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Fertilizantes: Conheça os efeitos

Talis Melo ClaudinoEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP-FCA de Botucatut.claudino@unesp.br

Rodrigo Ferrari ContinEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UENP de Bandeirantes

Lavoura – Crédito: Shutterstock

O uso de fertilizantes na agricultura é uma prática fundamental para a obtenção de produtividades rentáveis ao produtor rural. Este elemento é composto por nutrientes, podendo ser minerais ou orgânicos essenciais para o crescimento e desenvolvimento da planta, sendo que na falta de algum deles a planta não encerra seu ciclo de vida.

Estes nutrientes são classificados como:

• Macronutrientes primários: nitrogênio (N), fósforo (P ou P2O5) e potássio (K ou K2O).

• Macronutrientes secundários: cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).

• Micronutrientes essenciais: boro (B), cloro (Cl), molibdênio (Co), cobre (Cu), ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn).

Ainda que seja mais uma classe descrita e vista como fundamental, não segue os mesmos critérios de essencialidade dos elementos anteriores. Estes são os micronutrientes benéficos: silício (Si), cobalto (Co), sódio (Na), alumínio (Al) e selênio (Se). Em sua ausência a planta completa seu ciclo de vida, todavia, na sua presença a produtividade é aumentada por diversos aspectos fisiológicos, morfológicos ou bioquímicos.

Solubilidade

Grande parte dos fertilizantes utilizados na agricultura têm alta ou total solubilidade em água, fazendo que parte deles seja absorvida pelas plantas, adsorvida nos coloides do solo, lixiviada para distâncias maiores do que o sistema radicular pode abranger ou fixada em óxidos de ferro e alumínio.

Tal fato é percebido com a aplicação de pentóxido de fósforo (P2O5), onde totalmente solúvel, aproximadamente 70% do elemento é fixado no solo por meio de ligações covalentes da molécula com os óxidos.

Da mesma forma, micronutrientes podem não ser utilizados quando aplicados, como por exemplo o boro, que não se adsorve no solo (raras exceções), sendo altamente solúvel e lixivia na forma de ácido bórico (H3BO3).

Para reverter tal situação encontrada, podemos usar de novas fontes e técnicas que fazem com que os nutrientes sejam liberados de forma gradativa para as plantas por meio de proteção do grânulo com polímeros, substâncias húmicas, turfa ou extratos vegetais. Além disso, a utilização de fórmulas menos solúveis, não oxidadas ou de liberação gradativa, também são uma boa forma de aproveitar os nutrientes do solo e fornecê-los de acordo com a necessidade da planta.

Um exemplo disto é o fornecimento do enxofre da forma elementar ou enxofre-betonita, ao invés da aplicação do gesso, que está totalmente oxidado e o enxofre pode ser lixiviado facilmente. A utilização de cloreto de potássio (KCl), principalmente em solos com altos teores de argila, levam à rápida lixiviação.

Boas alternativas são as utilizações de tecnologias de liberação gradativa, como polímeros ou turfa, ou um dos elementos muitos utilizados e em moda atualmente, o uso de remineralizadores.

Rochas a favor da agricultura

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Os remineralizadores, também conhecidos como pós de rochas, são minerais poucos solúveis em água, CNA ou ácido cítrico, embora com o tempo a sua liberação para as plantas esteja presente de forma gradativa.

Essas rochas são trituradas e moídas em partículas muito pequenas para que possuam maior superfície específica e possam ser bioaciduladas por microrganismos, desta forma liberando seus nutrientes.

Na maioria das vezes, as rochas escolhidas possuem características nutricionais interessantes, como no caso do o siltito glauconítico, mineral rico em glauconita e em potássio, mas que possui em sua composição também silício, cobalto, magnésio, manganês e zinco.

Em estudos, Crusciol e Soratto (2020) demonstraram a eficiência da rochagem com fenolito na nutrição potássica nas culturas de arroz, milho, feijão e soja, podendo substituir o próprio KCl por esta fonte. Desde que a dose aplicada seja adequada, os resultados observados foram semelhantes.

Todavia, é necessário salientar que, além do nutriente em maior quantidade na rocha, toda a tabela periódica de elementos está presente. Assim, através da biossolubilização, estes se tornam disponíveis de forma gradativa para as plantas, e também a fauna microbiológica do solo, que os utiliza e causa efeitos benéficos nos vegetais.

Recomendações

Já foi observado que a utilização de remineralizadores deve ser feita da forma mais adequada, sabendo-se que o tipo de rocha a ser utilizado deve ter característica geológica diferente do solo a receber este tratamento, o que foi observado em estudos de Tarumoto (2018) na cultura da cana-de-açúcar.

Além disso, o presente ensaio demonstrou que os resultados obtidos na cultura foram superiores à testemunha, sem alterar o conteúdo de nutrientes do solo. Portanto, o conhecimento geológico da área de plantio faz com que esta técnica seja extremamente eficiente. Mapas pedológicos são normalmente fornecidos em sites dos governos estaduais ou até mesmo no próprio site da EMBRAPA.

Para a utilização desta tecnologia de remineralização do solo, inicialmente deve-se pensar em todo o manejo produtivo, em que o próprio deve afetar o mínimo possível a fauna microbiológica do solo, já que microrganismos são os responsáveis por tornar mais solúveis estes elementos. O gênero mais conhecido de microrganismos solubilizadores é o Bacillus spp.

Além de o teor de nutrientes fornecidos para as plantas e microrganismos ser de forma gradativa, esta metodologia de adubação é de baixo custo e traz diversos benefícios ao cultivo agrícola.

Benefícios do equilíbrio do solo

Um solo mais estruturado quimicamente e biologicamente, com traços de todos os elementos essenciais e benéficos conhecidos pela pesquisa científica – esta é a abordagem mais simples que podemos lidar nos campos agrícolas, prejudicando menos nosso solo, sem a utilização de fertilizantes minerais totalmente solúveis, alimentando a fauna microbiológica e tornando possível o cultivo por diversos anos.

O conjunto ideal para o bom funcionamento desta tecnologia é sempre pensando o manejo, de certa forma, biológico, em que os fatores remineralizador + microrganismo + planta estejam presentes e possam apresentar funções ativas nos aspectos físicos, químicos e biológicos do solo.

Desta forma, a fertilização com efeitos residuais para as próximas culturas enriquece o solo química e biologicamente, tornando a agricultura mais sustentável, saudável e rentável. É bom lembrar que o posicionamento correto deve ser feito para obtenção de resultados, e para isso deve-se conta com o acompanhamento de um profissional habilitado na área agrária.

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