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Controle fitossanitário da cana

Autores

Mateus Henrique Tavares Gomes mateus.tavares1353@gmail.com

Anderson de Jesus Campos Teodoro ateodoro96@gmail.com

Graduandos em Agronomia – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos – Ourinhos/SP (UNIFIO)

Aline Mendes de Sousa GouveiaEngenheira agrônoma, doutora em Agronomia e professora – UNIFIO – aline.gouveia@unifio.edu.br

Cana – Crédito: José Francisco Garcia

Novas técnicas para melhoria da produtividade canavieira envolvem a gestão de plantas daninhas e o controle de pragas. O setor sucroenergético pode contar com defensivos que não só controlam doenças, pragas ou plantas daninhas, mas que agem no sistema da cana, contribuindo para o aumento de açúcar.

Os defensivos químicos inovam, se tornam menos tóxicos, mais seletivos, mas o que também se expande no campo é controle biológico de pragas.

Panorama

O Brasil se destaca como maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Esta cultura é uma das mais importantes e representativas do agronegócio nacional, que corresponde a cerca de 40% da produção mundial.

Além de liderar o ranking de produção de cana-de-açúcar, o Estado de São Paulo se destaca também pelas maiores produtividades e investimentos em novas tecnologias voltadas para exploração da cultura no Brasil.

Entretanto, com o estabelecimento dessa monocultura, vieram também os problemas fitossanitários, principalmente associados às mudas que eram importadas. Dessa forma, foram descritas várias doenças de plantas, cujas ocorrências foram contornadas com a substituição das variedades suscetíveis por resistentes.

Desafios fitossanitários

Dentre os principais problemas fitossanitários enfrentados pela cultura da cana-de-açúcar, a interferência sofrida pela presença de plantas infestantes nos canaviais apresenta grande destaque, sobretudo por provocar perdas em produtividade de até 85%, quando não controladas adequadamente.

A cana-de-açúcar, apesar de apresentar ciclo C4 e usar de maneira altamente eficiente os recursos disponíveis para seu crescimento e desenvolvimento, é muito afetada nas fases iniciais de crescimento, quando concorre por luz, água e nutrientes com as plantas infestantes, principalmente por gramíneas e ciperáceas.

Estima-se que cerca de mil espécies dessas plantas habitam o agroecossistema da cana-de-açúcar nas diversas regiões produtoras do mundo, causando perdas significativas no rendimento agrícola desta cultura, além de interferir de forma indireta, pois servem como hospedeiras de patógenos, espécies de nematoides e abrigo de insetos pragas-chave para a cultura.

As doenças da cana-de-açúcar são muito graves porque causam a degenerescência das variedades em cultivo, obrigando a sua substituição periódica. Esta cultura apresenta mais de 200 doenças, causadas por fungos, bactérias, vírus, fitoplasmas e nematoides, relatadas em diferentes países produtores. 

Dentre as doenças de maior importância para a cana-de-açúcar no âmbito mundial, duas delas são causadas por bactérias: raquitismo de soqueiras e escaldadura das folhas. Doenças causadas por vírus provocam grandes reduções no conteúdo de sacarose da planta, com consequentes reduções no rendimento da cultura.

Possibilidades

Equipes multidisciplinares de pesquisadores têm trabalhado para compreender os problemas fitossanitários e encontrar formas modernas e mais eficientes de minimizá-los. As possibilidades disponíveis hoje no setor são diversas, como o uso de materiais resistentes, que permitem atenuar estes problemas fitossanitários.

Outro ponto relevante nesta área é o uso de tecnologias digitais em todas as etapas do manejo do canavial, que tem sido uma ferramenta cada vez mais importante na busca por maiores produtividades e pela redução de custos de produção, devido ao uso mais eficiente de insumos no controle químico.

Vale destacar que de todos os produtos fitossanitários registrados no Brasil para cana-de-açúcar, aproximadamente 40% do que é comercializado corresponde à classe de herbicidas, e o restante é dividido entre os produtos para controle de pragas.

Tecnologias entram em campo

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Tem-se notado, nos últimos anos, um crescimento acelerado no uso de produtos biológicos para estes fins, com emprego de aplicações mais racionais e eficientes, com auxílio de sistemas de diagnose e monitoramento destas pragas e doenças, incluindo principalmente o uso de drones.

