Vanessa Alves Gomes – Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia, doutoranda em Proteção de Plantas – UNESP e professora universitária – CESG – vavvgomes@gmail.com
Carolina Alves Gomes – Engenheira agrônoma e mestranda em Produção Vegetal – UFV/CRP – carol.agomes11@gmail.com
O tomate é uma das hortaliças mais importantes do ponto de vista econômico e social. É uma cultura cosmopolita, ou seja, cultivada no mundo todo. O tomate pode ser produzido para seu consumo in natura, bem como pode ser processado e industrializado. O manejo produtivo do tomate de mesa é diferente do tomate indústria. Para o tomate de mesa, as plantas são tutoradas, diferentemente do tomate indústria, onde o cultivo é rasteiro. Estas diferenças produtivas implicam em manejos fitossanitários diferentes.
As principais doenças que atingem a cultura do tomate, trazendo grandes prejuízos produtivos, são septoriose, mancha-de-stemphylium, antracnose, pinta-preta e requeima. Deste modo, compreender a etiologia dos patógenos, realizar a correta identificação dos patógenos presentes, o monitoramento da área, bem como estabelecer o manejo adequado e aplicação no timing certo, são fundamentais para minimizar as perdas econômicas da cultura.
Em destaque
A pinta-preta, causada pelo fungo Alternaria solani, é considerada uma das principais doenças no tomateiro, comumente transmita por sementes e disseminada pela ação dos ventos. Como sintomas temos lesões circulares, de coloração marrom escuro, com anéis concêntricos e halo amarelado.
Quando o patógeno atinge os frutos maduros, formam-se lesões na região peduncular, levando ao apodrecimento. É uma doença que aparece em todas as regiões produtoras de tomate, sendo favorecida por verões chuvosos, quando a temperatura e a umidade são elevadas.
A septoriose, causada pelo fungo Septoria lycopersici, é uma doença comumente encontrada nas regiões produtoras, sendo observada nos períodos quentes e chuvosos. Os sintomas se assemelham à pinta-preta, mas na septoriose as lesões são circulares, com bordos escuros e centro palha.
As lesões se iniciam nas folhas do baixeiro, principalmente durante a formação do primeiro cacho de tomates, mas raramente as lesões atingem os frutos.
A mancha-de-stemphylium pode ser causada pelo fungo Stemphylium solani ou Stemphylium lycopersici. Era uma doença bastante destrutiva, no entanto, atualmente tem sido bastante controlada pela utilização de cultivares resistentes associadas com aplicações de fungicidas.
Como sintomas, apresenta a formação de lesões irregulares e de coloração marrom, atingindo principalmente as folhas novas, ao contrário da pinta-preta e septoriose, que atingem principalmente folhas velhas. Com a evolução das lesões, os tecidos coalescem e perdem as partes centrais.
Phytophthora infestans
A requeima, causada pelo fungo Phytophthora infestans, é uma das doenças mais temidas pelos produtores. É uma doença que, sob condições favoráveis, pode destruir a lavoura em poucos dias. A requeima é favorecida pelas condições de alta umidade e temperaturas em torno de 20ºC, sendo mais destrutiva nas regiões sul e sudeste (mas também é importante na região nordeste, desde que apresente noites frias e umidade elevada).
Como sintomas, apresentam manchas foliares grandes, de coloração escura e aparência úmida, que levam a murcha e queima da parte aérea. O odor é forte e característico devido a decomposição das ramas. Os frutos, quando atacados pelo patógeno, apresentam ligeira deformação e manchas marrons.
Antracnose
A antracnose pode ser causada por diferentes espécies do fungo Colletotrichum spp.. Este pode infectar frutos ainda verdes de tomate, permanecer latente, manifestando-se tempo depois nos frutos maduros, originando lesões deprimidas circulares.
Com a evolução das lesões os centros escurecem e surgem círculos concêntricos. A maior dificuldade de controlar este patógeno surge com a capacidade do Colletotrichum spp. sobreviver no solo.
Com base nestas doenças fúngicas, fica evidente a necessidade de estabelecer um bom manejo fitossanitário. É necessário realizar aplicações de fungicidas preventivos, bem como, logo após ao surgimento dos primeiros sintomas. Deste modo, optar por produtos que abrangem o máximo destes patógenos facilita o controle, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista agronômico.
Solução
Produtos com composição à base de oxicloreto de cobre e mancozebe têm se destacado no controle destas doenças fúngicas, incluindo o tomate. Apresentam ação de contato multissítio, o qual atua em múltiplos sítios dos patógenos fúngicos, evitando o surgimento de raças resistentes. Além disso, pertencem aos grupos M1 e M3, segundo classificação internacional do FRAC (Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas).
Segundo a recomendação, a aplicação deve ser realizada de forma preventiva, antes da aparição dos primeiros sintomas. Deste modo, o produto consegue impedir o desenvolvimento dos patógenos, mesmo sob condições favoráveis para a ocorrência das doenças. No entanto, em casos que já foram identificados os primeiros sintomas, ele pode ser utilizado também com a finalidade de reduzir a incidência e a severidade da doença.
Podem ser feitas no máximo quatro aplicações durante o ciclo da cultura do tomate, respeitando o intervalo de, pelo menos, sete dias.
Contra bacterioses
Além de sua ação como fungicida, o produto apresenta também ação bacteriostática. No caso da cultura do tomate, os problemas com bactérias também são muito frequentes. Assim, a aplicação possibilita o controle de doenças fúngicas e indiretamente o controle de doenças bacterianas. Estudos comprovaram que todas as estirpes das espécies de Xanthomonas spp. apresentaram tolerância aos fungicidas à base de cobre.
Dessa forma, ao realizar a junção dos compostos cúpricos com o mancozebe foi possível adquirir uma maior eficiência no controle das Xanthomonas spp. Para otimizar o controle, é necessário fazer uso de uma boa tecnologia de aplicação e realizar a aplicação nas condições climáticas adequadas.
O fato de o oxicloreto de cobre e do mancozebe serem produtos permitidos para uma ampla gama de plantas hospedeiras de diversos patógenos, juntamente com o fato de ser um produto pouco tóxico e de alto valor agregado, faz deste produto um produto de baixo risco.
Atualmente, existem poucos estudos com estas moléculas e seus benefícios são evidentes em lavouras que fazem a sua utilização.
Manejo
A aplicação deve ser realizada via terrestre com pulverizadores tratorizados ou costais. É necessário fazer uso de um alto volume de calda para garantir boa cobertura foliar, atingindo as faces superiores e inferiores das folhas, garantindo um controle mais eficiente.
Mas, vale ressaltar que, para realizar o controle destas doenças na cultura do tomate, é importante adotar duas ou mais medidas de controle, envolvendo, além do controle químico, demais medidas, como controle cultural, biológico, genético, dentre outras.
A adoção de um manejo integrado de doenças (MID) possibilita manter a população de organismos nocivos às culturas abaixo do nível de dano econômico (NDE), sem exceder o número de aplicações no controle químico. O produto químico deve sempre ser registrado para a cultura de interesse, respeitando as doses, os intervalos de aplicação e rotacionando os ingredientes ativos.