Os danos causados pelo estresse hídrico à produção agrícola dependem da intensidade e da duração da deficiência hÃdrica. Com o estresse severo (escassez de água por tempo prolongado), o prejuízo pode ser total. Por outro lado, sob um estresse moderado (déficit hídrico moderado por pouco tempo) os danos podem ser reversÃveis e/ou causar impacto menor à produção.
Os prejuízos também estão fortemente relacionados ao material genético (espécie, ou mesmo cultivar) que está enfrentando a falta de água. Com culturas mais tolerantes como, por exemplo, alguns cultivares de soja ou de cana-de-açúcar, as perdas podem ser menores, mas com materiais mais suscetíveis, como hortaliças em geral, as perdas podem ser totais, segundo Gustavo Maia Souza, biólogo, professor e doutor em Fisiologia do Estresse e Ecofisiologia Vegetal, coordenador do Laboratório de Inteligência em Plantas e Ecofisiologia Vegetal “Ulrich Lüttge“, da Universidade do Oeste Paulista (LIPEUL/UNOESTE), membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal (SBFV).
Condições para o estresse
Em geral, o estresse hídrico é intensificado nos períodos mais quentes do ano, com pouca pluviosidade, em que o balanço hídrico (diferença entre a quantidade de chuva e as perdas por evaporação do sistema solo-planta) tende a ser negativo.
Maiores temperaturas levam a uma redução da umidade relativa do ar, e por consequência a um aumento da demanda atmosférica por vapor de água, causando o que pode ser chamado de “seca atmosférica“ e leva a planta a perder ainda mais água em um período de escassez hÃdrica no solo, aumentando o estresse da planta.
Como minimizar os efeitos do estresse hídrico
As possibilidades de minimizar os efeitos do estresse hídrico dependem de vários fatores.
Escolha do cultivar: em regiões com histórico de falta de água, Gustavo Maia ressalta a importância de se escolher plantas com maior tolerância à seca. Mesmo em uma única espécie, podem estar disponíveis no mercado cultivares com diferentes níveis de tolerância à seca, como é o caso da soja.
Manejo: em ambientes com histórico de deficiência hÃdrica, o uso de irrigação é a maneira mais eficiente de reduzir danos. O problema está no custo dessa tecnologia. Por outro lado, o manejo do espaçamento também poderia reduzir os efeitos do estresse. Por exemplo, em regiões muito quentes, com altos níveis de luminosidade, um espaçamento mais adensado aumenta o autossombreamento da cultura, cria um ambiente mais ameno e pode reduzir as perdas de água por evaporação.
Uso de telas de sombreamento: particularmente em cultura de hortaliças, o uso de telas de sombreamento poderia minimizar significativamente os efeitos da deficiência hÃdrica, sobretudo as de causa atmosférica. Telas de diferentes cores também podem ter efeitos diferenciados para culturas diferentes, dependendo da região de produção. Por exemplo, para a cultura da rúcula, no oeste Paulista, telas vermelhas são as mais recomendadas.
Nutrição adequada: plantas bem nutridas respondem melhor a qualquer tipo de adversidade. Alguns nutrientes, como o potássio, por exemplo, podem ajudar as plantas na regulação da transpiração para reduzir as perdas de água.
Uso de biorreguladores
Os biorreguladores
Os biorreguladores são substâncias que influenciam a fisiologia e o desenvolvimento das plantas, tanto positiva quanto negativamente. O professor Gustavo Maia esclarece que tudo depende do tipo de substância, da sua dose de aplicação e das condições de crescimento da planta.
Assim, vários biorreguladores, como a citocinina, giberelina e auxina, em combinações e doses adequadas, podem prevenir e/ou remediar os efeitos da deficiência hÃdrica sobre as culturas, reduzindo as perdas de produção.