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Cafeeiros: Respostas dos promotores e retardantes da maturação

Autores

Giovani Belutti Voltolini
Doutorando em Agronomia/Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
giovanibelutti77@hotmail.com
Joana Caroline D’arc Oliveira
João Pedro Miranda Silvestre
Graduandos em Agronomia – UFLA
Fotos: Shutterstock

A agricultura sempre foi um dos grandes alicerces nacionais no que diz respeito à geração de recursos e empregos, além de ser responsável pela produção de alimentos que sustenta a população brasileira e de outros países. Neste sentido, as tecnologias empregadas na produção de alimentos são cada vez mais aprimoradas, contribuindo para a produção sustentável, com maiores produtividades, mais rentabilidade, atenção ambiental e otimização das demandas de serviço inerentes ao sistema de produção.

Neste cenário, a cafeicultura possui grande destaque, isto porque ela é responsável pela geração de milhões de empregos, diretos e indiretos, com características implícitas à cafeicultura familiar, visto que quase 90% dos cafeicultores se enquadram nesta classe.

Tecnologias em processo

Assim, com os avanços tecnológicos, o aprimoramento do cultivo de café fez com que os índices de produtividades fossem cada vez mais elevados. Contudo, recentemente tem-se explorado outro nicho específico na produção de café, que é a busca por grãos de melhor qualidade sensorial.

Sobretudo, a produção de cafés conhecidos como especiais está atrelada, em grande parte, à colheita de frutos no estádio adequado de maturação, que em cafeeiros é caracterizado por frutos de coloração vermelha ou amarela, isto dependendo da cultivar utilizada.

Desta forma, têm-se no mercado algumas tecnologias que atuam no sentido de aumentar a quantidade de cafés maduros na planta no momento da colheita, seja por ação promotora ou retardante à maturação. Assim, os principais produtos utilizados para estes fins são a base das moléculas ethepon e acetato de potássio.

Ethepon

A utilização de produtos comerciais à base de Ethepon é uma das melhores estratégias utilizadas atualmente para influenciar no amadurecimento dos frutos do cafeeiro. Isto porque este produto tem o princípio de acelerar a liberação do etileno, um hormônio diretamente relacionado com o amadurecimento dos frutos.

Assim, este deve ser aplicado quando os frutos já atingiram a sua maturidade fisiológica, ou seja, quando os mesmos já preencheram todos os seus constituintes internos. Ressalta-se que, mesmo estando na maturidade fisiológica, os frutos ainda aparentam estar verdes, isto pela sua coloração, porém, este é o ponto que se pode fazer o uso destes maturadores.

A utilização deste produto precocemente, ou seja, quando os frutos ainda não atingiram a maturidade fisiológica, implica na alteração da coloração dos frutos para a cor amarela ou vermelha, a depender da cultivar, porém, somente do exocarpo, ou seja, da casca, de forma que o mesmo aparenta estar pronto para colheita, porém, ainda imaturo internamente.

Assim, o “timing” de aplicação é essencial para o sucesso desta técnica. A recomendação é que cerca de 95% dos frutos estejam na condição de maturidade fisiológica.

Mais dicas

Ainda com relação à aplicação, este produto tem ação somente por contato, não sendo sistêmico, de forma que as tecnologias de aplicação são muito importantes para a eficácia da aplicação, recomendando, assim, maiores volumes de calda, com pontas de aplicação em cone cheio e com maior pressão, para que o produto atinja todos os frutos da planta

No entanto, erros em sua aplicação podem desequilibrar os teores de etileno na planta, podendo ocasionar, dependendo da lavoura e das condições de aplicação, maior desfolha após o período de colheita. Assim, quando este produto é aplicado corretamente, não promove desfolhas acentuadas, não afetando o estado da planta.

Acetato de potássio

Por outro lado, quando se pensa na manutenção do fruto maduro na planta por mais tempo, pode-se utilizar outra linha de produtos, que consistem em retardar o processo de amadurecimento dos frutos por meio da inibição da biossíntese do etileno. Desta forma, os frutos maduros permanecem assim por mais tempo, e os frutos verdes vão amadurecendo para que, no momento da colheita, seja possível obter maior quantidade de frutos maduros.

O momento da aplicação deste produto é mais variável, quando comparado ao maturador citado anteriormente, porém, alguns trabalhos indicam que a aplicação pode ser feita quando cerca de 40% dos frutos da planta estiverem maduros.

Importância

A busca e o consumo de cafés especiais têm crescido de modo acelerado recentemente. Assim, diversos produtos estão sendo utilizados na cadeia produtiva do café para aprimorar o sistema de produção, como os produtos mencionados anteriormente.

Sobretudo, ressalta-se que a qualidade do café está estreitamente relacionada com a quantidade de frutos maduros colhidos. Assim, por meio do uso destas técnicas, maiores quantidades de cafés maduros são colhidas, aliado também à maior possibilidade de utilização da técnica de descascamento de café, que assegura a oferta de cafés com maior ágio, e para atingir mercados específicos, como os de café espresso.

Estas técnicas também podem ser utilizadas como forma de otimizar a logística de colheita, de forma que o escalonamento dos talhões da propriedade utilizando estes produtos permite maior tempo de colheita de frutos maduros, com menores quantidades de cafés de varrição.

Resultados

Em alguns trabalhos publicados em periódicos científicos, a utilização do retardador de amadurecimento acetato de potássio aumentou em 12,43% a quantidade de frutos maduros no momento da colheita, enquanto outros trabalhos relatam aumento próximo a 25%. Isso sugere que ainda há variação quanto à época de aplicação deste produto, que implica em diferentes resultados de aumento percentual dos frutos maduros.

Quanto ao maturador, ou seja, o ethepon, é possível encontrar resultados de aumento no teor de cafés maduros entre 5,0 e 50%, indicando grande variação. Isto é possível devido às tecnologias de aplicação que, como mencionado anteriormente, influenciam diretamente no resultado da aplicação

Custo-benefício

Em se tratando de dois produtos com elevado investimento em aquisição, a análise de custo-benefício deve ser feita para que não haja grandes variações no custo de produção, visto que a produtividade não será alterada, e sim a possibilidade de agregar maior valor ao produto final, seja pela opção de processamento via úmida, ou seja, cafés descascados, ou também para produção de cafés especiais.

Geralmente, o investimento na utilização destes produtos é de aproximadamente R$ 500,00 por hectare, dependendo da dose utilizada.

Por fim, ressalta-se que ambas tecnologias têm muito a contribuir para a cafeicultura, porém, suas utilizações são muito técnicas, demandando grande conhecimento por parte do cafeicultor, para que estes produtos sejam posicionados na época correta, na dose certa, com os equipamentos ideais, seguindo adequadas tecnologias de aplicação, para que assim o resultado final seja satisfatório.

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