Ana Elisa Lyra Brumat
Engenheira agrônoma, mestre em Produção Vegetal e doutoranda em Ciências do Solo – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
anaelisalbrumat@gmail.com
Ana Carolina Lyra Brumat
Engenheira agrônoma, mestre em Agricultura Tropical e doutoranda em Produção Vegetal – UFPR
anacarolinalb08@hotmail.com
A hidroponia consiste na produção de plantas sem que haja contato com o solo, onde as raízes recebem água e nutrientes via solução nutritiva. No Brasil, essa técnica chegou na década de 80 trazida do Japão para o Estado de São Paulo inicialmente, e vem ganhando espaço por todo território nacional, permitindo a produção de diversas culturas, desde forrageiras, flores e plantas medicinais e, principalmente, hortaliças, na qual a alface é a cultura mais explorada nessa técnica.
Embora seja um método que apresenta alto custo inicial, devido à demanda de uma boa infraestrutura, ele concentra a produção em áreas menores que as requeridas a campo, em condições controladas com menor necessidade de mão de obra, uso racional de insumos, economia de água e maior proteção ao ataque de pragas e doenças, o que gera, a longo prazo, rentabilidade e economia.
Cultivos beneficiados
Com desenvolvimento das técnicas de cultivo, hoje é possível produzir plantas medicinais, ornamentais, como flores de corte diversas, frutos, legumes e até mesmo forrageira para alimentação de animais confinados, mas o carro-chefe ainda são as hortaliças.
Berinjela, pimentão, rúcula, salsa e brócolis são algumas das hortaliças produzidas na hidropônica, no entanto, a alface e o tomate são os mais utilizados nesse sistema de cultivo. A alface, por ser a hortaliça folhosa mais consumida no País, e o tomate por além de ser amplamente consumido, apresentar algumas dificuldades a campo, como a alta demanda nutricional e a alta suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças, na hidroponia é facilmente controlado e protegido.
O cultivo hidropônico permite o plantio fora de época, o crescimento mais rápido utilizando de maneira mais eficiente os nutrientes oferecidos, proteção ao ataque de pragas e doenças e, com isso, uma maior produção.
Os sistemas desenvolvidos são sistema floating, sistema de pavio, sistema de subirrigação, sistema de gotejamento, sistema de aeroponia, e o mais usual em nosso País, o sistema NFT (Nutrient Film Technique). Para escolher o ideal, é preciso considerar características e necessidades de cada cultura, condições climáticas de cada região a ser implantada e orçamento disponível para investir nessa técnica.
Nutrientes fundamentais
São utilizados nesse sistema adubos prontos disponíveis no mercado, principalmente nitrato de cálcio, nitrato de potássio, sulfato de magnésio, cloreto de potássio branco, MAP purificado e sulfato de potássio como fontes de macronutrientes.
Já aqueles contendo micronutrientes são sulfato de manganês, sulfato de zinco, sulfato de cobre, ácido ascórbico, molibdato de sódio ou de amônio e como fonte de ferro utiliza-se principalmente o FeEDTA Na2. Todos apresentam alta solubilidade e devem ser de alta pureza.
Manejo personalizado
O produtor pode optar por preparar sua própria solução através dos sais solúveis disponíveis como fonte nutricional requerida, no entanto, uma análise criteriosa da água a ser utilizada no sistema é de fundamental importância.
Deve -se avaliar os parâmetros químicos e microbiológicos, assim como o pH e a condutividade elétrica. Se, por acaso, os valores de macro e micronutrientes ultrapassarem 25 e 50%, respectivamente, os valores da fórmula, as quantidades deverão ser recalculadas, assim como o amônio não deve ultrapassar 20% da quantidade de N da formulação.
Deve-se, ainda, evitar a mistura de soluções de nitrato de cálcio com sulfatos e fosfatos e preferir o uso de molibdato de amônio ao de sódio.
O boro
As plantas precisam de elementos essenciais para seu desenvolvimento, e o boro é um deles. Este é caracterizado como um elemento pouco móvel na planta, portanto, folhas velhas podem sofrer com o excesso e as novas com a carência deste elemento.
Como este é um micronutriente, a planta o requer em menor quantidade, mas com essencialidade, contudo, é necessário cuidado na oferta para não gerar falta nem excesso do mesmo.
Quando há fitotoxidade, os sintomas se concentram nas folhas mais velhas da planta e em regiões em que ocorre uma maior transpiração. É possível visualizar sintomas como:
⦁ Manchas pardas nas margens das folhas, que podem progredir para eventuais necroses;
⦁ Pontuações internervais;
⦁ Encarquilhamento das folhas mais velhas;
⦁ Encurtamento dos internódios;
⦁ Morte da gema apical.
Como evitar a toxidez
A elevada solubilidade das fontes de boro dificulta a dosagem adequada deste nutriente, pois há uma faixa muito estreita entre dose de deficiência e toxidade. Portanto, os agricultores hidropônicos devem atentar-se às características visuais da cultura, além de monitorar diariamente condições de pH e condutividade elétrica da solução.
Todos os nutrientes estão interligados em uma dinâmica solução/planta, portanto, garantir níveis adequados de todos eles leva à máxima eficiência produtiva, e diminui riscos da prática hidropônica.