O drone detecta e mapeia a infestação de lavouras de cana por plantas daninhas, pragas e doenças, gerando informações precisas para planejamento e execução de operações de manejo, trazendo benefício ao produtor devido ao uso mais racional e sustentável de defensivos agrícolas.

Um drone é capaz de sobrevoar, em condições normais de clima e vento, 60 hectares a cada 40 minutos, já considerando o período de troca de bateria. A otimização do tempo e do trabalho efetuado em comparação a outros maquinários e implementos utilizados para este fim mostra-se compensador, pois apresenta na ordem de 40 a 50% de rendimento operacional. 

Manejo integrado de pragas

Para reduzir o prejuízo causado pelas pragas, de maneira tecnicamente correta, economicamente viável e segura para o ambiente é a aplicação do MIP (manejo integrado de pragas), que sugere o uso combinado e integrado de inseticidas químicos e biológicos no controle de pragas.

A partir deste conceito, surge a utilização do controle biológico com parasitas naturais como a Cotesia flavipes, Trichogramma galoi, Metagonystilum minense e Paratheresia claripalpis. Esses parasitoides se alimentam das pragas que são atuantes na cultura, possuem fácil manipulação e baixo custo.


Para implantar e elaborar um MIP deve-se atentar para alguns pontos importantes, como:

Ü Englobar a identificação das pragas mais importantes, a exemplo da broca-da-cana;

Ü Avaliar os inimigos naturais, devido à sua interferência na mortalidade natural do agroecossistema;

Ü Os efeitos agroclimáticos sobre a dinâmica da população da praga e do inimigo natural;

Ü Determinar o nível de dano econômico e de controle para não perder o “time” de aplicação do defensivo;

Ü Monitoramento das populações de pragas e a avaliação da eficiência do controle e seus impactos sobre os demais organismos. Lembrar-se que é necessário abordar esta técnica em cana-planta e cana-soca.


Ponto de decisão

Portanto, reconhecida a importância econômica de determinada praga, como exemplo a broca-da-cana, a decisão sobre a medida de controle é baseada no nível de dano econômico, que é variável a cada ciclo da cultura. O levantamento populacional da broca-da-cana deve ocorrer entre dois a quatro meses após o plantio ou o corte, fazendo em média dois pontos de cinco metros por hectare, pois a cada 1% de infestação pela broca perde-se, em média, 0,77% em produção da cana.

Dessa forma, para facilitar o manejo pode-se optar pelo auxílio do drone, com mapeamento e monitoramento da área canavieira para fazer a liberação eficiente de C. flavipes, por exemplo.

É preciso mão de obra qualificada para analisar as condições do canavial, do clima e de aplicação para se obter sucesso na liberação da C. flavipes. O planejamento e treinamento de equipes técnicas responsáveis é de suma importância para que não se erre o time de controle e aplicação. Para auxiliar neste processo, investir em tecnologia, como uso e plantio de variedades Bt, também se mostra uma ótima opção.

Em termos de produtividade, a cana-de-açúcar é uma das principais culturas agrícolas produzidas no Brasil com maior aporte e reconhecimento econômico. Neste contexto, é importante ressaltar a importância do controle fitossanitáro preventivo e curativo, para evitar prejuízos na produção do canavial que podem chegar na ordem de 40% na produtividade.

Sem errar

O erro mais frequente é observado na perda do time de controle e aplicação do controle fitossanitário, em mão de obra escassa e/ou desqualificada e falta de planejamento, que podem acarretar prejuízo e insucesso das tecnologias de controle fitossanitário.

O custo de adoção de medidas de controle pode ter como base, e de forma simplificada, a densidade populacional de pragas, por exemplo, capaz de causar perdas econômicas. O NDE pode ser calculado pela fórmula:

NDE (%) = (Valor da produção da cultura/ Valor da aplicação) x 100

Para melhor compreensão, vamos a um exemplo:

– Valor da produção da cultura = R$ 1.000;

– Valor da aplicação = R$ 100

NDE (%) = (100/1000) x 100 = 10%

Assim, o controle se justifica somente quando a densidade populacional atingir nível suficiente para ocasionar perda de 10% na produção.

– O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, correspondendo 40% da produção mundial

– A cultura tem mais de 200 doenças, causadas por fungos, bactérias, vírus, fitoplasmas e nematoides

– As plantas daninhas podem causar perdas em produtividade de até 85%

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