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Benefícios do silício para o cafeeiro

Café – Crédito: Shutterstock

Antonio Santana Batista de Oliveira FilhoProfessor nos cursos de Agronegócio – Unibalsas e Agronomia – CCA/UEMAa15santanafilho@gmail.com
Felipe de Lima RosaProfessor nos cursos de Zootecnia e Agronomia – Faculdade de Guaraí/IESClimarosafelipe@gmail.com
Jefferson Carvalho BarrosProfessor e coordenador do curso de Agronegócio e da pós-graduação em Gestão Executiva no Agronegócio – Unibalsascoord.agronegocio@unibalsas.edu.br

A cultura do cafeeiro requer uma nutrição equilibrada durante todo o seu processo produtivo, para que assim possa produzir de forma satisfatória e com qualidade o produto final, ou seja, o grão de café.

Pensando nisso, além dos elementos essenciais para o desenvolvimento da cultura, elementos benéficos podem ser inseridos no programa de nutrição da planta. Estes, por sua vez, são capazes de ampliar ainda mais o crescimento e desenvolvimento da planta e em condições de estresse biótico ou abiótico auxiliam na maior resistência da planta, como é o caso do elemento benéfico silício (Si).

O silício é considerado um elemento mineral benéfico, e apesar de não ter sua definição de essencialidade na nutrição mineral, pode atuar na proteção mecânica da parede celular das plantas, pois quando absorvido se deposita nos tecidos de suporte, como caule e folhas, aumentando a resistência e rigidez da parede celular, com efeito no aumento da biomassa (Miranda et al, 2018).

Funcionalidade do silício

Diversos estudos têm sido realizados com o silício devido a sua grande funcionalidade dentro dos vegetais. Doses de silício melhoram a arquitetura das plantas, nas quais as folhas se desenvolvem mais eretas, resultando em menor abertura do ângulo foliar, proporcionando a interceptação dos raios solares.

O acúmulo de sílica na parede celular reduz a perda de água por transpiração, podendo ser um fator de adaptação. A fertilização com silício pode aumentar a resistência a várias doenças fúngicas e outras pragas. A maior absorção desse mineral proporciona uma proteção mecânica da epiderme da planta, capaz de reduzir a infecção de fitopatógenos e aumentar a resistência à seca.

Fitossanidade

No caso das doenças, estudos mostram que o aumento da resistência da planta ao patógeno pode ser devido a uma alteração das respostas do vegetal ao ataque do parasita, aumentando a síntese de toxinas, que podem agir como substâncias inibidoras ou repelentes, além de formarem uma barreira mecânica.

O Si é um elemento multiestresse que tem despertado o interesse dos pesquisadores nas últimas décadas, pois ele pode favorecer a produção mesmo com a ocorrência de diferentes estresses nos cultivos (Prado, 2021).

O benefício do Si nas plantas depende da capacidade de absorção do elemento pela cultura, mas atua na proteção das plantas de forma bioquímica, fisiológica e física, agindo na manutenção do potencial hídrico foliar, na preservação de pigmentos fotossintéticos, no aumento da eficiência de uso da água, na resistência da parede celular, dentre outros.

Pesquisas

Estudos recentes têm demostrado que as plantas sob estresse possuem estratégias para promover nova homeostase estequiométrica e equilibrar seu metabolismo, sendo desvendado então um efeito do Si em alterações nutricionais na planta, atuando na eficiência de uso dos nutrientes e constituindo um componente importante na mitigação de estresses.

Estudos realizados por Gottardi et al. (2012) indicam que o benefício do Si no aumento da absorção de nitrogênio (N) está correlacionado à regulação da transcrição de genes que codificam eficientes transportadores de nitrato, enquanto o seu efeito na absorção de fósforo (P) se deve possivelmente ao aumento da exsudação radicular de ácidos orgânicos, que diminui adsorção de P inorgânico (Pi) na rizosfera, favorecendo o contato do nutriente com a raiz e a sua absorção radicular (KOSTIC et al., 2017).

