Leticia Rodrigues de Oliveira – Engenheira agrônoma – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (Unifio) – leticiaoliveira.agro@gmail.com
Veridiana Zocoler de Mendonça – Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia –veridianazm@yahoo.com.br
Aline Mendes de Sousa Gouveia – Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura e professora – Unifio – aline.gouveia@unifio.edu.br
Pesquisas realizadas com diversos produtos à base de extratos vegetais, que apresentam ativos oriundos do metabolismo secundário das plantas, mostram que os flavonoides são um dos compostos bioativos presentes em grande quantidade.
Flavonoides são compostos de baixo peso molecular e podem ser divididos em 14 classes. Esses compostos presentes naturalmente em vegetais são responsáveis por desde o desenvolvimento das plantas, dos frutos, até mecanismos de proteção contra pragas e doenças, bem como a conservação pós-colheita. Quando aplicados em forma de insumos nas lavouras, potencializam esses mecanismos de ação, beneficiando a plantação.
Pesquisas mostram que a aplicação desses bioprodutos trazem melhorias na sanidade e benefícios, como: ação antioxidante, reduzindo a concentração de radicais livres na planta, desacelerando sua senescência; atribuem maior resistência microbiana às plantas, fazendo com que a lavoura obtenha maior resistência à ação de pragas e doenças e confere proteção aos raios UV, agindo como protetor dos tecidos da planta quando esta é exposta à ação prolongada dos raios solares.
Resultados
Os flavonoides têm ação fungistática e interferem na interação planta-patógeno. Além de provocar alterações na parede celular do fungo, ativam o mecanismo de defesa das plantas. Assim, no período inicial de infecção da planta pelo patógeno, estes bioprodutos induzem a resposta da planta, ativando enzimas e genes específicos, que produzem metabólitos que protegem os tecidos vegetais, impedindo o avanço da doença e restringindo o desenvolvimento do patógeno.
Os produtos obtidos a partir de extratos vegetais têm apresentado resultados satisfatórios quando aplicados ao longo do ciclo de produção do tomate no campo, a partir do 15º dia após o transplantio.
Têm atuado como controle cultural, retardando e/ou diminuindo danos causados por pragas e doenças, perdas na produtividade ou qualidade de produção por estresses gerados às plantas pelo frio ou calor rigoroso, secas ou chuvas intensas, geadas, entre outros fatores.
Em campo
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Resultados positivos já foram constatados no controle de algumas doenças comuns do tomateiro, como a murcha de fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. Lycopersici), a pinta-preta (Alternaria solani) e a mancha bacteriana (Xanthomonas gardneri).
Por esse motivo, mesmo que as plantas tenham suas concentrações naturais de flavonoides, é muito vantajosa a aplicação de produtos à base de extratos vegetais, a fim de diminuir o estresse sofrido pelas plantas devido a essas adversidades comumente encontradas no campo.
A conservação dos alimentos após a colheita é um passo importante dentro da cadeia produtor-consumidor e, se mal conduzida, pode provocar danos aos vegetais e diminuir a sua qualidade nutricional. Nesse aspecto, o uso de bioflavonoides traz benefícios não só a nível de campo, como também após a colheita do tomate.
Conservação pós-colheita dos frutos de tomate
Frutos carnosos como o tomate são considerados semi-perecíveis, uma vez que mesmo após colhido mantêm ativos todos seus processos fisiológicos vitais, como a atividade respiratória, que promove a síntese de compostos que aceleram sua deterioração.
Com isso, o fruto perde água e alguns fatores de qualidade, como firmeza, coloração, aroma, composição nutricional e sabor no decorrer dos dias de armazenamento. Essas perdas em qualidade no fruto podem ser atribuídas ao manejo pós-colheita, em que, dependendo da distância do transporte e do cuidado no manuseio (impacto), além da temperatura e umidade relativa do ar do ambiente de armazenamento, o tempo de prateleira do produto pode se encurtar ainda mais.
Dessa forma, a aplicação de extratos vegetais compostos por bioflavonoides, além de proporcionar melhor sanidade na lavoura, prolongando o ciclo da cultura no campo, pode promover reflexos positivos na conservação pós-colheita do fruto de tomate, visto que o aumento da concentração desse ativo na planta, por consequência, podem apresentar-se em maiores concentrações no fruto, trazendo benefícios ligados à manutenção da qualidade devido à ação antioxidante, retardando sua deterioração e, consequentemente, estendendo a vida de prateleira.
Devido à maior sanidade das plantas no campo, a qualidade do fruto no quesito firmeza é aumentada, diminuindo assim os danos em sua epiderme oriundos do manuseio, transporte e aqueles sofridos pelo ataque de pragas.
A maior concentração do ativo também promove diminuição e/ou retardo da atividade microbiana, já que atua de maneira preventiva ao ataque de pragas e doenças. Como consequência, reflete a diminuição da atividade microbiana no alimento, deterioração, e assim o produto tem sua vida de prateleira prolongada.
Além disso, o uso de extratos vegetais confere maior segurança alimentar ao consumidor, já que é considerado um bioproduto, livre de resíduo químico, portanto, um produto seguro.
Compostos
Dentro da classe dos bioflavonoides estão presentes os carotenoides, que são pigmentos responsáveis pela coloração amarela, laranja e vermelha. No caso do tomate, é rico em licopeno, que é o tipo de carotenoide responsável pela coloração vermelha. Sua maior concentração no fruto promove a manutenção na intensidade da coloração.
Como reflexo dos benefícios da aplicação dos bioflavonoides, os subprodutos do tomate, polpas, molhos e sucos processados mostram que, apesar do processamento térmico implantado, as caraterísticas organolépticas e sensoriais dos frutos mantiveram-se. Dessa forma, o consumidor ganha em benefícios à saúde, com a presença e manutenção desses compostos nos produtos industrializados.
Custo
O custo do bioproduto que contêm os bioflavonoides dependerá de fatores como o tipo de produto de acordo com os compostos presentes em sua formulação, o fabricante, a região de comercialização, assim como a dose e frequência de aplicação recomendada.
O ideal é que o agricultor procure um engenheiro agrônomo para que este possa analisar a real necessidade da lavoura e orientações sobre o bioproduto, o qual fornecerá maior eficiência e custo-benefício aos frutos de tomate, refletindo em rentabilidade econômica.