Adubação potássica na cenoura: resposta a diferentes doses

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Adubação potássica na cenoura. Confira no artigo os danos causados pela falta de potássio na cenoura, além de dicas de como realizar a adubação potássica.

plantação de cenouras
Foto: Shutterstock

Fabiano Simplicio Bezerra

Engenheiro agrônomo e doutorando em Engenharia Agrícola – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

fabianoagro14@gmail.com

Aldeir Ronaldo Silva

Engenheiro agrônomo e doutor em Fisiologia e Bioquímica de Planta – ESALQ/USP

aldeironaldo@usp.br

O potássio (K) desempenha um papel importante na produção da cenoura (Daucus carota L.), por influenciar no estado energético da planta, sendo responsável pelo transporte de carboidratos da fonte (folhas) para os drenos que, no caso da cenoura, são as raízes tuberosas (produto final).

Além disso, exerce papel fundamental na qualidade dessa hortaliça, visto que estimula o crescimento da raiz e auxilia no processo de fotossíntese e respiração, fatores que impactam diretamente na produção da cenoura.

O K, para a nutrição mineral da cenoura, é tido como o macronutriente mais exigido, e os melhores resultados na produtividade são obtidos quando a aplicação é feita em cobertura. Esse nutriente também se acumula em todas as partes das plantas de cenoura, porém, em maiores quantidades nas suas raízes, representando cerca de 58%.

Danos por falta de potássio

A não realização das dosagens certas de K no cultivo da cenoura pode causar desequilíbrios nutricionais, ineficiência na produção e comprometer a rentabilidade de toda a atividade, visto que o K abaixo do exigido pela cultura pode ocasionar sintomas de deficiência nas folhas mais velhas, como: queima das margens dos folíolos e murcha, como também secagem e morte dos pecíolos.

Esses problemas impactam diretamente na produção da cenoura. Como já foi mencionado anteriormente, o K é responsável pelo transporte de grande parte dos açúcares e outros produtos das folhas para órgãos de reserva que, no caso da cenoura, são as raízes tuberosas. Desta forma, a adubação com K exerce grande influência na produção desta hortaliça.

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Os prejuízos econômicos que o fornecimento de K em doses inadequadas causam, impactam diretamente na produtividade da cenoura, pois a deficiência desde nutriente pode diminuir a qualidade das raízes tuberosas.

Estudos já comprovam que o K, quando aplicado na dose ideal para produzir máxima produtividade da cenoura tende a aumentar a concentração de caroteno nas raízes, que consequentemente proporciona melhorias para sua qualidade, aumentando a vida de prateleira do produto final (raízes tuberosas).

Na dose certa

A média de produtividade da cenoura no Brasil gira em torno de 30 t ha-1, porém, em regiões mais tecnificadas, com a utilização de sementes híbridas, irrigação, calagem e adubação mineral em doses corretas, as médias de produtividade podem ser bem superiores à média da produtividade nacional.

Neste contexto, resultados de pesquisa recomendam a dose de 41,6 kg ha-1 de K2O para a obtenção da máxima produtividade (103,8 t ha-1), em condições de elevado grau de tecnificação.

Na hora certa

A aplicação de K deve acontecer quando o solo apresentar deficiência após análise de solo, sendo recomendado realizar a correção com K no intuito de atender as exigências nutricionais da cenoura.

Recomenda-se adotar como critério os diversos manuais de adubação de acordo com as condições de cada região. Por exemplo, para o cultivo de cenoura no Estado de São Paulo utilizam-se as recomendações de calagem e adubação do Boletim Técnico 100 (Raij et al., 1997), que recomenda aplicar no momento do plantio de 60 – 180 kg ha-1 de K2O e na adubação em cobertura de 30 – 60 kg ha-1 de K2O, parcelando em três vezes, aos 15, 30 e 50 dias após a germinação.

Para o cultivo de cenoura no Estado de Minas Gerais, utilizam-se as recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes da 5ª Aproximação (Ribeiro et al., 1999), sendo levado em conta a produção esperada em t ha-1. A recomendação sugere a aplicação de 40% do K2O no plantio, e 60% deve ser aplicado em duas coberturas, aos 20 e aos 40 dias da emergência.

No Estado do Rio Grande do Norte é utilizado como referência o manual de recomendação de adubação do Estado de Pernambuco, onde se recomenda no plantio a aplicação de 30 – 90 kg ha-1 de K2O e na adubação em cobertura 30 kg ha-1 de K2O aos 25 dias da emergência.

Custo-benefício

De modo geral, o custo com a adubação potássica da cenoura no Brasil pode se tornar onerosa devido aos aumentos nos preços dos fertilizantes, que vêm sendo impactados por causa da guerra envolvendo Rússia e Ucrânia no corrente ano de 2022.

A Rússia é o segundo maior produtor do mundo em fertilizantes e o Brasil é altamente dependente da importação de K. Outro fator que tem encarecido a adubação potássica é a alta do dólar.

Desta forma, como alternativa o produtor pode optar por um sistema de produção que diminua os custos com a adubação mineral da cenoura, como é o caso da adubação orgânica, levando sempre em consideração o economicamente viável.

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