Pelo fato de o Si ocupar sítios de ligação dos coloides do solo, então aumenta sua disponibilidade no local. No que tange a alterações no uso de carbono (C), estudos indicam que o Si pode ser incorporado aos tecidos foliares com menor gasto de energia em relação ao C, podendo então substituir parte deste em compostos orgânicos da parede celular, melhorando sua assimilação e utilização de C em esqueletos ativos.

Recomendações

Solos com baixo teor de Si, como os Neossolos Quartzarênicos, tem reflexo na absorção de Si pela planta devido à baixa disponibilidade do elemento. É necessário, então, estratégias para elevar o aumento do teor do elemento nas plantas, sendo atualmente estudadas diferentes formas e fontes de aplicação.

Diversas formas de aplicação de silício são relatadas na literatura, dentre as quais o uso de Si via foliar, em que o mesmo, além de suprir a necessidade, estimula a absorção de outros nutrientes, resultando em efeitos benéficos às culturas.

A absorção do Si da solução do solo pelas plantas ocorre quando este se encontra na forma de ácido monossilícico e via fertirrigação. Na aplicação via solo, o silício pode ser incorporado na forma de produtos para correção do solo, como os silicatos.

Os silicatos são fontes abundantes e baratas, que podem ser utilizadas como corretivo de acidez do solo e fonte de silício. Os benefícios da utilização do silicato nas propriedades químicas do solo estão relacionados à elevação do pH, dos teores de cálcio e magnésio, CTC, V% e diminuição da acidez potencial.

Na dose certa

Em pesquisas desenvolvidas por Sarto et al. (2014), foi possível verificar que as doses de silicato de cálcio elevaram os teores de Si, P, K, Ca, Mg e pH no solo, também reduziu o (H + Al). Aliado à correção do solo, os silicatos disponibilizam também para as plantas o silício, elemento capaz de garantir maior robustez à planta, reduzindo trocas gasosas e incrementando a fotossíntese.

Já nas aplicações foliar ou via fertirrigação o aumento do teor de Si em plantas se deve principalmente à qualidade da calda pulverizada. Estratégias recentes, como a utilização de estabilizante (sorbitol) na calda, podem diminuir a polimerização do Si, favorecendo a absorção do elemento pelas plantas.

O Si, em solução, pode iniciar sua polimerização na concentração de 3,0 mmol L-1, levando à formação de dímeros, trímeros e cadeias poliméricas de Si. Esses compostos não podem ser absorvidos pelas plantas, que absorvem apenas a forma monomérica do elemento.

Devido à baixa concentração, é necessário, então, que se aumente a frequência de aplicação do elemento na planta, para que assim se possa ter um suprimento adequado do elemento.

Fontes de silício

Tem sido muito utilizado o silicato de potássio para pulverização foliar de Si, no entanto, estudos têm crescido, principalmente com a inserção de novas fontes, como o silicato de sódio e potássio estabilizado.

Esse estabilizante possui propriedades umectantes que fazem com que haja maior permanência da gota na superfície foliar, aumentando o contato do produto com a folha e diminuindo a velocidade de polimerização.

Fontes de Si solúveis em água, como silicato de potássio ou silicato de sódio, permitem seu fornecimento em solução nutritiva, viabilizando também fornecer o elemento via fertirrigação, mas faltam estudos para descrever melhor os efeitos desta forma de aplicação.

Acredita-se que o uso da fertirrigação associado com pulverização foliar pode contribuir para o aumento da quantidade de Si absorvida pela planta, por permitir o uso de baixas concentrações em maiores frequências de aplicação.

Relação com a produtividade

Em termos de produtividade, a escolha do melhor método de aplicação de silício, aliado à eficiência do programa de nutrição das plantas, pode levar a aumentos significativos de produção, isso porque ela é chave primordial para uma melhor e eficiente absorção de nutrientes, haja vista a influência no valor de pH e na disponibilidade de todos os demais nutrientes das plantas.

Custos com uma boa e eficiente aplicação de silício são supridos e beneficiados em produtividade, já que um solo fértil e uma planta com a nutrição adequada garantem grande porcentagem de uma boa produção e a consequente rentabilidade. Por fim, é notório que a relação custo-benefício é satisfatória para o produtor. A partir da adoção de práticas agrícolas e a correta aplicação de produtos silicatados o produtor conseguirá aumentar sua produção e seu lucro final.

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