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Cochonilhas podem atacar e causar a morte do cafeeiro

Lenira Viana Costa Santa-Cecília

Engenheira agrônoma e pesquisadora do IMA/EPAMIG Sul/EcoCentro/Lavras (MG)

Brígida Souza

Engenheira agrônoma e professora do Departamento de Entomologia da UFLA/ Lavras (MG)

 

Crédito-Paulo-Rebelles-Reis
Crédito-Paulo-Rebelles-Reis

Os prejuízos causados pelas cochonilhas se devem à sucção de seiva, que enfraquece a planta, podendo causar a queda de até 100% de flores e frutos ou seca das rosetas (no caso das cochonilhas da parte aérea) e morte dos cafeeiros (no caso da cochonilha-da-raiz).

O excesso de seiva sugado é eliminado em forma de gotículas adocicadas, denominadas honeydew, que caem sobre a superfície das folhas do cafeeiro. Essas gotículas servem como substrato para o desenvolvimento do fungo da fumagina, Capnodiumsp., formando uma carapaça negra sobre a folha, o que reduz a fotossíntese da planta. Por todos esses motivos, o controle é urgente e exige medidas extremas.

Ataque

O ataque das cochonilhas-farinhentas ocorre em reboleiras e pode ser intenso em alguns talhões ou em parte deles. Esses insetos são encontrados nas raízes ou na parte aérea dos cafeeiros, alojando-se nos caules, brotações, ramos, folhas, rosetas com botões florais, com chumbinhos ou frutos em maturação, limitando a produtividade da cultura.

O ataque da cochonilha-da-raiz induz à formação de nodosidades nas raízes atacadas, conhecidas por criptas, pipocas ou mandioquinhas, em cujo interior vivem as ninfas e adultos, dificultando a passagem de água e nutrientes.

Na parte aérea, além da sucção da seiva, a planta ainda é prejudicada pela redução da taxa fotossintética decorrente da cobertura foliar proporcionada pela fumagina. Assim, na parte aérea é possível detectar seu ataque pela presença de filamentos cerosos brancos deixados em ramos e folhas, e pela fumagina presente nas folhas.

Ao honeydew também se associam as formigas lava-pés, formigas pretas ou doceiras, que forrageiam na própria planta e seus arredores. O ataque nas raízes pode passar despercebido, visto que suas populações não são detectadas, salvo por inspeção direta nas raízes, mediante remoção do solo.

Fêmea da Cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro - Crédito Lenira Santa-Cecília
Fêmea da Cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro – Crédito Lenira Santa-Cecília

Condições para a praga

Surtos populacionais dessas cochonilhas são especialmente relacionados com as condições climáticas e fenologia do cafeeiro, mas também com a expansão da área cultivada, ausência de fatores de mortalidade e presença de agentes que auxiliam na dispersão desses insetos. Essas condições favorecem seu aumento populacional e a consequente imprevisibilidade de seus ataques.

No inverno, estação fria e seca do ano, as cochonilhas da parte aérea migram para a raiz. Com o início das chuvas,deslocam-se para a parte aérea e alojam-se nas flores e frutos.

Elevadas infestações na roseta também estão associadas a períodos de seca prolongada. Isso se deve às frequentes irrigações necessárias para suprir o déficit hídrico ao longo do ano, o que favorece seu crescimento populacional.

Incidência

Essas cochonilhas podem ser encontradas em praticamente todas as regiões produtoras de café do Brasil, tanto em arábica quanto em conilon. Nas últimas safras, têm sido constatados surtos das cochonilhas da parte aérea em café conilon em algumas lavouras capixabas.

Prevenção x cura

O monitoramento é indispensável para prevenir altas populações e, assim, restringir o controle dos focos de infestação. Como a ocorrência das cochonilhas-farinhentas é inconstante, não se indica a intervenção química preventiva para o controle dessa praga.

Para as cochonilhas da parte aérea, as inspeções devem se concentrar especialmente na época da emissão de brotações e do desenvolvimento dos botões florais, procedimento que deverá ser seguido até a colheita. Uma vez constatadas, deve-se proceder à marcação das plantas infestadas ou identificação das reboleiras (talhões) e ao mapeamento da área, visando facilitar o controle, que deve ser efetuado em seguida.

Para a cochonilha-da-raiz, recomendam-se inspeções periódicas em lavouras em formação, principalmente no período da seca, examinando-se a região abaixo do colo nas plantas que apresentarem sintomas de descoloração das folhas.

Não troque o certo pelo duvidoso

Recomenda-se consultar os produtos registrados para o controle das cochonilhas-farinhentas em cafeeiro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ressalta-se que a presença de criptas nas raízes decorrente da infestação das cochonilhas dificulta a absorção do produto químico. Assim, a efetividade dos inseticidas utilizados é dependente de diversos fatores, como a acessibilidade à praga, forma de aplicação e intensidade dos danos nas raízes.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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