Yanka Beatriz Costa Lourenço – Engenheira florestal e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira – Universidade Federal de Lavras (UFLA) – yankalourenco97@gmail.com
Maria Luiza de Lima Castro – Engenheira florestal – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – mcastro.luiza30@gmail.com
Stephanie Hellen Barbosa Gomes – Engenheira Florestal e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – stephaniehellen2011@gmail.com
O setor madeireiro vem tomando a consciência da necessidade de investir em espécies alternativas, sobretudo após os incentivos fiscais ao reflorestamento de 1965 a 1988 em razão da exploração das nossas florestas nativas, cenário esse que permitiu o uso de novas espécies, como o eucalipto, devido a sua flexibilidade no uso, principalmente a sua vasta quantidade de espécies.
O gênero Eucalyptus abrange mais de 700 espécies reconhecidas com propriedades físicas e químicas que permitem que as mesmas sejam utilizadas para diversos fins, como lenha, estacas, carvão vegetal, celulose e papel, movelaria e produção de energia.
De forma geral, espécies de eucalipto têm sido preferencialmente utilizadas devido ao seu rápido crescimento, capacidade de adaptação às diversas regiões e pelo potencial econômico proporcionado pela utilização diversidade da sua madeira.
Medidas silviculturais para o plantio de eucalipto
Para um plantio correto, é necessária a adoção de algumas medidas, como a época do plantio conforme a espécie, preparo do solo, espaçamento adequado, adubação com doses apropriadas e tratados culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo.
O preparo adequado do solo depende de fatores como a condição de umidade, do dimensionamento, da utilização correta dos equipamentos e maquinários. Para o eucalipto, o método mais satisfatório é por meio do cultivo mínimo, que consiste na aplicação do subsolador ou escarificador, para um preparo correto da linha de plantio no qual sua profundidade será de acordo com o tipo de solo.
O fator determinante para definir o espaçamento do plantio é a sua finalidade. Para fins de celulose e energia utiliza-se de espaçamentos menores, com um ciclo de corte de sete anos. Já para o uso de serrarias, utiliza-se espaçamentos maiores.
Dentre as variações de espaçamento e quantidade de mudas por hectare, devem estar de acordo com resultados de, por exemplo, o índice de mortalidade das mudas plantadas ser inferior a 1%, no qual se adapta 950 plantas por hectare, que equivale a um espaçamento de 3,5 x 3,0 a 3,5 m entre ruas x 3,0 m entre plantas.
Como escolher a espécie a ser cultivada
O primeiro passo para escolher a espécie que irá pertencer ao seu plantio é avaliar os fatores que irão influenciar na tomada de decisão, sendo eles: exigências de clima e solo da região, finalidade do plantio, tempo de rotação da cultura, produtividade e rentabilidade do plantio, disponibilidade de mudas de qualidade, qualidade final do produto para o mercado, versatilidade na produção e, também, a resistência a pragas.
Para a garantia de um plantio satisfatório, as mudas selecionadas devem ser advindas de lotes homogêneos e que ocorra a irrigação correta, que pode ser manual e/ou mediante períodos mais chuvosos. Com isso, recomenda-se a irrigação acontecer com três a quatro litros de água/planta já no dia do plantio.
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Dentre as mais de 700 espécies do gênero Eucalyptus, apenas cerca de 20 são utilizadas para fins comerciais em todo o mundo. No Brasil, as espécies comumente utilizadas devido às características de suas madeiras são: E. grandis, E. saligna, E. urophylla, E. viminalis, híbridos de E. grandis x E. urophylla e E. dunnii.
Para celulose é recomendado o E. grandis, enquanto já para produção de carvão é indicado o E. urophylla e para a confecção de postes e mourões e também para a construção civil é aconselhado o plantio de E. cloeziana.
As espécies do gênero possuem formas de uso diversas que podem ser definidas pelo sistema de produção de cada propriedade. Todavia, não existe uma única espécie que possua todas as características do viés econômico, sendo necessário um planejamento antes do plantio, onde deverão ser observadas as condições climáticas, tipo de solo, assim como as demandas do mercado consumidor da região para garantia da comercialização.
Produtividade
Em 2018 o Brasil apresentou uma produtividade média de 36,0 m³/ha.ano para os plantios de eucalipto. A área total de árvores plantadas no Brasil totalizou 7,83 milhões de hectares em 2018, sendo 5,7 milhões representado por plantios de eucalipto, enquanto o pinus soma 1,6 milhão de hectares, e outras espécies representam cerca de 590 mil hectares.
Mesmo com o impacto das alterações climáticas no crescimento das plantações, principalmente devido à escassez de chuva, a produtividade de eucalipto apresentou um aumento médio de 0,5% ao ano de 2017 para 2018.
Como já citado, o eucalipto é atrativo pelo seu crescimento rápido, grande capacidade de adaptação e aplicações em vários setores econômicos. Além disso, há alta produtividade de madeira, tendo média nacional de 41 m3 por hectare, em ciclos de corte de cerca de sete anos, apresentando menores custos e maiores taxas de retorno de investimento, propiciando grande incentivo ao cultivo de eucalipto, além do aumento da competitividade tanto no mercado interno quanto no externo.
Custo-benefício
Os custos necessários para a implantação do eucalipto variam bastante e dependem da declividade do terreno, mão de obra e escala de produção. Estima-se, em média, o custo de R$ 4.500 a R$ 6.000 por hectare de eucalipto.
Porém, os custos maiores estão nas atividades de colheita e transporte. Uma floresta de eucalipto com aproximadamente 300 m3 por hectare, aos sete anos de idade, possui custo médio de colheita entre R$ 6.000 e R$ 8.000. Já o gasto com transporte depende da distância e do sistema de transporte, podendo variar entre R$ 5.000 a R$ 7.000 para um pequeno produtor com raio de entrega de 50 a 80 km.
O plantio de eucalipto, quando feito de maneira correta, possibilita lucrar aproximadamente R$ 8.000 por mês. Para isso, é importante definir para que setor vai comercializar o eucalipto, incluir no valor de venda os custos com a colheita e o transporte e ter mais de um cliente fixo.