Em São Félix do Xingu, na região sudeste do Pará, um grupo de mulheres está transformando as frutas dos quintais, pomares e Sistemas Agroflorestais (SAfs) de suas propriedades em um negócio rentável. Tudo começou com polpas de frutas, mas agora elas se preparam para dar passos maiores e diversificar sua produção. Reunidas na Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), o grupo busca capacitação e investe na qualidade da produção.
Com apoio do programa Florestas de Valor, iniciativa do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) patrocinada pela Petrobras, as mulheres participaram de dois treinamentos com o objetivo de aprimorar os conhecimentos sobre técnicas de aproveitamento das frutas e do cacau, principal item da cesta de comercialização do grupo, responsável pela maior parte da renda familiar.
Com o treinamento, além de aprimorarem as técnicas de cultivo e produção, as 23 mulheres da associação poderão aproveitar melhor as frutas de seus quintais e aumentar o leque de produtos para alcançar mercados diversificados, além de incrementar a renda familiar. Na ocasião, elas aprenderam como produzir licores, frutas cristalizadas, geleias e compotas. Já na produção de cacau, 30 produtoras aperfeiçoaram técnicas produtivas para beneficiamento do fruto, como chocolates, doces e drinks.
O momento de aprendizagem foi muito esperado pelas produtoras. “O curso de boas práticas de fabricação de alimentos e beneficiamento de frutas nos proporcionou melhorar a qualidade das nossas polpas de frutas, diversificar o uso das frutas dos nossos quintais e cuidar do meio ambiente, pois produziremos alimentos de qualidade para as pessoas consumirem e incentivaremos novos plantios de árvores frutíferas e aproveitaremos mais as frutas evitando perdas das mesmas”, explicou Maria Josefa Machado Neves, presidente da associação.
Agroflorestas: restauração e oportunidade de negócio
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são formas de uso ou manejo de culturas agrícolas consorciadas com espécies arbóreas que podem ser utilizadas para a conservação do solo e recuperação de áreas degradadas. Por meio de tecnologias específicas é possível minimizar possíveis danos, limitações de terreno e otimizar a produção da atividade agrícola. Por isso, o uso de diferentes árvores no mesmo espaço é fundamental para a recuperação das funções ecológicas.
O modelo produtivo é fomentado na região pelo programa Florestas de Valor, que tem desenvolvido, além do apoio e assessoria aos empreendimentos comunitários, ações de formação e capacitação para transição rumo a um modelo agroecológico orgânico. A temática tem animado as mulheres produtoras que buscam agregar valor à produção por meio de iniciativas sustentáveis.
“O curso foi muito importante, pois, de uma matéria-prima, aprendemos a diversificar o aproveitamento do cacau, gerando mais renda para nós mulheres e para os jovens. Do cacau, aprendemos a fazer diversos produtos e isso mostra a importância do cacau para os agricultores familiares e nos incentiva a ampliar a lavoura cacaueira no município de São Félix do Xingu e assim termos mais áreas verdes”, destacou Maria Helena Gomes, produtora de frutas e sócia da AMPPF.
As capacitações ocorreram com apoio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-Pa) e Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio).