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Sementes de milho de alta qualidade

Gabriela Bissoli Silva Graduanda em Agronomia – Universidade Estadual de Maringá (UEM)bissoligabriela@gmail.com

Priscila RossetoBióloga, mestre em Biotecnologia e doutoranda em Agronomia – UEMpriscilarosseto1@gmail.com

Milho – Fotos: Shutterstock

Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o milho é o segundo grão mais produzido no Brasil e, atualmente, o País ocupa a terceira posição na produção global de milho, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A semente de milho é um dos insumos mais importantes no ganho de produtividade. A utilização de uma semente de alta qualidade é fundamental para o estabelecimento adequado da cultura, garantindo que a lavoura resista mais a situações de estresse, apresente elevada taxa de crescimento, conferindo maior índice de área foliar e sistema radicular mais profundo, chegando a índices de até 10% de aumento de produtividade.

A semente é o veículo de tecnologia e é nela que está embutido o potencial produtivo, os ganhos com os programas de melhoramento e engenharia genética. Os avanços conquistados com o melhoramento genético e a produção de sementes de qualidade foram alguns fatores que proporcionaram ao Brasil um salto de produtividade nos últimos 40 anos, além de propiciar que o País esteja entre os protagonistas mundiais na produção do grão.

Fatores importantes

A base de uma alta produtividade é a escolha de sementes sadias, principalmente na cultura do milho, que sofre o ataque de pragas e doenças corriqueiramente nas safras e safrinhas. O vigor das sementes está diretamente ligado ao desempenho econômico e produtivo que a lavoura terá.

Independente da cultivar selecionada, alguns cuidados devem ser tomados para que características genéticas sejam expressas, resultando em alta taxa de germinação e potencializando o potencial produtivo da semente em condições regulares de campo. A não escolha de sementes de alta qualidade resultam em perdas significativas ao produtor.

Atenção redobrada

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Para obter sementes de milho de alta qualidade, o produtor deve se atentar às cultivares que mais se encaixam ao seu objetivo e sistema de produção. Cada vez mais novas tecnologias, como melhoramento genético, tratamento e certificação de sementes impulsionam e garantem a sanidade.

O armazenamento deve estar dentro dos parâmetros de umidade, higiene e temperatura, para que as sementes sejam preservadas e mantenham a sua qualidade pelo tempo estipulado. A fim de obter qualidade sanitária e potencializar a genética da semente, os tratamentos com fungicidas, inseticidas e nematicidas são essenciais nos dias de hoje para o combate inicial de doenças e pragas.

Além de proteger, as sementes também podem receber um tratamento com agentes inoculantes e reguladores de crescimento.

Opções

Existem dois tipos de tratamento de sementes: os que são feitos on farm, geralmente na própria fazenda, antes da semeadura, realizado em tambores, betoneiras ou utilizando máquinas específicas para o tratamento de sementes; e os tratamentos industriais de sementes, que consistem em aplicações automatizadas por meio de equipamentos de alta tecnologia, normalmente realizado nas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS), e utilizam equipamentos especiais que combinam a aplicação de fungicidas, inseticidas, micronutrientes, nematicidas, entre outros.

Não cometa erros!

A sanidade de grãos está diretamente ligada à manutenção das características do grão que são consideradas adequadas para seu processamento na cadeia produtiva, ou seja, ao quão saudável o grão se mantém desde a colheita até o processamento final.

A etapa de armazenamento é uma das que mais merece atenção quando se trata da sanidade do grão após a colheita. É importante que se faça limpeza e higienização nos locais onde as sementes serão armazenadas.

O carregamento do grão em locais não devidamente limpos pode aumentar a probabilidade de haver pragas e ovos remanescentes dos estoques anteriores. Por isso, a limpeza dos locais de armazenamento e dos equipamentos que manipulam os grãos é uma medida preventiva importante para a redução de danos.

Em regiões tropicais, como no Brasil, condições apropriadas de armazenamento são necessárias para que a semente não sofra forte declínio da germinação e vigor, prolongando a viabilidade do grão.

Para garantir a conservação das sementes, minimizando o processo de deterioração, é importante que as atividades metabólicas das sementes sejam reduzidas. Por isso, as sementes devem ser armazenadas em baixa umidade relativa e baixa temperatura. A umidade relativa do ar controla o teor de água da semente, enquanto a temperatura afeta a velocidade dos processos bioquímicos. 

