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Amarelão em cafeeiros novos

José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo da Fundação Procafé
jb.matiello@gmail.com
Lucas Henrique Figueiredo
lucas@fazendasertaozinho.com.br
Lucas Franco
José Renato Dias
Hernane Souza
Engenheiros agrônomos das fazendas Sertãozinho

As plantas de café ainda novas no campo podem apresentar um amarelão na folhagem, cuja causa principal tem sido uma deficiência induzida de ferro ou manganês. As plantas no campo, de forma salteada, aparecem com a presença de sintomas de deficiência de ferro e manganês, iniciando, no caso do ferro, por um amarelecimento das folhas novas, na forma de um rendilhado, pois as nervuras das folhas permanecem verdes.
No caso da deficiência de manganês, que normalmente, ocorre juntamente com a deficiência de ferro, já que as condições que induzem deficiência são semelhantes, as folhas apresentam um amarelão geral, com algumas manchas de cor verde mais escura e sem o rendilhado das nervuras, como na deficiência de ferro.
Nas fotos, tiradas em duas lavouras novas no Sul de Minas, pode-se observar os sintomas do amarelão da folhagem. Com a evolução as folhas, podem tomar a cor esbranquiçada.
A ocorrência da deficiência de forma irregular dentro da lavoura, ou seja, em plantas isoladas, se deve àquela condição especial junto da cova ou da linha de plantio, coincidindo num ponto ou em porções do sulco onde o solo estava mais corrigido ou, então, onde caiu mais calcário.

Relação nutricional

O ferro e o manganês são micronutrientes exigidos pelas plantas de café em pequenas quantidades. A função do ferro está ligada à síntese da clorofila e de algumas proteínas que compõem os cloroplastos.
O manganês, igualmente, atua na síntese dos cloroplastos e é um ativador de enzimas, estimula o crescimento celular e das raízes. Pelo fato de atuarem nos cloroplantos, surge a cor amarelada das folhas.
Com as deficiências de ferro e manganês, as plantas têm reduzida sua fotossíntese, ou seja, fica menor a produção de energia da planta, utilizada para o crescimento e produtividade dos cafeeiros. Assim, as deficiências vão provocar reduções no desenvolvimento dos cafeeiros e na sua produção de frutos.

Como evitar o problema

O ferro e o manganês, normalmente, estão presentes no solo em boas quantidades em áreas cafeeiras, cujos solos são predominantemente de cores amarelas ou avermelhadas (sendo ricos em óxidos de Fe e Mn) e não têm problema de encharcamento, com bom arejamento. No entanto, alguns fatores no solo podem reduzir suas disponibilidades, induzindo deficiências.
Nas lavouras novas de café, três condições do solo afetam a disponibilidade de ferro e manganês para as plantas. Um pH muito alto, o excesso de fósforo e uma eventual falta de arejamento.
No pós-plantio do cafeeiro, especialmente sobre áreas antes com café, onde o solo já vinha sendo corrigido por vários anos, é comum o aparecimento de plantas amareladas, deficientes em ferro e manganês. Isso se deve à dose de calcário colocada na cova/sulco de plantio, a qual, nessa condição de solo já corrigido, eleva demasiado o pH ali dentro do sulco/cova e induz a deficiência.
A pesquisa mostra que a cada unidade de pH que se eleva, a disponibilidade de ferro e manganês fica muito reduzida. Pode, ainda, haver um efeito associado com muito fósforo, igualmente colocado no sulco/cova antes do plantio.

Causas e consequências

As deficiências de ferro e manganês em cafeeiros ocorrem por indução, ou seja, elas são provocadas por problemas no solo. Assim, para evitá-las deve-se ter o cuidado, especialmente quando se vai plantar o café em áreas antes cultivadas com cafezais ou outras culturas, onde o solo foi sendo corrigido ao longo do tempo. Observar a análise química do solo e, se for o caso, usar doses mais baixas de calcário e fósforo nas covas ou sulcos de plantio.
Para a correção das deficiências de ferro e manganês, podem ser adotados dois caminhos complementares. Aplicar adubos acidificantes, como os nitrogenados, em cobertura, os quais reduzindo, gradativamente o pH do solo, voltam a aumentar a disponibilidade do ferro e do manganês.
Indica-se, ainda, pulverizações com sulfato ferroso e sulfato de manganês a 0,5 – 1,0%, para acelerar a correção das deficiências. O uso de adubos orgânicos, ricos em ferro e manganês, também ajudam na correção. O uso de fontes de ferro ou manganês no solo, em cobertura, não tem resultado positivo, pela dificuldade do ferro e manganês (como o zinco e o cobre) de se deslocarem em profundidade.

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