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Manejo nutricional do limoeiro

Fernando Simoni Bacilieri ferbacilieri@zipmail.com.br

Roberta Camargos de Oliveira robertacamargoss@gmail.com

Engenheiros agrônomos e doutores em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Limão – Foto: Pixabay

As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que ela extrai durante o seu ciclo. Esta extração total dependerá do rendimento obtido e da concentração de nutrientes nos frutos e nas partes que compõem a planta, ou seja, raiz, caule, folhas, etc.

O limoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes, com solos de boa fertilidade, saturação por bases (V%) acima de 60, preferencialmente de textura média, boa disponibilidade de matéria orgânica (m-org), pH entre 5,5 a 6,5, além de boa disponibilidade de água, por ser um recurso que influencia toda a dinâmica de nutrientes no solo e a capacidade de absorções destes pelas plantas.

Fases

A produção do limoeiro é definida em função da quantidade de plantas por área, número, tamanho e peso dos frutos colhidos, que dependem de três fases muito importantes. Em cada uma delas as plantas têm uma exigência nutricional diferente: indução floral, pegamento de fruto e enchimento deles.

O crescimento e a emissão de novos fluxos vegetativos são fortemente influenciados pela fotossíntese e translocação de fotoassimilados. Existe uma grande competição entre o crescimento de ramos para a nova florada e a formação de frutos, que chega a exigir até 51,6% do total de carboidratos produzidos. Deste modo, quando a produção na safra é alta as plantas crescem pouco e a produção da safra seguinte será afetada.

 A etapa de indução floral é determinante para a produção das plantas e é o resultado final de diversos processos fisiológicos e sequências bioquímicas que são controladas por ações gênicas. Todo esse complexo processo responde e é influenciado por fatores ambientais, principalmente baixas temperaturas e déficit hídrico.

A duração e intensidade do estresse por água e temperatura para indução podem ultrapassar níveis desejados e tornarem-se prejudiciais à cultura. Com limitada disponibilidade de água a absorção de nutrientes dependentes do mecanismo fluxo de massa, como nitrogênio (N), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn) e molibdênio (Mo) via raiz, fica limitada e a complementação via foliar antes da indução pode ser uma estratégia interessante.

A taxa de fixação de flores em plantas cítricas é muito baixa e varia entre 0,5 e 1,0% apenas do total de flores emitidas, sendo controlada por características genéticas, intensidade de floração, balanço hormonal entre auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico, disponibilidade de nutrientes, produção de fotoassimilados e condições climáticas.

A aplicação de B na fase de pegamento de frutos é bastante contestada no que se refere à capacidade de translocação e de alcançar o alvo desejado. Contudo, sabe-se que, independentemente da forma de aplicação, esse nutriente é fundamental no metabolismo da planta nessa fase.

Níveis adequados de B evitam a atividade da AIAoxidase, garantindo níveis adequados de auxinas que evitam a ação do etileno no abortamento de flores. Entre os processos reprodutivos, o crescimento do tubo polínico e o desenvolvimento da antera são os mais sensíveis à deficiência de B.

Importância do cálcio e nitrogênio

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Assim como o B, um nutriente comumente utilizado no momento da florada (antese) é o Ca que também participa da germinação do grão de pólen e auxilia no direcionamento do tubo polínico. O Ca tem mobilidade limitada nas plantas, mas uma função fisiológica da amplificação de sinais hormonais pode favorecer a fixação de flores.

Na fase de enchimento de frutos, os nutrientes relacionados à fotossíntese e ao transporte de fotoassimilados entre órgãos fontes e drenos terão implicações diretas no peso e tamanho de frutos.

Para sustentar uma elevada fotossíntese e taxa de acúmulo de massa seca em plantas de limão, um alto requerimento de N é necessário durante a fase reprodutiva. Deficiências de N reduzem os teores de clorofilas, da enzima RuBisCo e a transferência de elétrons nos fotossistemas. Em decorrência disso, a fotossíntese decresce e a senescência foliar torna-se uma fonte de N para planta.

O potássio (K) tem função associada à síntese de ATP, absorção e transporte de sacarose, ativação enzimática e ao gerenciamento de água pelas plantas. Na fotossíntese, esse elemento tem influência direta na abertura e fechamento dos estômatos para entrada de CO2 nas folhas.

O fósforo e o magnésio

Outro nutriente relevante é o fósforo (P), que auxilia no controle do acúmulo e remobilização de amido no cloroplasto. Sua deficiência tem efeito direto na fotossíntese e pode afetar a assimilação de carbono. No começo da deficiência de P há um aumento na translocação de fotoassimilados e, posteriormente, ocorre um decréscimo.

A aplicação foliar de magnésio (Mg) na fase reprodutiva tem sido utilizada com frequência por parte de alguns produtores. As funções mais relevantes deste nutriente relacionadas ao enchimento de frutos englobam a fotossíntese como constituinte de clorofila e cofator da enzima RuBisCo, transporte de açúcares no floema, especialmente em condições de deficiência hídrica, além do efeito na energia com atuação na síntese de ATP.


Um a um

Os micronutrientes, embora muitas vezes não manejados adequadamente devido a serem exigidos em pequenas quantidades, não são menos importantes que os macronutrientes:

Ferro (Fe): atua como catalisador na síntese da clorofila, e como transportador de oxigênio em diversos processos. É essencial para a síntese de proteínas. Atua nos processos enzimáticos envolvidos com a respiração vegetal.

Manganês (Mn): é um ativador enzimático, que controla reações de oxirredução essenciais à fotossíntese e síntese de clorofila.

Cloro (Cl): é um elemento essencial na fotossíntese, requerido para a separação da água em hidrogênio e oxigênio. É necessário para a ativação de várias enzimas, também atuando no transporte de cátions dentro da planta.

Zinco (Zn): atua nas plantas como um ativador das enzimas, controlando a produção de reguladores de crescimento dos vegetais.

Cobre (Cu): tem função de receptor intermediário de elétrons em reações químicas que ocorrem na planta, estando presente em diversas enzimas. Atua diretamente na fotossíntese, respiração, redução e fixação de nitrogênio.

Molibdênio (Mo): tem ação na síntese e ativação da redutase do nitrato nas plantas. 


Saiba mais

É sabido que a fonte utilizada interfere diretamente na absorção e mobilidade dos micronutrientes aplicados por meio das folhas. Por exemplo, sulfatos, cloretos e óxidos são de rápida absorção, porém, de menor translocação interna. Já quelatos apresentam uma absorção mais lenta, mas translocam por maiores distâncias no interior das plantas.

Como estratégia de manejo para maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes via solo, estimular o crescimento do sistema radicular em profundidade possibilita ao limoeiro absorver maior quantidade de nutrientes proveniente de camadas mais profundas do solo, reduzindo, assim, a necessidade de aplicação.

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