Rafael Rosa Rocha – Engenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) – rafaelrochaagro@outlook.com
O manejo integrado de pragas (MIP) parte do uso de diferentes estratégias para controle e convivência com a praga. Destaca-se a busca de inseticidas seletivos ou o uso seletivo deles e o prolongamento da vida útil dos inseticidas eficientes contra este inseto.
Ambas as opções podem ser implementadas mediante a avaliação de novos produtos, o aperfeiçoamento dos métodos de aplicação e o monitoramento constante dos níveis de resistência de mosca-branca em áreas específicas, para realizar rotação dos inseticidas, no contexto de outras práticas próprias do MIP.
Devido às características do inseto, o controle químico tem sido o método mais empregado, todavia, seu uso intensivo em alguns sistemas de produção pode conduzir ao aparecimento de populações resistentes.
Alerta
Altas populações tornam-se difíceis de controlar, bem como a exposição repetida aos inseticidas sem rotacionar o modo de ação, sendo muito provável a evolução de resistência a produtos. Desta forma, deve-se utilizar uma estratégia integrada com controle biológico, cultural e químico.
A preservação de inimigos naturais nos agroecossistemas é fundamental como fator de equilíbrio dinâmico das populações de espécies de insetos-praga, minimizando a intervenção do homem no controle. Por isso, são necessários estudos básicos de seletividade de produtos, pois as informações obtidas poderão ser utilizadas nas tomadas de decisão com relação ao produto a ser utilizado.
Solução sustentável
O controle biológico, atualmente possível, consiste na preservação dos inimigos naturais da mosca-branca pelo uso de inseticidas seletivos. Várias espécies de inimigos naturais têm sido identificadas em associação com o complexo de espécies de mosca-branca.
No grupo de predadores foram identificadas 16 espécies das ordens Hemíptera, Neuróptera, Coleóptera e Díptera. Entre os parasitoides, identificaram-se 37 espécies de micro-himenópteros.
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Dentre os parasitoides destacam-se os gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus, comumente encontrados. Com relação a entomopatógenos, há diversos isolados mais virulentos dos fungos Verticillium lecanii, Paecilomyces fumosoroseus, Aschersonia aleyrodis e Beauveria bassiana, com ação sobre moscas-brancas.
Por onde começar
Em um programa de controle biológico, após a identificação de inimigos naturais deve-se estabelecer de modo mais eficiente o emprego desses agentes, provavelmente por liberações inundativas bem no início da cultura, ou liberações de parasitoides em plantas daninhas adjacentes.
Em vários países, estão sendo identificados e estudados diversos agentes de controle biológico da mosca-branca, cujos resultados têm sido bastante promissores para o manejo dessa praga.
Algumas espécies nativas da família Malvaceae são hospedeiras reservatórias do vírus, principalmente Sida rhombifolia (guaxuma), S. micrantha (vassourinha) e Nicandra physaloides (joá-de-capote), além de outras plantas cultivadas, como feijoeiro, soja, quiabeiro e tomateiro.
Manejo
O controle é realizado por meio da eliminação das malváceas nativas próximas ao plantio, arranquio de plantas sintomáticas e controle químico da mosca-branca. Ainda não foram relatadas cultivares resistentes ou tolerantes. Outras plantas daninhas, como nabo forrageiro, leiteiro, picão preto, corda-de-viola e trapoeraba devem ser eliminadas das áreas por serem hospedeiras do inseto.
Outra estratégia do MIP é a utilização de cultivares das culturas comerciais que ofereçam tolerância ao ataque ou não preferência dos insetos.
As aplicações preventivas e/ou sucessivas de produtos fitossanitários, para controlar a mosca-branca na soja, podem favorecer a seleção de insetos resistentes e o aumento da população da praga.
Uma das táticas mais importantes de manejo de resistência de pragas a inseticidas é a rotação por modo de ação. Para atingir este objetivo, é fundamental criar um programa de rotação com produtos que possuem mecanismos de ação distintos. Portanto, os técnicos precisam conhecer o modo de ação dos inseticidas e acaricidas existentes no mercado para incluí-los em suas recomendações de controle químico de pragas.
Prevenção é sempre o melhor caminho
Em traços gerais, é importante realizar medidas preventivas que desfavoreçam o desenvolvimento de mosca-branca nas áreas de cultivo, como: eliminar plantas hospedeiras da praga dentro da cultura e em áreas vizinhas; fazer levantamento e contagem da praga no campo; utilizar produtos seletivos para manter os inimigos naturais; destruir os restos culturais; evitar o plantio de cultivares muito atrativas à praga; treinamento do monitor e do aplicador de produtos; seleção dos produtos, considerando: rotação de modo de ação, efeito sobre inimigos naturais e fase de desenvolvimento da mosca-branca.
Custos envolvidos
Levantamento da consultoria Spark apontou que o mercado de agroquímicos para milho movimentou US$ 312 milhões na safra 2019-20, uma alta de 8%. Desse montante, informa a empresa, os inseticidas registraram participação de 20% ou US$ 63 milhões, enquanto os produtos específicos para pragas sugadoras responderam por 48% da categoria (US$ 30 milhões).
De acordo com a Spark, produtores cujas lavouras foram fortemente atingidas por pragas sugadoras realizaram em média 2,1 aplicações de inseticidas. “Nas regiões com maior incidência de ataques, caso da Bahia, a adoção de tratamentos chegou a quase 100% da área. Ainda de acordo com a empresa, na fronteira agrícola baiana o BIP Spark constatou média de 5,6 aplicações na safra, frente aos ataques dessas pragas.