Ana Claudia Costa – anaclaudia.costa@ufla.br
Leila Aparecida Salles Pio – leila.pio@ufla.br
Professoras do curso de Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Atualmente, estima-se que existam aproximadamente 100 espécies de limão ao redor do mundo e embora o ‘Galego’ e o ‘Tahiti’ sejam limas ácidas, são consumidos e tratados como limões pela população em geral.
O ‘Tahiti’ é o fruto ácido de maior importância comercial no Brasil e no mercado internacional, portanto, trataremos tanto de limões verdadeiros como das limas ácidas, denominando todos como limões.
Tradição
O Brasil é um tradicional produtor de frutas cítricas. Dentre elas os limões são frutas muito comuns e conhecidas e que fazem parte da rotina do brasileiro, pois são usados em diferentes preparações e de diversas formas. É uma das frutas que mais benefícios traz para a saúde humana.
Segundo a FAO, o Brasil ocupava em 2019 a quinta posição na produção mundial de limas ácidas e limões, produzindo aproximadamente 1,5 milhão de tonelada. É sabido, entretanto, que nesse cenário somente o México e Brasil são os grandes produtores de lima ácida Tahiti, sendo nosso país, portanto, o segundo maior produtor mundial dessa espécie.
São Paulo é o Estado que mais produz limão no Brasil, com área colhida de 30.563 ha e 1.117.348 toneladas produzidas em 2019, seguido pelo Estado do Pará, com área colhida de 5.341 ha e produção de 104.922 t e por Minas Gerais (4.567 ha de área colhida e produção de 84.319 toneladas).
Se considerarmos esses valores em porcentagem, teremos o Estado de São Paulo com 73,9%, Pará com 6,9% e Minas Gerais com 5,6%. Os demais Estados somam 13,6%. São Paulo se destaca não só em relação ao volume, mas também em tecnologia de produção, o que lhe proporciona um rendimento médio de 36,56 t de limão por hectare, muito acima da média nacional, que é de 26,75 t/ha. O valor da produção de limão, apenas no território paulista, chegou a R$ 1.152 bilhão no ano de 2019.
Exportações
Já se observa a produção de limão por região fisiográfica brasileira. O Sudeste se destaca com 81,8% de participação na produção, seguido do Norte com 8,0%, Nordeste com 7,1%, Sul com 2,2% e o Centro-Oeste com participação de apenas 0,8% na produção nacional.
Já em relação à exportação, o limão é a 3ª fruta mais exportada pelo Brasil em receita, garantindo US$ 104.617 milhões ao País em 2019. São Paulo lidera a exportação, responsável por 55% dos embarques, cerca de 104 mil toneladas em 2019 e de 70 mil toneladas em 2020.
Já em 2021, apenas no período de janeiro a junho, o volume foi recorde, totalizando 78,8 mil toneladas. A União Europeia é o principal destino da lima ácida Tahiti brasileira e há tendência de crescimento deste mercado.
De forma geral, o mercado interno ainda está enfraquecido no Brasil devido à crise fitossanitária e econômica. Além disso, o consumo per capta brasileiro de limão é de 0,549 kg/ano, enquanto o mundial é de 1,940 kg/ano, demonstrando elevado potencial para o crescimento no mercado externo.
Lucratividade
Atualmente, 91% da produção brasileira de limão fica no mercado interno e 9% é exportada (Prevideli e de Almeida, 2020). Produtores estão tendo muito mais lucratividade no comércio exterior, visto que o dólar e o euro estão muito valorizados frente ao real.
Manejo
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O manejo do limoeiro não é muito diferente dos citros, de forma geral. Para implantação de um pomar de limoeiro há a necessidade da escolha de um local em que as temperaturas não sejam demasiadamente elevadas (máximo de 23 a 32ºC) e solos com boa quantidade de matéria orgânica e nutrientes minerais, com pH entre 5,5 e 6,5.
Plantio e tratos culturais
O plantio deve ser realizado em covas com dimensionamento de 40 x 40 x 40 cm e espaçamento 7 x 5 m ou de 7 x 4 m. Os cuidados pós-plantio envolvem a poda de formação de copa e de limpeza; irrigação, em regiões com índices pluviométricos baixos e tratos fitossanitários de acordo com a recomendação da cultura.
Produção e colheita
O limoeiro começa a produzir depois de três anos do início do cultivo. Em quatro meses pode ser feita a colheita, que dura cerca de 120 dias. A cada safra é possível colher de 80 a 100 quilos de limão por árvore.
Custo produtivo e retorno
Oliva et al. (2017) fizeram um estudo do custo de produção do limoeiro para um período de seis anos. Em 2012 foi realizada a implantação e 2016 e 2017 a colheita, sendo que no primeiro ano ocorreu o maior desembolso financeiro devido à utilização das mudas, ou seja, 40,59% do custo são do primeiro ano da atividade.
A partir do segundo ano os dispêndios financeiros com insumos estão voltados à manutenção da plantação. Em relação aos serviços, o custo no período de seis anos foi dividido da seguinte forma: gastou-se 19,58% do montante no primeiro ano, 12,15% no segundo ano, 14,58% no terceiro ano, 15,06% no quarto ano, 18,71% no quinto ano e 19,92% no sexto ano de atividade.
O custo total da produção para aquele período, somando-se insumos e serviços, foi de R$ 28.988,21. O faturamento referente às colheitas de 2016 e 2017 foi de R$ 16.470,00. Então, é possível observar que serão necessárias mais de duas safras para que o produtor tenha retorno do capital investido.
Esses mesmos autores também observaram que os preços de mercado se comportaram de maneira diferente entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017. Assim sendo, é fundamental conhecer as variações sazonais, bem como os movimentos de oferta e demanda para agir estrategicamente em busca do melhor retorno.
A lucratividade foi calculada em 56,28%, demonstrando que os meses de preços abaixo do custo de produção não inviabilizam a atividade.