Ter assertividade na hora de calcular os custos de produção agrícola é de suma importância para entender corretamente o valor a ser investido, e então gerar resultados consideráveis no campo.
É fato que a produtividade segue uma linha tênue junto à lucratividade, tal como o feito de produzir mais com os mesmos recursos é uma das maiores necessidades de muitos produtores.
Mas, esse pensamento assume um processo bem mais complexo que a simples ideia de conhecer a receita e se alienar ao lucro. O foco também precisa ser designado de forma inteligente à produção, assim como entender e administrar os custos reais que a mesma gera e ainda seguir algumas dicas que podem fazer toda a diferença.
Conheça os métodos
Atualmente, trabalha-se com três principais métodos para calcular os custos de produção agrícola no Brasil:
– COE (Custo Operacional Efetivo);
– COT (Custo Operacional Total);
– CT (Custo Total).
Todos foram desenvolvidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), junto ao Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O custo de produção agrícola comumente é apresentado em reais por hectare e em reais por saca produzida – tem a possibilidade de ser convertido em dólares – e, em alguns casos, também pode ser convertido em sacas por hectare.
Para executar o processo de calcular o custo da produção, é preciso considerar informações sobre toda a propriedade rural – e logo, dividir pelo número de hectares cultivados e/ou pelo número total de produção na empresa rural.
Existe, também, a possibilidade de setorizar por talhão ou gleba – então, realiza-se a divisão pelo número de hectares do talhão. Sem dúvidas, o cálculo por talhão acarreta resultados mais precisos, garantindo informações altamente relevantes para tomar decisões técnicas no manejo de cada área.
Entretanto, apesar dos “bons frutos colhidos” com o cálculo por talhão, o mesmo é mais trabalhoso de ser feito e, nesse caso, recomenda-se utilizar os dados da propriedade rural como um todo, principalmente se todo este processo for algo novo para você.
Sendo assim, uma boa dica é dominar o cálculo com dados da propriedade por completo e, só então, partir para calcular o custo de produção agrícola para cada setor ou para cada talhão do imóvel rural.
Caso a caso
Outro fator interessante é usar os métodos da Conab e do Cepea como um pontapé inicial para a primeira vez que você realizar o cálculo dos custos de produção agrícola.
Importante ter em mente que cada propriedade rural é um caso ímpar, ou seja, é inteligente conseguir sentir quais são as necessidades da área em questão, para então ajustar o cálculo de forma mais assertiva.
COE – Custo Operacional Efetivo
COE são custos variáveis das despesas feitas apenas na produção agrícola e são mensurados de acordo com a produção e a quantidade de trabalho efetivado. De forma objetiva, o COE diz respeito a todos os custos variáveis, que são desembolsados no processo de produção agrícola.
Em meio a muitos dos custos variáveis, vale destacar o custeio da lavoura, um processo que inclui desde análise do solo, sementes e fertilizantes, até a manutenção de máquinas e implementos agrícolas, bem como mão de obra, serviço terceirizado e pró-labore.
Mais alguns fatores que se enquadram como custos variáveis são as despesas de pós-colheita – transporte, armazenagem, assistência técnica, dentre outros.
O Custo Operacional Efetivo é um dos métodos mais amplamente considerados e entendidos pela maioria dos profissionais do agronegócio e produtores rurais, o que faz sentido, já que o (COE) consiste em desembolsos que o empresário rural faz ao longo da safra.
COT – Custo Operacional Total
O COT, por sua vez, dá-se pela soma do COE com alguns custos fixos – como o custo de depreciação. Os chamados custos fixos são os que não sofrem alteração de valor quando há aumento ou diminuição da produção.
Um dos mais relevantes é o custo de depreciação, que consiste na perda de valor de um bem devido ao uso – desgaste natural ou obsolescência.
Assim como no caso de uma gestão inteligente do capital de giro, o Custo Operacional Total não é algo simples de se calcular. É preciso focar na expertise do processo – já que estes podem ser “gastos invisíveis”, como a depreciação do barracão de máquinas, por exemplo.
Uma forma assertiva de calcular a depreciação de uma máquina é pegar o valor do bem novo e subtrair pelo valor residual (preço de sucata no fim da sua vida útil).
CT – Custo Total
Já no caso do CT, ele diz respeito ao resultado do Custo Operacional Total mais os custos financeiros (representado pelo custo de oportunidade do capital e o da terra). Simplificando, o custo de oportunidade é um benefício perdido por causa de uma determinada escolha. Ou seja, além de considerar as vantagens de certa escolha, deve-se analisar ainda os benefícios adquiridos com o que foi renunciado.
Geralmente, o Custo de Oportunidade do Capital é tido ao aplicar os juros da poupança sobre o dinheiro aplicado na lavoura e o Custo de Oportunidade da Terra se baseia no valor estimado da terra – considera quanto renderia se aplicado na caderneta de poupança.
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Custeio por Absorção e Custeio ABC
O Custeio por Absorção diz respeito aos custos que abrangem diferentes atividades dentro da propriedade e, deste modo, faz-se necessário ratear as despesas relacionadas, enquanto o percentual que compete a cada atividade fica a critério do proprietário, como explica a plataforma Bom Controle.
Já o Custeio ABC trata-se dos custos que se atribuem a diferentes atividades relacionadas à produção – considere que os produtos não consomem recursos, mas sim as operações.