Willian Ricardo Monesi da Silva
Graduando em Agronomia – Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Cáceres (Unemat)
willian.monesi@gmail.com
Franciely da Silva Ponce
Doutoranda em Horticultura – Universidade Estadual Paulista (UNESP)
francielyponce@gmail.com
Regiane Cristina de Oliveira
Doutora em Entomologia e professora – FCA/UNESP
regiane.cristina-oliveira@unesp.br
Santino Seabra Junior
Doutor em Horticultura e professor de Olericultura – Unemat
santinoseabra@hotmail.com
O brócolis (Brassica oleracea var. italica) é uma importante hortaliça pertencente a família das brássicas. Hoje, no Brasil, os tipos de maior importância comercial são o de “cabeça única”, que realiza uma única colheita da inflorescência central e o “ramoso”, que possui uma inflorescência central menor e outras inflorescências em ramos laterais.
Ambos são comercializados “in natura” (fresco), porém, somente o “cabeça única” é comercializado congelado, garantindo a oferta regular do produto frente à demanda crescente. O aumento no consumo ocorre em função das características nutricionais e organolépticas, pois além de ser rico em potássio e cálcio, tem também compostos funcionais, como os glucosilonatos.
O cultivo desta espécie é realizado em quase todas as regiões brasileiras, porém, tem melhor desempenho agronômico em regiões de altitude. Dentre os principais fatores que comprometem o cultivo, as pragas são as que geram os maiores prejuízos à produção e qualidade do produto.
Independentemente do sistema de produção adotado, vários insetos e moluscos utilizam os brócolis como planta hospedeira, desde a fase de produção de mudas em viveiro até a colheita das inflorescências.
Como identificar as pragas
Inicialmente, devemos entender que vários insetos serão observados no campo, mas nem sempre estes serão considerados praga. Para facilitar o entendimento, podemos dividi-los em dois grupos, sendo um de insetos benéficos (polinizadores e agentes de controle biológico) e o outro de insetos potencialmente pragas, como os da ordem Lepidoptera (traça-das-crucíferas, curuquerê-da-couve e broca-da-couve) e da ordem Hemiptera (mosca-branca, pulgão verde e da couve).
As pragas são prejudiciais ao cultivo de brócolis quando atingem o nível de controle (NC), ou seja, este é um índice que auxilia na tomada de decisão do produtor e é baseado no monitoramento do nível populacional do inseto-praga, que vai indicar a necessidade da utilização de uma das táticas de controle para impedir que ocorra dano econômico (DE).
Desse modo, para considerarmos um inseto como praga, é recomendado que se realize o monitoramento populacional deste inseto, por meio de amostragens semanais, sabendo que uma baixa infestação, que apresenta poucos danos, não justifica o custo da utilização de uma medida de controle, por não apresentar prejuízos econômicos ao agricultor naquele momento.
Danos
Em brócolis, os maiores danos causados pelos lepidópteros são nas folhas, que é a porta de entrada para doenças bacterianas como podridão negra (Xanthomonas campestris pv. campestris) e podridão mole (Erwinia carotovora ssp carotovora). Além disso, o grave dano na redução do limbo foliar faz com que a planta reduza a capacidade fotossintética, causando danos à produção de cabeça de brócolis.
Esses danos podem ser os mais diversos, como por exemplo: a broca-da-couve causa lesões graves no caule, afetando o meristema, podendo ocasionar a morte da planta ou “cegamento”, perda da dominância apical e não formação de cabeça, além dos danos às folhas.
Manejo
Como táticas de controle, a destruição de restos culturais é imprescindível, visando reduzir a migração de insetos entre talhões. A utilização de Bacillus thuringiensis é recomendada no controle da broca-da-couve, curuquerê-da-couve e traça-das-crucíferas.
Entretanto, bons resultados estão sendo encontrados ao utilizar a liberação de Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae), que atua como parasitoide dos ovos desses lepidópteros, podendo, quando bem implantado, ser uma estratégia eficaz no manejo das várias espécies que ocorrem no cultivo.
O controle químico é a principal ferramenta de manejo utilizada no controle de pragas em brócolis, inclusive há populações de traça-das-crucíferas resistentes a diferentes grupos químicos, e a utilização do controle biológico é, atualmente, uma opção para o manejo da resistência das pragas.
Outra forma de manejo é o uso de armadilhas luminosas, adesivas coloridas ou associadas a feromônios, que contribuem para reduzir a dependência no uso de inseticidas e com a sustentabilidade dos sistemas de produção.