Como identificar sintomas de deficiência e principais dicas para uma aplicação eficiente
O Boro é um micronutriente essencial que desempenha importantes funções nas plantas cultivadas e é considerado um nutriente limitante na maioria das regiões do País, principalmente em condições de solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica. Para plantas muito sensíveis à deficiência de Boro como o feijão, um bom manejo deste nutriente pode aumentar a produtividade do cultivo em até 24%. Por isso, entender as particularidades desse micronutriente é fundamental para realizar um manejo assertivo e alcançar maior rentabilidade. Pensando nisso, abordaremos informações técnicas para melhor compreensão sobre este nutriente com foco para altas produtividades.
Funções do Boro
Para realizar um manejo adequado, entender as principais funções desse
nutriente é fundamental. As principais funções do Boro nas plantas são:
• Atua no crescimento do tubo polínico e
germinação do pólen e na síntese da parede celular;
• Aumenta energia da planta (ATPase) e produção e transporte de açúcares;
• Auxilia no manejo osmótico da planta (Absorção de água);
• Melhora o pegamento de flores e vagens e o crescimento vegetal;
• Melhora a formação da parede celular dos nódulos fixadores de nitrogênio nas
raízes das plantas;
• Reduz níveis de substâncias tóxicas dentro das plantas causadas por danos de
patógenos e insetos e os impactos ocasionados pela toxidez de alumínio às
raízes dos cultivos.
Além de entendermos melhor as funções do Boro nas plantas, é importante saber como identificar a deficiência ou excesso desse nutriente em sua lavoura.
Como identificar deficiência e excesso de Boro?
A identificação de deficiência ou excesso de Boro em sua lavoura deve ser
realizada por meio de um conjunto de técnicas já conhecidas no dia a dia do
campo, como: análise visual, análise do solo e análise de partes vegetativas (principalmente
folhas). A análise de solo e das partes vegetativas deve ser realizada
periodicamente em sua lavoura, seguindo as recomendações de um laboratório
especializado em análise de fertilidade de sua região. Fique atento no momento
da coleta, pois é muito importante que as profundidades e número de amostras de
solo realizadas em sua área representem de maneira assertiva a realidade de sua
propriedade. Isso será essencial para uma boa recomendação nutricional.
Quanto à coleta dos materiais vegetativos, é muito importante respeitar as recomendações do estádio e partes coletadas para cada cultura.
Análise visual
Já para a análise visual dos sintomas de deficiência ou excesso de Boro, é
fundamental o monitoramento constante de sua lavoura. Neste sentido, separamos
os principais sintomas de deficiência de Boro em plantas:
• Alteração na coloração das folhas;
• Abortamento floral (principalmente nas folhas do terço inferior);
• Acúmulo de substância nitrogenadas em partes das plantas (principalmente em
folhas mais velhas);
• Crescimento reduzido das raízes;
• Deformação de frutos;
• Diminuição da área foliar;
• Diminuição da concentração de clorofila;
• Diminuição da resistência às infecções;
• Fenda em ramos, pecíolos, folhas e frutos;
• Redução e deformação do crescimento;
• Morte da gema apical.
Já o excesso de Boro geralmente ocasiona amarelecimento total das plantas, e essa clorose pode evoluir para necrose nas bordas das folhas mais velhas.
4 Dicas para melhorar o manejo de Boro em sua
lavoura
Dica 1: Cuidado com a distribuição e
disponibilidade de Boro no solo
Devido à menor quantidade requerida de Boro pelos cultivos, a distribuição
uniforme via solo acaba sendo uma tarefa bastante difícil pois o excesso de
Boro em alguns pontos de sua lavoura além de ocasionar os sintomas vistos
anteriormente, pode interferir na absorção e utilização de outros nutrientes,
como o cálcio por exemplo. Além disso, é importante lembrarmos que a disponibilidade
de Boro no solo é influenciada pelo pH e pela presença de matéria orgânica de
sua lavoura. Por isso, muitos produtores têm optado por realizar a aplicação de
Boro no sulco de plantio , para garantir uma melhor distribuição e evitar que
grandes volumes de chuva atinjam o Boro aplicado (o que ocasionaria
lixiviação). Contudo, mesmo realizando um bom manejo via solo, a aplicação de
Boro foliar ainda será necessária pois o Boro é absorvido via fluxo de massa e
tende a se acumular nas zonas de maior atividade fotossintética, ou seja, no
terço superior da planta.
Dica 2: Cuidado com a mobilidade de Boro em
aplicações foliares
O Boro é considerado um nutriente naturalmente imóvel via floema, deste modo
quando realizamos uma aplicação foliar precisamos que este nutriente atinja
todas as partes da planta, o que acaba sendo muito difícil em fases de desenvolvimento
mais avançadas, onde o Boro acaba sendo mais requerido. Por isso, quando
escolher um produto para essa modalidade, opte por formulações que através do
uso da tecnologia proporcionam uma maior mobilidade do nutriente na planta
(translocação via floema). Assim você não apenas aplica um nutriente na planta,
mas sim, nutre a planta.
Dica 3: Siga as boas práticas da tecnologia
de aplicação
Além de trabalhar com boas formulações, você deve saber como aplicar Boro nas
plantas de maneira eficiente. Para isso você deve utilizar uma boa tecnologia
de aplicação, que garanta uma boa cobertura do alvo e a dose recomendada. Aplicar
nas condições climáticas ideais garantirá maior eficiência da sua aplicação.
Dica 4: Cuidado com a compatibilidade de
calda
Produtos que possuem baixo nível tecnológico empregado em suas formulações
podem ocasionar diversos problemas na composição de sua calda, como:
• Mudanças indesejadas de pH;
• Quelatização de outros produtos;
• Floculação;
• Formação de espuma.
Pensando em maior produtividade de sua plantação, recomendamos o investimento em tecnologias que garantam a eficiência dos demais produtos da sua calda.
Autor: Henrique Placido, engenheiro agrônomo da BRANDT do Brasil.