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Análise de solo determina operações subsequentes

 

Silvino Guimarães Moreira

Doutor em Agronomia, Professor de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ)

silvino@ufsj.edu.br

Análise de solo realizando uma boa amostragem - Crédito Shutterstock
Análise de solo realizando uma boa amostragem – Crédito Shutterstock

Os prejuízos dados pelo atual estresse hídrico pelo qual as plantas estão atravessando são variados, e sua intensidade depende da cultura do estágio da cultura. Por exemplo, para culturas anuais, como milho e soja, há necessidade de boa disponibilidade de água no solo imediatamente após a semeadura, para permitir uma boa germinação das sementes.

A falta de água nesse período pode provocar a perda completa do plantio, necessitando, em alguns casos, de uma nova semeadura, como ocorreu em algumas regiões do País nos últimos dois anos.

No entanto, para a maioria das culturas a maior demanda de água acontece durante o estágio reprodutivo, após o período de florescimento até o enchimento completo dos grãos, no caso das culturas anuais. Nessa fase a falta de água poderia comprometer muito a produtividade das culturas.

Como minimizar os efeitos do estresse hídrico

Havendo disponibilidade de água para irrigação e recursos financeiros para investir, a irrigação é a principal maneira. No entanto, para essa tomada de decisão, todos os fatores de produção devem ser considerados, como uma séria avaliação econômica do retorno financeiro dessa prática.

Outro fato importante é que muitos produtores investem em irrigação, que é um “ajuste fino”, sem antes fazer o dever de casa, que seria antes pensar na correta construção da fertilidade do solo, principalmente nas correções do solo, antes da implantação da cultura.

Análise do solo

Para se fazer a construção correta da fertilidade do solo, o primeiro passo é a correta amostragem do solo, nas camadas de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, antes da implantação da lavoura.

Ressalta-se que as profundidades de amostragem são variáveis com a cultura, anual ou perene, sistema de cultivo (convencional ou direto), dentre outros. Por isso, é necessário consultar o engenheiro agrônomo para uma boa orientação.

Após o recebimento dos resultados das análises do solo, o engenheiro agrônomo deve avaliar com muito critério as recomendações de calagem e gessagem, práticas já conhecidas no campo

No entanto, essas operações têm assumido maior importância em anos com grande estresse hídrico, pois contribuem para aumentar o volume radicular das culturas e, consequentemente, aumentar a absorção de água e nutrientes.

O primeiro passo para alta produtividade é amostragem de solo - Crédito Ademir Torchetti
O primeiro passo para alta produtividade é amostragem de solo – Crédito Ademir Torchetti

A calagem

É sabido que a calagem tem como principais objetivos a correção da acidez do solo (elimina o hidrogênio e alumínio tóxicos) e o fornecimento de cálcio e magnésio. O que deve ser explorado atualmente é que se for promovido com a calagem a adequada neutralização do alumínio e fornecimento de cálcio em maiores profundidades (abaixo da camada de 20 cm de profundidade), haverá maior crescimento de raízes.

Consequentemente, as plantas terão maior capacidade de absorção de nutrientes e água, não somente na camada de 0 a 20 cm, que é aquela que tem maior déficit de água durante um veranico, mas também nas camadas inferiores do solo (20 a 40 cm, por exemplo). Com isso, sofrerão menos os efeitos dos estresses causados pela falta de água.

Infelizmente o que tem sido observado em diversas propriedades é que as doses de calcário aplicadas estão muito aquém das necessárias, deixando muitos solos com alto teor de alumínio e baixos teores de cálcio, refletindo em plantas muito debilitadas nas épocas de estresse hídrico, por terem um sistema radicular restrito às camadas superficiais do solo.

Por isso, temos que dar condições às plantas de desenvolverem um sistema radicular mais profundo, combinando doses adequadas de calcário e gesso.

Como fazer

Deve ser ressaltado que, para que o calcário tenha efeito nas camadas abaixo de 20 cm, há necessidade de incorporação mecânica abaixo dessa camada, o que exigiria um maior investimento financeiro do produtor com a prática.

Além disso, a incorporação profunda do calcário só poderia ser feita antes da implantação das culturas, no caso das perenes e semiperenes. No caso das culturas anuais, a incorporação mais profunda do corretivo somente seria possível antes da entrada no sistema de semeadura direta. Posteriormente, a aplicação do calcário seria apenas na camada superficial do solo.

Devido a essa dificuldade operacional da aplicação mais profunda e desejável do calcário, torna-se extremamente importante a utilização do gesso agrícola.

Essa matéria completa você encontra na edição de Abril da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua para leitura completa. 

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