Autores
Herika Paula Pessoa – Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) – herika.paula@ufv.br
Ronaldo Machado Junior – ronaldo.juniior@ufv.br
Ramon Gonçalves de Paula – ramondepaula22@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Fitotecnia e doutorandos em Genética e Melhoramento – UFV
A nutrição mineral adequada é fundamental para bom desenvolvimento das culturas e altas produtividades. Apesar de não ser considerado um nutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas, efeitos benéficos do silício foram observados em inúmeras espécies.
Na cultura da soja, especula-se que a utilização de fertilizantes silicatados possam influenciar o processo de nodulação, aumentando a quantidade de nódulos nas raízes. O silício atuaria durante o estabelecimento da relação simbiótica entre as bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium japonicum) e as plantas de soja.
Comprovação científica
Em experimentos em condições controladas, a aplicação de silício aumentou a biomassa total, o comprimento e a massa da raiz. Em leguminosas como a soja, que têm o potencial de formar nódulos, esse aumento no comprimento e volume da raiz implicaria em um aumento no número de locais potenciais para infecção pelos rizóbios, o que, por sua vez, levaria ao aumento da nodulação e da fixação de N.
Além disso, como o Si está ligado ao metabolismo de compostos fenólicos, é possível o seu envolvimento na síntese ou em processos bioquímicos de isoflavonóides, relacionados à expressão dos genes que induzem a formação dos nódulos.
Opções
Diferentes empresas possuem em seu portfólio produtos destinados à suplementação de silício. Cada empresa e produto possuem recomendação de utilização diferente. As aplicações podem ser parceladas a cada 20 dias do pré-florescimento até o enchimento das vagens e antes da aplicação de herbicidas pós-emergentes, ou em quatro aplicações realizadas nos estádios V4 (três folhas completas expandidas), R1 (início do florescimento), R3 (início da frutificação) e R5 (início da formação da semente).
Outras empresas recomendam adotar a aplicação de acordo com a escala fenológica da cultura, sendo a primeira aplicação feita no estágio V8 (46 dias após a semeadura), a segunda em R1 (60 dias após a semeadura), e a terceira em R5.1 (88 dias após a semeadura). As doses também variam de acordo com o fabricante e produto. O produtor deve sempre se atentar para as recomendações do fabricante.
Por que usar o silício
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Podemos encontrar diversos trabalhos científicos que relatam diversos efeitos positivos do uso do silício na cultura da soja. Eles estão relacionados principalmente com a resistência às pragas e doenças, bem como a diversos tipos de estresses abióticos, tais como altas temperaturas, déficit hídrico e toxidez de ferro e manganês às raízes.
Este micronutriente auxilia não apenas na produção de nódulos nas raízes, mas também melhora a resistência a pragas, patógenos e ao déficit hídrico, além da melhoria na qualidade da cultura e produtividade. Estudos indicam que o silício também contribui para o aumento da clorofila, metabolismo da planta e absorção de nutrientes.
Os principais erros da utilização do silício estão relacionados à escolha da fonte a ser utilizada. Na maioria das vezes o Si é fornecido via solo, por meio do uso de escórias de siderurgia na forma de silicatos de cálcio e magnésio, que são fontes de baixíssima solubilidade em água e, dependendo da origem, podem apresentar traços de metais pesados.
No entanto, a planta absorve exclusivamente o silício na forma de monossilícico (ácido ortosilícico), sendo essa forma monomérica de ácido silícico encontrada na água doce e salgada em baixas concentrações (< 10-4 M), e se gelatiniza como sílica gel em elevadas concentrações ou baixo pH.
Indicações
A indicação do uso e aplicação do silício deve ser acompanhada por um profissional habilitado, o qual pode orientar o produtor desde a aquisição dos produtos até a forma de aplicação. Além disso, é importante adquirir o produto de empresas idôneas.
Como já mencionado anteriormente, a aplicação do Si na cultura da soja pode trazer inúmeros benefícios não apenas no processo de nodulação, como também maior tolerância a estresses bióticos e abióticos, acréscimos de fitomassa seca na fase reprodutiva e na taxa de crescimento, entre outros.
O somatório de todos esses efeitos positivos pode trazer incrementos significativos de produtividade e justificar o investimento do produtor nessa tecnologia.