em anos e condições de temperaturas mais elevadas e boa disponibilidade de água, a suplementação com nitrogênio e potássio prontamente liberados facilitam o crescimento do porta-enxerto ou o arranque de crescimento inicial da muda no campo.

O acompanhamento técnico é essencial para direcionamento da eficiência de absorção de nutrientes. Assim, espécies florestais melhor beneficiadas no viveiro são aquelas que necessitam de crescimento inicial acelerado e apresentam uma facilidade de absorção de nutrientes se houver um crescimento acelerado do volume do sistema radicular, tanto em profundidade (que vai auxiliar sobrevivência e crescimento satisfatórios mesmo com a ocorrência de veranicos) quanto lateralmente (principalmente raízes secundárias).

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro/janeiro da revista Campo & Negócios Floresta. Clique aqui para adquirir já a sua.

 

ARTIGOS RELACIONADOS

Dessecação pré-semeadura para uma boa lavoura

AutoresLeandro Paiola Albrecht lpalbrecht@yahoo.com.br Alfredo Jr. Paiola Albrecht ajpalbrecht@yahoo.com.br Engenheiros agrônomos, doutores e professores – Universidade Federal do Paraná (UFPR) Enoir Cristiano Pellizzaro Engenheiro...

Respostas da alface às algas + bioestimulantes

Vandimilli Araujo Lima Graduanda em agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Rafaella de Paula Avelar Mestranda em Fisiologia Vegetal - UFLA A alface (Lactuca sativa) é...

Calhas: Viabilidade na produção de morango

Autores Mário Calvino Palombini Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural vermelhonatural@hotmail.com Glaucio da Cruz Genuncio Doutor e professor da Universidade Federal de Mato...

Nematoide – A praga que contamina os diferentes solos brasileiros

Bruno Flávio Figueiredo Barbosa Engenheiro agrônomo, doutor e nematologista bruno.ff.barbosa@gmail.com   No atual cenário da agricultura brasileira, diversas pragas causam prejuízos imensos às lavouras de todas as culturas...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!