20.6 C
Uberlândia
domingo, dezembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiTecnologia dita a produtividade de beterraba

Tecnologia dita a produtividade de beterraba

Beterraba – Foto: Bejo

A beterraba é cultivada em locais de clima ameno geralmente associada às altitudes elevadas ou no período do inverno, dependendo da região. No Estado de São Paulo a beterraba é cultivada nas regiões de Piedade, São José do Rio Pardo e Mogi das Cruzes. No Paraná, nas regiões de Marilândia do Sul e metropolitana de Curitiba.
Em Santa Catarina, nas regiões de Urubici e Planalto Norte. No Rio Grande do Sul, em Caxias do Sul e em Minas Gerais, nas regiões de São Gotardo e Carandaí. Juntos, esses Estados respondem por 90% da produção nacional.

Produtividade

A produtividade da beterraba é em função da tecnologia adotada. Foi uma das últimas olerícolas que adotou sementes híbridas. A produtividade varia de 15 a 40 toneladas de raízes por hectare, sendo que as menores produtividades são obtidas no período chuvoso e quente e as maiores no período de inverno, com predomínio de frio e seca.
O cultivo é limitado por chuvas e clima quente. Temperaturas acima de 30ºC limitam o desenvolvimento da beterraba, que é adaptada para climas frios (suporta geadas leves, sendo uma boa opção de cultivo para regiões com essa ocorrência).
No Brasil, a beterraba é produzida com a finalidade para consumo in natura. As raízes, após a colheita, são lavadas e classificadas para a comercialização. Em algumas regiões (principalmente nas feiras livres e quitandas) a beterraba é comercializada em maços (planta inteira – folhas e raízes).

Oferta e demanda

Até alguns anos, a oferta de beterraba era bem delimitada, sendo as maiores ofertas no segundo semestre (julho a dezembro) e as menores ofertas no primeiro semestre (janeiro a junho), com pequenas oscilações em cada período.
Essa ocorrência era em função do clima, sendo que as chuvas com início em outubro no centro-sul limitam o plantio e reduzem a produtividade (maior incidência de doenças fúngicas e desequilíbrio nutricional), impactando na oferta a partir de janeiro (semeaduras a partir de outubro iniciam colheita em janeiro – ciclo de 60 a 80 dias).
As chuvas se estendendo até março continuam a impactar a oferta até junho. A partir de abril, quando o clima fica ameno e seco (menor impacto das doenças fúngicas e melhor equilíbrio nutricional), a produtividade e a oferta aumentam (plantios de abril iniciam colheita em julho) e estendem-se até o plantio de setembro, com colheita em dezembro.

Tecnologias

Para o produtor, os melhores valores para as raízes de beterraba são no primeiro semestre. Algumas regiões, buscando melhorar a produtividade, lançaram mão de plantios por mudas (a beterraba é uma das poucas olerícolas de raízes que aceita o transplante), mas o custo de produção elevado (mão de obra e formação de mudas) e menor qualidade de raízes limitam essa modalidade de plantio.
Em algumas regiões, iniciou-se a adoção de câmaras frias para armazenar raízes de beterrabas no segundo semestre (fuga de preços menores) e ofertar no primeiro semestre (presença de melhores preços), o qual tem trazido maior estabilidade para o mercado consumidor.

Evolução do cultivo

Até o início dos anos 2000 a beterraba era cultivada basicamente por meio de cultivares de polinização aberta (OP) e as produtividades eram menores. Então, a cultura teve expansão em área entre os anos 80 e 2000, chegando a 15.000 hectares no Brasil.
Com a introdução das cultivares híbridas, a área teve uma retração a partir dos anos 2000 (maiores produtividades), estabilizando-se em aproximadamente 10.000 ha anualmente.
O consumo de beterraba é baixo, pois a maioria da população desconhece os benefícios que esta olerícola traz para o bem-estar humano. O consumo per capita não chega a 2,0 kg por habitante/ano.

Exportação e Importação

O comércio exterior de raízes de beterraba é pequeno. As exportações e importações entre os países do cone sul (Brasil x Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai) não ultrapassam US$ 100.000 anualmente, o que corresponde a uma média de 250 toneladas (10 hectares) de comércio entre o Brasil e demais países.

Custo de produção e rentabilidade

O custo de produção de beterraba está dividido em preparo do solo (10%); sementes (15%); fertilizantes e corretivos (25%); defensivos (20%); irrigação (10%) e colheita (20%). Os custos variam, em geral, de R$ 10.000/ha (baixa tecnologia) até R$ 20.000/ha (alta tecnologia).
A rentabilidade da cultura ocorre em função de vários fatores, os quais irão influenciar diretamente, sendo estes:

  • Produtividade – quanto maior a produtividade, menor será o custo de produção e maior a rentabilidade. A produtividade é afetada por altas temperaturas, excesso de chuvas, adubação em não conformidade com as necessidades e recomendações, ocorrência de doenças fúngicas, nematoides e cultivares com menor uniformidade e menor tolerância às doenças.
  • Clima – quanto mais amena é a temperatura e menos incidência de chuvas, melhor é a produtividade. Mas, se a oferta for alta, os preços serão baixos e poderão não equilibrar com os custos de produção. Em condições de chuvas em excesso a produtividade é menor e os preços são melhores, então o segredo é se aliar às chuvas e produzir mais para ter maior rentabilidade.
    O armazenamento em câmaras frias tem sido uma alternativa para ofertar as raízes em épocas de menor oferta. Outra opção é aumentar a industrialização da beterraba visando aproveitar a produção, principalmente em épocas de maior oferta.
    As tendências para 2021 são de aumento de consumo de beterrabas em função de maior conhecimento das propriedades nutracêuticas dessa olerícola.

Autoria:
Renato Agnelo
Engenheiro agrônomo, MSc em Produção Vegetal e pesquisador independente
ragnelo@terra.com.br

ARTIGOS RELACIONADOS

Aplicação de biológicos no sulco de plantio

Os produtos agrícolas à base de ingredientes ativos naturais em sua composição, também ...

Brasil terá o primeiro açúcar mascavo rastreado com tecnologia blockchain

Cada lote levará informações como: data de produção, variedade de cana utilizada e a identificação e geolocalização da propriedade rural que forneceu a matéria-prima, além da análise microbiológica e parâmetros físicos e químicos daquele açúcar, como teor de sacarose, umidade e cor.

Agrishow 2023 se encaminha para o final com avaliação positiva de empresas de tecnologia

Avanço de negociações e perspectivas para fechamento de novas parcerias são alguns dos destaques.

Semana de Integração Tecnológica

A KWS Sementes está presente na 13ª Semana de Integração Tecnológica (SIT) ...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!