Autor
Daniel da Silva Souza – Engenheiro florestal e geógrafo – geocentrosul@gmail.com
Os cortes intermediários são comuns durante o manejo florestal para a melhoria dos talhões. Um corte intermediário pode gerar inúmeros benefícios, tais como: ganho de estabilidade do plantio, aperfeiçoamento da estrutura do povoamento, melhoria do estado sanitário e incremento da qualidade de madeira produzida.
Estes cortes podem ser classificados em quatro tipos: de limpeza, de liberação, de melhoria ou de recuperação.
Necessidade
Os cortes de limpeza são realizados quando há elevada concorrência entre indivíduos desejáveis e indesejáveis (aqueles que emergem naturalmente no interior dos talhões). Prejuízos nas copas dos indivíduos desejáveis, em função da concorrência, são indícios a serem considerados para realizar a marcação dos indivíduos para o corte de limpeza.
Em florestas plantadas, estes cortes ocorrem durante o crescimento inicial do povoamento. Para florestas nativas, uma das maiores vantagens está no incremento das espécies de interesse e, consequentemente, no ganho de valoração econômica da floresta.
Os cortes de limpeza podem ser conduzidos juntamente com os cortes de liberação. O objetivo deste corte é liberar indivíduos jovens para que expressem maior crescimento. Em florestas nativas, o corte de liberação pode promover a regeneração de indivíduos de interesse comercial. Em plantios, o corte de liberação é mais comum em povoamentos mistos.
Quanto aos cortes de melhoria, estes normalmente não são realizados se os cortes de limpeza e de liberação forem executados corretamente. Caso contrário, eles ocorrerão na fase posterior ao crescimento inicial e terão como finalidade o aprimoramento da composição do povoamento. Nesta intervenção silvicultural, a marcação e eliminação de indivíduos – seja da espécie de interesse ou de espécies invasoras – serão realizadas.
Objetivo
Os cortes de recuperação visam a supressão de indivíduos senescentes, mortos ou danificados por patógenos ou fatores externos. Árvores doentes ou comprometidas podem ser fontes de propagação de patologia para outros indivíduos do povoamento, e por isso devem ser removidas.
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Os desbastes são operações de maior envergadura quando comparados aos cortes intermediários. Eles exigem amplo domínio e conhecimento para que o método de desbaste seja adequado, assim como a definição do ciclo, do peso e do grau de desbaste a ser conduzido no povoamento.
Antes do desbaste é preciso classificar as árvores em dominantes, co-dominantes, subdominantes ou dominadas. Essa classificação é imprescindível, dependendo do método de desbaste escolhido.
Árvores dominantes são as maiores e recebem iluminação solar direta na parte apical e em boa parte nas partes adjacentes. As co-dominantes são imediatamente menores que as dominantes e recebem iluminação solar apenas em parte da composição apical. As laterais destas árvores recebem pouca iluminação direta.
As subdominantes apresentam dimensões ainda menores e recebem iluminação solar direta apenas nas extremidades da copa. Já as dominadas não recebem luz solar em nenhuma parte de sua estrutura.
Métodos
Para a marcação do desbaste, é necessário escolher o método que será utilizado: seletivo, sistemático ou misto. No método seletivo, as árvores são cortadas em função da sua classe de dominância ou da forma e qualidade do fuste.
No método sistemático, linhas inteiras são cortadas, enquanto outras são mantidas. O método misto combina o método sistemático ao seletivo. No método seletivo é preciso atenção para não gerar pontos totalmente sem indivíduos e pontos com grande concentração de árvores.
Os desbastes devem ser conduzidos com seriedade técnica e cautela. São operações que demandam custos operacionais significativos e nem sempre são acompanhadas de retornos econômicos equivalentes.
É muito comum haver excessos no volume desbastado para fazer frente aos custos. Essa situação pode desestabilizar o povoamento e reduzir a produtividade final. Os desbastes também devem ser pensados antes mesmo da implantação do povoamento, pois o espaçamento escolhido pode representar maior ou menos custos durantes os desbastes.
Um pelo outro
A marcação dos desbastes deve ser coerente com o método escolhido. O mais comum é que as árvores a serem retiradas sejam marcadas em função do diâmetro limite de corte (definido no plano de manejo) ou da classe de dominância.
A vitalidade e a sanidade, assim como a qualidade e forma do fuste também são critérios considerados para marcar árvores que serão retiradas. A distribuição espacial das árvores é muito importante e deve ser observada durante a marcação.
Em campo, a marcação pode ser feita com tinta líquida ou spray, dando preferência para cores vivas e fortes. Fitas também podem ser utilizadas, mas a marcação por tinta ou spray tem apresentado melhor rendimento.