Todas as importações de etanol dos EUA no Brasil agora enfrentam uma tarifa de 20%, após o vencimento de uma cota brasileira, no dia 14 de dezembro, que permite importações sem tarifa de 187.500 m3 do produto norte-americano.
Os participantes do mercado não esperavam uma segunda renovação do mercado de cotas, divulgado em 14 de setembro, principalmente devido ao novo cenário político internacional e às incertezas sobre a extensão da cota de açúcar do Brasil para os EUA, uma antiga solicitação dos produtores do Nordeste brasileiro.
Embora a demanda brasileira de combustível tenha sido fortemente prejudicada pela pandemia de coronavírus, a oferta interna e as importações de etanol anidro também foram reduzidas ao longo do ano, criando uma necessidade de importações para atender a demanda estimada no primeiro trimestre de 2021.
Se a demanda do ciclo Otto no primeiro trimestre for 0,4% maior no ano, a análise da S&P Global Platts estima que 210 milhões de litros precisarão entrar no Brasil para atendê-la. De novembro de 2020 a março de 2021, a necessidade de importação foi reduzida em 27%, de uma estimativa anterior de 400 milhões de litros para 291 milhões de litros. A maior parte dessa queda nas necessidades de importação é resultado dos produtores de etanol de cana do Centro-Sul, que direcionaram mais a cana para a produção de etanol anidro em vez de hidratado.
O etanol anidro é usado no Brasil em um nível de mistura obrigatória de 27% na gasolina, enquanto o hidratado é o biocombustível independente E100 do Brasil.
Em novembro, a produção de anidro da cana-de-açúcar totalizou 783 milhões de litros, maior produção do mês desde 2016, enquanto a produção de etanol anidro de milho somou 71 milhões de litros, 100% superior no ano.
Os produtores nacionais reduziram a exposição internacional do Brasil ao anidro convertendo o hidratado nele. Só nos últimos 15 dias de novembro 176 milhões de litros de etanol hidratado foram convertidos em anidro
Apesar da extensão da cota de importação de 14 de setembro para 14 de dezembro, segundo a qual 187.500 m³ poderiam entrar na cota livre de 20% do imposto de importação, os dados oficiais de importação mais recentes mostram que de 1º de setembro a 30 de novembro apenas 58.000 m³ entrou no país, ou apenas 31% da cota total no período.
A falta de importações foi atribuída principalmente às incertezas da demanda e à forte desvalorização do real em relação ao dólar norte-americano, o que limitou a arbitragem de importação até mesmo para o mercado de cotas.
Pelos cálculos da S&P Global Platts, a arbitragem de importação permaneceu fechada, no mercado de cotas, de abril a agosto, quando se abriu uma pequena janela para importação de anidro dos EUA para o Norte-Nordeste. A arbitragem começou a incentivar os importadores apenas em novembro, quando a avaliação do DAP Suape anidro da Platts atingiu o patamar de R$ 3,00/litro e as importações americanas livres de impostos poderiam cair para abaixo de R$ 2,80/litro.
A principal virada de jogo que pode começar a estimular novas importações tem sido a atual valorização do real em relação ao dólar norte-americano, que subiu para R$ 5,1093/US $ 1 no dia 14 de dezembro de R$ 5,4321 /US$ 1, no dia 16 de novembro.
A Platts calculou que o etanol anidro dos Estados Unidos entregue no porto de Suape, incluindo custos de nacionalização, tarifa de importação de 20% e PIS/Cofins em reais 2.998/m³, ou R$48/m³ a mais do que a última avaliação DAP Suape anidro da Platts, publicada em 11 de dezembro. O cálculo sem a tarifa de importação de 20% cairia para R$ 2.546/m³.
Os importadores não se arriscaram a importar out of the money, o que significa que ninguém vai assumir uma posição comprada no etanol anidro americano para abastecer o mercado brasileiro no atual cenário de arbitragem fechada. Isso é favorável para os produtores de NNE, que não devem ver grandes volumes entrando na região nos próximos meses.