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InícioArtigosHortifrútiAlerta: Patógenos de solo na batateira

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores

Maria Idaline Pessoa Cavalcanti
Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com
José Celson Braga Fernandes
Engenheiro agrônomo, doutorando em Biocombustíveis UFU/UFVJM e Fundador da Agro+
celsonbraga@yahoo.com.br

A batateira é acometida por diversas doenças, sendo aquelas causadas por patógenos de solo as mais difíceis de serem manejadas. Entre elas, o cancro de rhizoctonia, ou rizoctoniose, causada pelo fungo de solo Rhizoctonia solani, está entre as mais comuns e que causam maiores prejuízos à lavoura.

Este patógeno ocorre com frequência nas principais regiões produtoras de batata do mundo. Sua presença é mais comum em solos cultivados intensivamente e onde não se pratica a rotação de culturas com espécies não hospedeiras (Souza-Dias e Iamauti, 2005).

Sintomas

 Como principais sintomas, tem-se a clorose e o enrolamento das folhas, normalmente mais severos na parte apical da planta, podendo confundir com os sintomas do vírus do enrolamento das folhas (PLRV). Outros sintomas reflexos são a formação de tubérculos aéreos, enfezamento geral da planta e murcha (Frank, 1990; Souza-Dias e Iamauti, 2005, Wale et al., 2008).

Em algumas cultivares, pode ocorrer pigmentação de cor púrpura nas folhas, devido ao acúmulo de antocianina (Souza-Dias; Iamauti, 2005), sendo que este tipo de sintoma também pode ser causado pelo ataque de fitoplasma (Wale et al., 2008).

Regiões mais afetadas

Devido à alta severidade do patógeno, ele pode atacar todos os órgãos da planta, inclusive sua parte aérea, quando em condições de alta umidade do ar. Entretanto, o ataque é mais comum nos órgãos subterrâneos da planta ou naqueles próximos ao solo.

Quando o fungo ataca as brotações do tubérculo, pode causar o retardamento da emergência e/ou morte dos brotos; resultando em menor estande, desenvolvimento irregular das plantas e consequente redução na produção. Os brotos atacados podem emergir, apresentar cancros, que podem crescer, levando-o à morte (Wale et al., 2008; Zambolim et al, 2011).

 Nos tubérculos, este pode apresentar uma crosta preta, também chamada de mancha asfalto, que é resultante da formação de escleródios do patógeno na sua superfície. Tubérculos infectados podem ainda apresentar sintomas de rachaduras, malformação e necrose (Frank, 1990; SOUZA-DIAS E Iamauti, 2005; Wale et al., 2008).

Formas de controle

Por se tratar de doença causada por patógeno de solo e não existirem variedades de batata resistentes, seu controle deve ser feito preferencialmente de modo preventivo. O controle de rizoctoniose em batata é muito difícil, pois o patógeno sobrevive no solo, em tubérculos e restos culturais sob a forma de hifas ou escleródios, possui ampla gama de plantas hospedeiras, elevada agressividade e grande diversidade genética (Tsror, 2010; Muzhinji et al., 2015).

Além disso, cultivares de batata com níveis aceitáveis de resistência à doença não são disponíveis (Tsror 2010) e a eficácia dos fungicidas disponíveis é variável (Campion et al., 2003; Lehtonen et al., 2008; Özer; Bayraktar, 2015)

São recomendados o plantio em áreas isentas do patógeno ou sem histórico de ocorrência do mesmo, a rotação de cultura, o enterrio ou destruição de restos de cultura e o plantio raso (para favorecer a rápida emergência dos brotos).

Como o patógeno é transmitido pelo tubérculo-semente, recomenda-se o uso de sementes sadias ou o seu tratamento com fungicidas (Frank, 1990; Nazareno; Jaccould FilHO, 2003; Souza-DiaS; Iamauti, 2005, Zambolin et al., 2011). Entretanto, o uso de semente sadia ou tratada não será eficiente se o plantio for feito em solo infestado (Nazareno; Jaccoud Filho, 2003, Frank, 1990).

Fique atento

No Ministério da Agricultura existem dez fungicidas registrados para o controle da doença. Entretanto, o controle químico desta doença nem sempre é viável técnica e/ou economicamente (Zambolim et al., 2011).

Produtos químicos para o controle de doenças de plantas ainda são muito utilizados. No entanto, a sua limitação quanto à eficiência e à quantidade a ser utilizada para essa finalidade dificulta o controle. Isso porque a maioria dos produtos são eficientes apenas quando aplicados de forma preventiva.

Além disso, produtos químicos, pelo seu alto poder residual, podem causar danos ambientais, podendo contaminar os solos e mananciais hídricos (Michereff et al., 2005).

Os óleos essenciais atualmente apresentam uma grande importância devido a atividade antifúngica que é atribuída aos seus componentes, como carvacrol, acetato alfa-terpineol, cimene, timol, pinene e linalol, dos quais a atividade antimicrobiana é bem conhecida (Andrés et al., 2012; El-Mohamedy, 2017). Na busca por medidas de controle mais eficientes, a obtenção de óleos essenciais pode representar uma potencial ferramenta de proteção fitossanitária.

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