A associação com elevadas temperaturas favorece os processos respiratórios das sementes e a atividade de microrganismos e de insetos. As temperaturas na faixa de 23 a 35ºC e teores de água das sementes entre 12 e 15% são favoráveis ao desenvolvimento de traças e gorgulho, principais pragas de armazenamento da cultura do milho.

Além disso, o problema com doenças ainda é grave em determinadas regiões do País. Em áreas de plantio direto, os prejuízos podem ser agravados, principalmente com helmintosporiose e podridões do colmo e espigas. Por isso, é fundamental escolher cultivares tolerantes às principais doenças para evitar redução de produtividade.

Mais produtividade

Dentre as particularidades da qualidade fisiológica, o vigor é um dos atributos que permite o estabelecimento de uma população de plantas adequada mesmo sob condições estressantes, podendo ter influência positiva no enraizamento, germinação uniforme, emergência, crescimento de plântulas, atraso no início de epidemias e aumento no rendimento. 

Além disso, a certificação da semente e a escolha da cultivar adequada para a área/região de plantio contribuem para o aumento do potencial produtivo. 

Há estudos que comprovam que sementes vigorosas podem ter um acréscimo de 15% na produtividade. Devido a isso, as empresas acabam se dedicando ainda mais à produção e comércio de sementes de milho para entregar lotes de sementes com percentual de germinação superior a 90% e minimizar eventuais problemas de estande e vigor.

Custos

Alguns fatores relativos à sanidade dos grãos podem resultar em impactos econômicos significativos para o produtor. A demanda por um grão em uma determinada safra pode ser influenciada pelo nível de exigência do mercado, fazendo com que um maior investimento nas estratégias de manutenção da sanidade do grão seja justificado quando houver maior rigor por parte do mercado.

Os insumos ocupam uma porcentagem significativa das despesas de custeio da lavoura do milho. A média de custo com insumos é variável a cada safra, podendo ter alta ou baixa de acordo com o mercado e também pode variar entre as regiões e suas especificidades.

Os gastos com sementes fiscalizadas podem chegar a 20% do valor das despesas de produção. Os inseticidas utilizados nas sementes ocupam em torno de 5% da despesa, e o uso dos demais inseticidas soma 6% de custo para o produtor. Já os herbicidas apresentam uma média de 7% da despesa.

O produtor também deve levar em consideração a despesas geradas com a pós-colheita. O transporte para o armazém gera um custo em torno de 8%. Para o recebimento, secagem e limpeza a média da despesa fica entre 9 e 10%. Considerando que quase 30% das sementes são perdidas devido ao ataque de insetos, roedores e microrganismos durante o período de armazenamento, é importante lembrar que haverá a necessidade da utilização dos métodos físicos e químicos para controle de pragas.

Viabilidade

Os sistemas de produção da atividade agrícola demandam cada vez mais um grau de conhecimento técnico, econômico e administrativo para garantir resultados satisfatórios. Dependendo da região de cultivo, principalmente das condições de solo e do clima, o produtor deve optar pela semente ideal, sendo possível obter resultados satisfatórios com investimentos menores.

É importante levar em consideração fatores de alta e baixa no mercado, como: boa demanda de exportação, cotação do dólar, condições climáticas, oscilações de preço de comercialização e custo de produção.

Rentabilidade

A lucratividade do milho safrinha no Brasil em 2020 mostra alguns dados interessantes. Em Cascavel (PR), o custo da produção foi de R$ 45,75/saca, com a venda a R$ 52,00, os produtores obtiveram lucro de 12,66%.

Em Rio Verde (GO), o custo da produção foi de R$ 32,61/saca, venda a R$ 49,00, com lucro de 49,26%. Em Uberlândia (MG), o custo da produção foi de R$32,34/saca, venda a R$52,00, lucro de 59,79%. Em Dourados (MS), o custo da produção foi de R$ 27,32/saca, venda a R$ 47,30, lucro de 72,13% (PR Deral, GO/MG CNA, e MS Granos).

Vale salientar que o menor lucro que ocorreu no Paraná é justificado pela produtividade média também ser a menor, apenas 80 sacas/hectare, contra 120 a 160 dos demais Estados.

É imprescindível ter um planejamento mais amplo, que utilize as informações de mercado, custos de produção, gestão dos recursos, dentre outros que contribuem para a tomada de decisão mais correta, melhorando assim a eficiência da lavoura, além de integrar práticas que assegurem que a saúde do grão e que o valor do produto seja reconhecido pelo mercado.

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